Tudo sobre o mensalão
Em cima delas, os juízes decidirão o destino dos réus
DIEGO ESCOSTEGUY (TEXTO)
E ORLANDO BRITO (FOTOS)
COM MARCELO ROCHA E MURILO RAMOS
ÉPOCA
A verdade é verdade
Sem apelação"
William Shakespeare,
Medida por medida
Sem apelação"
William Shakespeare,
Medida por medida
Sete anos, um mês e 22 dias depois, o passado está vivo. Ainda não é nem passado, como escreveu o romancista americano William Faulkner.
Parece que foi ontem, parece que nunca aconteceu: o dia em que o deputado Roberto Jefferson revelou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva botara o Congresso no bolso. Era 6 de junho de 2005, nascia o mais grave escândalo de corrupção da história recente do Brasil.
Dias depois, Jefferson afirmou diante das câmeras de televisão:
“É voz corrente em cada canto desta Casa, em cada fundo de plenário, em cada banheiro, que o senhor Delúbio, tendo como pombo-correio o senhor Marcos Valério, um carequinha que é publicitário lá em Minas Gerais, repassa dinheiro a partidos que compõem a base de sustentação do governo, num negócio chamado mensalão”.
Jefferson acusou o deputado José Dirceu, então primeiro-ministro informal do governo, de comandar o esquema. Contou que advertira o presidente Lula sobre a mesada – e ele, no mínimo, nada fizera.
A política brasileira, ainda se recuperando do impeachment do primeiro presidente eleito desde a ditadura militar, deparava com a possibilidade de um segundo.
O impeachment não aconteceu.
Seguiram-se investigações sobre o caso em CPIs no Congresso, na Polícia Federal, na imprensa e na Procuradoria-Geral da República.
Todas – todas – produziram provas e constataram que Jefferson contara, na essência, a verdade: o PT, sob a liderança de Dirceu, montara um esquema de pagamento maciço de dinheiro em troca de apoio político no Congresso.
Altos representantes do Poder Legislativo se venderam a altos representantes do Poder Executivo.
Não há caso que se compare em gravidade e dimensão institucional.
É por isso que, a partir das 14 horas desta quinta-feira, os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, os mais altos representantes do Poder Judiciário, darão início ao julgamento mais importante na história da corte.
Um julgamento que mostrará a maturidade da democracia brasileira – e que, sejam os réus absolvidos ou condenados, porá fim ao passado.COMENTÁRIO
Desde o fatídico dia em que a bandidagem petista se apoderou do governo, o Brasil vive afundado numa lama fétida, que não tem prazo para esgotar-se.
A verdade é a verdade, sem apelação.
Walquiria Faria
28/07/2012
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