O BRASIL PROGRIDE ENQUANTO DORME
A política brasileira me causa arrepios periódicos. Sempre que estamos na soleira de novos tempos, rolam-me tremores na espinha. Não quero bancar o sensitivo, mas esta era Lula está me arrepiando também, porque parece se estiolar numa mesmice de procedimentos políticos que parecem véspera de alguma explosão.A roda viciada desse governo é sempre a mesma: anúncio de medidas não tomadas, radicalizações e indignações 'verbais' do Executivo, seguidas de pressões dos aliados e corruptos, que conseguem vantagens, voltas atrás e acochambramentos, tudo amenizado por sorrisos carismáticos com covinha e piadinha de Lula. E, pronto, nada muda.
Graças à boa situação da economia mundial ainda, graças à macroeconomia da herança bendita, talvez até o jogo 'vaselínico' de Lula seja melhor que se ele se deixasse levar por arroubos. Pelos menos o status quo fica intocado, enquanto o Banco Central segura as pontas. Mas, até quando esse chove-não-molha vai agüentar?
E nada se faz, nada termina. Estamos precisando mais do que de 'ação'. Estamos precisando de fatos. Este governo está desmoralizando os fatos. Os acontecimentos não acontecem, se diluem, morrem. Lemos os jornais atolados de denúncias, de descobertas encobertas, de investigações que duram o espaço de uma manhã, como as rosas.
Quando veremos um projeto aprovado, uma reforma, um ato de gestão importante?
Quando veremos discussões no Congresso acima de negociações e puxa-saquismo para conseguir favores do Executivo? Quando?
Esse Congresso que, no dizer do Garibaldi Alves com seu charme de raposa velha, foi transformado no quarto de despejo do Planalto. Ele disse que há uma espécie de 'absolutismo presidencialista'. É verdade, sim, mas 'absolutismo relativo e malandro', pois a ideologia do Governo é o radicalismo do 'tanto faz'...
Lula usa a brutal resistência do 'Atraso' como caldo de cultura para manter seu prestígio alto. Não fez um gesto de modernização; mas sabe muito bem manipular a sordidez que antes, de boca, condenava. E aí, navega no lodo, limpinho.
por Arnaldo Jabor
O Tempo
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