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terça-feira, 24 de julho de 2012

Marcos Valério volta a ameaçar Lula: “Eu sou como Delúbio; não deduro ninguém”.


Dito de outro modo:

“Eu sou como Delúbio; tenho o que dedurar”

Estamos a menos de duas semanas do início do julgamento do mensalão.

As últimas cartas estão sendo jogadas nos bastidores. Nesta segunda, o publicitário Marcos Valério, um dos protagonistas do rolo, voltou a dizer coisas estranhas, naquela linguagem muito típica do mundo — ou do submundo — em que a política e os negócios se estreitam num abraço insano.

Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana informa que ele ameaçou Luiz Inácio Apedeuta da Silva mais ou menos nestes termos: ou também ele é protegido — não aceita ir para a cadeia —, ou pode contar tudo, inclusive encontros com o Babalorixá de Banânia.

Leiam trecho de reportagem da VEJA.

Volto depois para tratar da ameaça desta segunda.

(…)
Em maio, quando os ministros do STF já debatiam a data de início do julgamento, petistas influentes foram mobilizados para conter a ofensiva de Marcos Valério. De Belo Horizonte, onde mora. o operador do mensalão fez chegar à cúpula do PT a ameaça: depois de refletir muito, teria finalmente decidido procurar o Ministério Público para revelar alguns segredos — o principal deles, supostos detalhes de suas conversas com Lula em Brasília. O ex-presidente sempre negou a existência de qualquer vínculo entre ele e o operador do mensalão antes, durante e depois do escândalo.

Para mostrar que não estava blefando, como já fizera em outras ocasiões, o empresário disse que enviaria às autoridades um vídeo com um depoimento bombástico, gravado por ele em três cópias e escondido em lugares seguros.

Seria parte do acordo de delação premiada com os procuradores. Seu arsenal também incluiria mensagens e documentos que provariam suas acusações. Paulo Okamotto, que hoje é diretor-presidente do Instituto Lula, foi um dos que receberam o recado — prontamente decodificado por um grupo de assessores próximos ao ex-presidente, que entrou em ação para evitar turbulências na reta final do processo.

Desde as primeiras chantagens de Valério, em 2005, o ex-tesoureiro era incumbido de intermediar as conversas com o empresário, que cobrava proteção e dinheiro.

O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e também integrante do círculo íntimo de Lula, foi destacado para descobrir se as ameaças, desta vez procediam.

Ele procurou pessoas próximas a Marcos Valério, advogados, integrantes do Ministério Público, políticos e empresários.

Ouviu a história sobre o depoimento em vídeo, mas não encontrou uma única evidência de que ele realmente exista. Greenhalgh, há mais de um ano, é um dos encarregados de conversar com Marcos Valério.

Ele se reuniu com o empresário algumas vezes em seu escritório em São Paulo. “O Greenhalgh é o pacificador, é quem sempre dá as garantias a ele”, disse a VEJA uma fonte da confiança de Valério.

O advogado não sabe se o vídeo existe ou não, porém descobriu que o tal acordo de delação premiada era mais um blefe do empresário.

Um blefe calculado para gerar calafrios e advertir os petistas sobre antigos compromissos assumidos. Segundo um assessor do empresário, a cúpula do partido prometeu que lançaria mão de todos os instrumentos possíveis para livrá-lo da cadeia.

Procurado, o advogado Greenhalgh não retornou as ligações. Paulo Okamotto admitiu ter participado de reuniões com Marcos Valério, mas disse que isso nada tem a ver com ameaças ou chantagens:

“Ele queria me encontrar porque, às vezes, queria saber das coisas. Em geral, ele quer saber como está a política, preocupado com algumas coisas”.

O mensaleiro escolheu como consultor o melhor amigo do ex-presidente que chantageia há sete anos.

Indagado se a consultoria também envolvia assuntos financeiros, Okamotto explicou: “Ele tem uma pendência lá com o partido, uma pendência lá de empréstimo, coisa de partido”, referindo-se ao processo em que Valério cobra judicialmente 55 milhões de reais do PT, como pagamento dos empréstimos fictícios que abasteceram o mensalão.

E concluiu, em tom enigmático: “O Marcos Valério tinha relação com o partido, ele fez coisas com o partido. Eu nunca acompanhei isso. Então, quem pariu Mateus que o embale, né. meu querido?!”.
(…)


Voltei
E aí?

O que lhes pareceu?

As coisas são assim, mimosas: quando Marcos Valério fica com vontade de saber algumas coisas da política, de “bater um papo assim gostoso com alguém”, como cantava Jair Rodrigues, ele procura quem?

Paulo Okamotto, um dos braços direitos de Lula, presidente do instituo que leva seu nome.
Considerando as relações oficialmente tensas entre Valério e o PT, isso faz ou não faz sentido?

Na conversa que teve com a VEJA, Okamotto não se ocupou de negar os encontros com Valério porque sabia que não havia como.

E admitiu que as pendências do empresário com o partido tomam parte do tempo dispensando ao “papo gostoso”…
Como a coisa veio a público, a Valério só cabe um papel: negar!

Mas ele também já é gato escaldado com o PT. Sabe que estão juntos, mas também não ignora que, ao menor descuido, os petistas o lançam ao mar.

Nesta segunda, em conversa com a Folha, a linguagem da chantagem assumiu contornos ainda mais sibilinos, quase refinados. Leiam a sua declaração:
“Eu sou igual ao Delúbio, nunca endureci o dedo para ninguém e não vai ser agora, às vésperas do julgamento”.

Huuummm…

Quando a gente sabe ler, um pingo já basta para que se entenda que ali está um “i”, não é mesmo?

Ao afirmar que é “igual a Delúbio”, está deixando claro que espera do partido tratamento condizente com o de um militante — vale dizer: a prometida proteção.

Ao se equiparar ao outro no silêncio — sem “endurecer” o dedo —, está a dizer que tanto um como outro têm o que contar, mas que o melhor mesmo é o silêncio. Aos menos por enquanto e tudo o mais constante.

Quando fez tal declaração, referia-se a indagações sobre a ameaça que fizera a Lula. Logo, deduz-se que as coisas sobre as quais silencia dizem respeito justamente ao Apedeuta.

Okamotto, por sua vez, não quis dar declarações à Folha, a não ser uma: tudo o que tinha a dizer, ele já o dissera à VEJA.

Valério, pois, voltou a deixar muito claro que não aceita ser bucha de canhão. Os advogados dos petistas, pois, que tenham muito cuidado com ele lá no STF. Exige ser tratado como um Delúbio porque, a exemplo daquele:

a) não foi dedo-duro ATÉ AGORA;

b) só não é dedo-duro quem tem o que dedurar…

Informa a reportagem da VEJA:

“Não é a primeira vez que o operador do mensalão ameaça envolver o ex-presidente Lula no caso.

Em 2005, quando começaram a surgir provas contundentes do envolvimento de Marcos Valério no esquema, e suas ligações umbilicais com o PT, o empresário ligou para o então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha, disse que faria um acordo de delação premiada e advertiu: “Avisa ao barbudo que tenho bala contra ele”.

Ameaçou, também, revelar o nome das empresas que abasteceram o caixa dois da campanha de Lula em 2002 e fulminar ministros que haviam recebido pane do dinheiro. Pelo seu silêncio, Valério impôs algumas condições.

Queria garantias de que não seria preso e uma bolada de 200 milhões de reais. As denúncias nunca se materializaram.

Em 2010, Marcos Valério fez uma confidencia no gabinete de uma autoridade de Brasília: “O Delúbio Soares me levou para um futebol no palácio”.

A autoridade tentou mostrar indiferença diante do que acabara de ouvir, mas sabia muito bem o que aquilo significava.

O objetivo era apenas enviar mais um recado. Delúbio garante que essa visita nunca existiu”.


É, Apedeuta…

Quem tem Valério tem medo!

24/07/2012

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