É espantoso!
Conservadores, reacionários e até governistas não-petistas, quando mantêm relações fora do casamento, têm “amantes”, segundo o que definem os dicionários.
Mas como empregar esse termo para Luiz Inácio Lula da Silva, Santo Deus?
Não!
Dados os muitos serviços que ele prestou à nação, a sua amante, flagrada praticando, entre outras coisas, tráfico de influência e corrupção ativa, há de ser chamada de “amiga íntima”.
José Eduardo Cardozo, que já pode ser considerado um dos queridinhos da imprensa companheira, aparece no melhor de sua forma.
Suas ginásticas vocabulares põem no chinelo o Márcio Thomaz Bastos do mensalão, em 2005, que propagou a tese do “simples” caixa dois…
Leiam o que vai no Estadão Online.
Os negritos são meus. Volto em seguida.
Envolvimento de Lula em esquema está “desmentido”, diz Cardozo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou o envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas irregularidades investigadas na Operação Porto Seguro.
A suspeita foi levantada pelo deputado Anthony Garotinho (PDT-RJ), pelo fato de Lula ser amigo íntimo de Rosemary Noronha e de tê-la nomeada chefe do escritório da Presidência em São Paulo desde seu primeiro governo.
“Imaginar que o ex-presidente estivesse envolvido por trás disso está ao meu ver desmentido”.
Rose, como é conhecida, foi indiciada na operação por corrupção, tráfico de influência e falsidade ideológica.
Em depoimento na Comissão de Segurança da Câmara, Cardozo disse que a suspeição sobre Lula foi construída a partir de uma interpretação forçada em cima de e-mails pinçados seletivamente pela imprensa do inquérito, que soma 11 mil páginas.
Ele disse que as autoridades que conduziram o inquérito são sérias, agiram tecnicamente e nada indica que Lula teve qualquer relação com os fatos.
“Os delegados não sofreram nenhuma injunção política e, à luz da lei penal, não havia como enquadrar Rose por formação de quadrilha, nem Lula com os fatos apurados”, garantiu.
O que se sabe sobre a amiga do ex-presidente é que “ela tinha contatos ilegais, relações indevidas e foi duramente enquadrada em três tipos criminais, mas não participava do núcleo central da quadrilha, ao contrário, foi escanteada pelos seus membros, como mostram alguns diálogos interceptados”, explicou.
“O que ela fazia era, usando sua condição de chefe do escritório, facilitar contatos de membros da quadrilha em troca da favores”, acrescentou.
Cardozo minimizou o e-mail em que Rose, falando com um membro da quadrilha, o manda “se aproximar do PR” e lhe promete que depois disso “eu caio matando”.
Segundo ele, os delegados “foram extremamente criteriosos” e teriam dado outra interpretação se assim entendessem.
Adams
Cardozo também defendeu a permanência no cargo do advogado-geral da União, Luís Adams.
Ele rechaçou a suspeita, levantada pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), de envolvimento de Adams no esquema de venda de pareceres em órgãos do governo, pelo fato de ter nomeado como seu adjunto o advogado José Weber de Holanda Alves, um dos indiciados pela Operação Porto Seguro.
“Não podemos jamais ser tão implacáveis. As escolhas humanas geram situações que nos decepcionam. Até nas nossas famílias ocorrem decepções”, afirmou.
Segundo o ministro, quando Adams nomeou Weber, “certamente avaliou que fosse uma pessoa séria”, observou.
“Não posso fazer imputações a Luís Adams, ele escolheu alguém em quem confiou e foi traído”, emendou. Cardozo disse que se confiasse em Weber como Adams, também o nomearia.
“Eu já nomeei pessoa sob processo por engano”, acrescentou. “No caso do Weber, nem condenação ele tinha. Às vezes nos enganamos com escolhas. Seria injusto condenar o chefe da AGU por isso”, defendeu.
Acusado pela oposição de ter agido seletivamente em favor da chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, que não foi indiciada em formação de quadrilha, nem teve o sigilo telefônico quebrado, Cardozo afirmou que a decisão foi técnica e submetida ao crivo do Ministério Público e do Judiciário.
“Se errou a PF, erraram também o MP e a juíza que presidiu o inquérito”, afirmou.
Cardozo pontuou que Rose está indiciada em três crimes graves: falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção ativa.
Mas não foi indiciada por formação de quadrilha, a seu ver, por uma avaliação estritamente técnica de quem conduziu a investigação.
“Não posso dizer o que o inquérito não revela. Ela (Rose) não era membro da quadrilha. Essa é a conclusão de quem avaliou tecnicamente as tipificações.
Não se pode pensar politicamente quando se fala de crime”, observou.
Voltei
A investigação ainda nem foi feita, mal começou, e José Eduardo Cardozo já anuncia atestados de inocência. Os indícios que há apontam na direção oposta à de sua fala.
As traficâncias de Rosemary aparecem, apontam os e-mails, frequentemente associadas à proximidade que tinha com o então presidente, seu então amante. Se romperam, não sei.
Lula diz que não fala sobre “questões privadas”. Como assegurar que ele não sabia de nada se nada ainda foi devidamente investigado?
O que se tem é a fase inicial da apuração, ora essa.
Pegue-se o caso do petista Paulo Vieira, que estava na ANA por vontade de Lula e com intermediação de Rose: ele só foi aprovado numa terceira votação. Havia, como se vê, a determinação de nomeá-lo e ponto final!
Por quê?
Competência técnica?
Importância política?
Nem uma coisa nem outra.
A avaliação que Cardozo faz do comportamento de Adams é igualmente constrangedora. Faltou informar que o Advogado Geral da União nomeou o seu segundo, a quem deu plenos poderes, contra a vontade da Casa Civil. Mais: já não havia mais processo judicial contra ele por mera questão formal – prazo expirado –, não por uma questão de mérito.
Cardozo não foi ao Congresso prestar esclarecimentos. Foi lá, conforme o previsto, para adensar a cortina de fumaça.
Ah, sim: por que mesmo Lula não tem nada a ver com as lambanças de sua “amiga íntima”?
Porque não, ora!
Pela mesma razão porque não se emprega, no seu caso, a palavra “amante”. Lula não está apenas acima da lei. Ela está acima até da linguagem.
Quando estourar algum escândalo com um direitista que misture interesse público e folguedos de alcova, aí, então, se poderá empregar a palavra “amante” sem interdições.
O Google está aí. Vejam quantas vezes a dita grande imprensa usou a palavra “amante” para Mõnica Veloso, que havia sido, afinal, amante de Renan Calheiros.
“Ah, com o Renan, tudo bem!!!”
Lula nem mesmo comete adultério, só “ato político”.
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