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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Eis o homem de Gilberto Carvalho, a sua “pérola”. Se ele ganhar, diz o ministro, Dilma manda dinheiro; se perder, a presidente vai punir o povo!


 
Gilberto Carvalho (à dir.) e Kiko, a sua “pérola”: ministro faz chantagem eleitoral usando o nome da presidente. Se continua no cargo…

Por Reinaldo Azevedo

A presidente Dilma Rousseff tem investido na imagem da governante sóbria, que gosta de se portar como magistrada — aliás, é esse o seu papel institucional, como chefe de um Poder — e não se mete em rinhas eleitorais. Atuou para que o PT tivesse um candidato próprio à Prefeitura em Belo Horizonte e fez movimentos para garantir sustentação a Fernando Haddad em São Paulo. Até aí, vá lá. Entendi que são ações que se encaixam no perfil de quem é, também, filiada a um partido político. O que não pode é imitar seu antecessor nos defeitos e mobilizar o estado a serviço de interesses partidários. Por essa razão, deveria chamar o senhor Gilberto Carvalho, o braço operativo de Luiz Inácio Lula da Silva em seu governo, e lhe entregar a carta de demissão. Não o fará, sei disso. E, ao não fazê-lo, falseia a imagem que tenta plasmar de governante equidistante das disputas eleitorais.

Reportagem publicada ontem pela Folha demonstra por que o Brasil ainda está longe de ser uma república corriqueiramente democrática, dessas em que os cidadãos e, sobretudo, os homens públicos defendem e cumprem as leis. No último dia 19, informa o jornal, Carvalho participou do comício do candidato do PT à Prefeitura de Franco da Rocha, o Kiko.

O ministro parece ter por Kiko uma admiração irrestrita.
O ministro parece ter por Kiko um entusiasmo grande mesmo!
O ministro parece ter por Kiko frêmitos de devoção.
Se Kiko ganhar, Gilberto Carvalho promete fazer como o imperador Adriano (o romano, não o da Vila Cruzeiro…) e lhe erguer uma cidade! Quem sabe imite aquele governante e até lhe dedique alguns versos…

Mas o que disse Carvalho? Informa a Folha:
“Se hoje o investimento que a cidade consegue fazer é de R$ 5 milhões ao ano [R$ 20 milhões em quatro anos], eu quero garantir que, com Kiko prefeito, com a nossa parceria, faremos nestes quatro anos um investimento de pelo menos R$ 100 milhões”.
E aí Carvalho ameaçou os eleitores da cidade:
“Se Kiko for eleito prefeito de Franco da Rocha, a presidenta Dilma terá confiança de enviar para cá todos os recursos que nós precisamos para transformar efetivamente esta cidade”.

Entenderam? Se o Kiko não for eleito, deve-se entender que Dilma vai deixar a população chupando o dedo. Quem estava a dizer essa enormidade? Ora, aquele que é nada menos do que secretário-geral da Presidência da República e um dos dois homens verdadeiramente fortes no PT — vocês sabem quem é o outro.

NA HIERARQUIA INFORMAL DO PARTIDO, CARVALHO É QUE É CHEFE DE DILMA, NÃO O CONTRÁRIO.
O ministro citou a presidente três vezes no discurso: “Não adianta a gente ter uma presidenta tão forte, tão eficiente como a Dilma [Rousseff], e ter gestores fracos, corrompidos”. E PENSAR QUE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FAZ O MAIOR JULGAMENTO DA SUA HISTÓRIA E TEM COMO RÉUS JUSTAMENTE A CÚPULA DO PETISMO! Abordo em outro post (sobre o Distrito Federal) a competência do PT para governar e os efeitos da parceria com o governo federal…

A fala de Carvalho é indecorosa. Se age desse modo para eleger o prefeito de Franco da Rocha, a gente pode imaginar do que não é capaz essa turma para fazer valer a sua vontade. A propósito: ninguém precisa imaginar nada! Sabemos, sim, até onde pode chegar, como provam os escândalos do mensalão, dos aloprados e da violação de sigilo e feitura de dossiês.

Nunca soube se comportar
Gilberto Carvalho nunca soube se comportar. Boa parte dos jornalistas o trata com lhaneza porque ele é mestre em produzir embargos e fofocas auriculares. Gosta de bater papinhos informais com colunistas, quando se comporta como eficaz hortelão. Invariavelmente, e todos sabem disso, é para atingir governos e figuras da oposição. Lembro que foi este senhor que tentou armar, lá de Brasília, a “resistência” à desocupação da área conhecida como Pinheirinho, em São Paulo. Um assessor seu chegou a se dizer atingido por uma bala de borracha, mas se negou a fazer exame de corpo de delito. Ações de policiais militares em estados governados por PT e aliados cegaram três pessoas naquele mesmo período. Carvalho não disse um “a”. Não é um homem de estado. É um petista aparelhando o estado a serviço de seu partido — e de sua corrente dentro desse partido.

Em Franco da Rocha, como resta claro, falou em nome de Dilma Rousseff. Para defender a sua “pérola”, não hesitou em exercitar claramente a linguagem da chantagem.

Imaginem se um enviado do governador Geraldo Alckmin repetisse discurso parecido em alguma cidade do interior de São Paulo: “Se Fulano ganhar, o governador manda mais dinheiro pra cá; se não ganhar…”. O mundo viria abaixo.

Sim, senhores! A tarefa do Supremo Tribunal Federal é mesmo gigantesca. “O que tem uma coisa a ver com outra, Reinaldo?” Ou os ministros que têm vergonha na cara, e espero que seja a expressiva maioria, dizem que essa gente não pode fazer o que lhe dá na telha, ao arrepio da lei, ou o país vai mesmo à breca porque entenderá que a sujeira passa a ser admitida como parte do jogo. Se assim é lá em cima, por que não poderia ser cá embaixo?

Se Dilma não desmentir Gilberto Carvalho, então se deve entender que ele falou mesmo em nome dela.

Então se deve entender que ela regulará os investimentos federais nas cidades a depender de quem seja o prefeito. Dada essa perspectiva, só petistas deveriam ser eleitos para o bem dos munícipes país afora.

O mensalão demonstra o tamanho da competência e da honorabilidade dessa gente.

E também prova a sua dedicação à causa do povo.


 29/08/2012


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