A Justiça Federal em Goiânia dará
continuidade esta manhã aos depoimentos do processo penal da operação
Monte Carlo, em que Carlinhos Cachoeira e outros sete réus são acusados
de formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de
sigilo funcional. O depoimento de Cachoeira e dos outros acusados estava
previsto para hoje, mas poderá ser adiado, já que oito testemunhas
ainda devem ser ouvidas antes.
Cachoeira e os outros réus estavam
presentes ontem no primeiro dia de audiência. Mais magro e abatido,
Cachoeira e os demais se sentaram na primeira fila do auditório da
Justiça Federal. A previsão inicial era de que ontem fossem ouvidas 14
pessoas indicadas pela acusação e pela defesa, mas só houve tempo para
duas testemunhas: os policiais federais Fábio Alvarez e Luiz Carlos
Pimentel, que atuaram na Monte Carlo.
Em depoimentos que duraram mais de três horas cada um, eles
relataram detalhes encontrados nas investigações, como o pagamento de
uma espécie de “mensalão” pelo grupo de Cachoeira a policiais para que
colaborassem com o esquema de três formas: passando informações
sigilosas sobre operações para fechar casas de jogos, fechando pontos
de jogos não autorizados ou garantindo a segurança das casas de
integrantes do grupo.
“Havia um pagamento mensal a
diversos policiais civis e militares, e quem efetuava geralmente era o
Dadá [o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo,
um dos réus no processo]“, disse Fábio Alvarez. Outros
pagamentos, disse, foram buscados no escritório de Lenine Araújo de
Souza, acusado de ser o contador de Cachoeira, e na casa de Regina Sônia
de Melo, ex-servidora da prefeitura de Luziânia (GO).
O policial enumerou episódios em que
buscas foram frustradas por causa do vazamento de informações. Relatou
uma ocasião em que o agente da PF Wilton Tapajós Macedo, assassinado na
semana passada com dois tiros na cabeça em um cemitério em Brasília, foi
abordado por policiais militares enquanto cumpria diligências da Monte
Carlo. Segundo Alvarez, o agente acompanhava um encontro de supostos
integrantes do grupo de Cachoeira, na casa de Regina, quando foi
abordado por militares. “Ele teve que usar coberturas para garantir sua
integridade e continuar o trabalho”, disse Alvarez, que teria vivido
situação semelhante em sua atuação no caso.
Em seguida o policial Luiz Carlos
Pimentel, que atuou na operação como chefe substituto de inteligência,
detalhou esquemas de contabilidade do grupo. De acordo com ele, a PF encontrou uma planilha na qual o pagamento de propina era identificado como “assistência social”.
Os beneficiários eram identificados por siglas em uma coluna específica. (…) (grifos nossos)
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