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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A absolvição absurda foi antecipada pelo sotaque do afilhado de Marisa Letícia




Por Augusto Nunes

O ministro Ricardo Lewandowski acaba de justificar a suspeita exposta no debate de ontem por Reinaldo Azevedo: caprichando na pose de homem da lei, acaba de absolver o mensaleiro João Paulo Cunha dos pecados passados, presentes e futuros.

E os R$ 50 mil embolsados pela mulher do então presidente da Câmara dos Deputados, por exemplo?

“Penso que ficou bem demonstrado que o réu solicitou por R$ 50 mil diretamente ao partido, autorizados pelo tesoureiro Delúbio Soares, para custear uma campanha devidamente realizada”,
delirou o revisor do processo do mensalão.

O palavrório é suficiente para transferir Lewandowski da cadeira de ministro para a bancada dos bacharéis do mensalão.

Em 2005, quando se descobriu que Márcia Cunha havia retirado R$ 50 mil de uma conta de Marcos Valério no Banco Rural de Brasília, João Paulo saiu-se com uma desculpa que figura na antologia dos álibis imbecis.

Ela usara o dinheiro para pagar uma conta de TV a cabo, balbuciou.

Demorou alguns dias para trocar a mentira bisonha por outra inventada por embusteiros menos idiotizados: torrara a bolada em “despesas de campanha”, descobriu.

O problema é que o saque foi feito em setembro de 2003, ano em que não houve eleição nenhuma.

A menos que João Paulo tenha sido candidato a síndico e usado os R$ 50 mil para conseguir o apoio dos moradores do prédio.

A decisão absurda foi antecipada pela voz.

Nesta quinta-feira, desde o começo da sessão do Supremo Tribunal Federal, o afilhado de Marisa Letícia está falando com sotaque de Márcio Thomaz Bastos.

23/08/2012

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