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sábado, 13 de fevereiro de 2010

FHC: "nem paz, nem amor": Se o PT quiser ir para o pau, nós vamos para o pau"

A tempestade FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso inaugura o estilo
"nem paz, nem amor": diz que topa "ir para o pau" com o PT, chama Dilma Rousseff de "autoritária" e impõe ao PSDB a defesa de seu legado na disputa presidencial deste ano

Fábio Portela
Valeria Gonçalvez/AE
"O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades.

Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos."

"A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...).

Por que seríamos o inimigo principal?

Porque podemos ganhar as eleições."

"Dilma não é líder.

É reflexo de um líder."

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República (PSDB)



Há quem o ame e quem o odeie. Mas uma coisa é indiscutível: no mundo da política, ninguém fica indiferente a ele. Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fala, os outros escutam. Foi o que ocorreu na semana passada, quando FHC assinou em sua coluna quinzenal no jornal O Estado de S. Paulo um artigo intitulado "Sem medo do passado".

Com o texto, ele entrou de vez na campanha eleitoral – e, pelo visto, não sairá dela tão cedo. Em dois movimentos, fez o que a oposição foi incapaz de fazer nos últimos sete anos: enfrentou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusando-o de "enunciar inverdades" e "distorcer" fatos para inflar as realizações do PT, e defendeu vigorosamente as conquistas econômicas e sociais do seu próprio governo (1995-2002), enfileirando estatísticas que revelam que o desempenho dos tucanos no poder foi muito mais positivo do que tenta fazer crer a propaganda oficial.

FHC entrou nessa briga depois de o Palácio do Planalto alardear que tentaria reduzir a eleição a um processo plebiscitário, orientado a partir da comparação do governo dele com o de Lula.

"O PT fica ameaçando o tempo todo comparar os governos, como se isso amedrontasse o PSDB. Isso é conversa. Com o artigo, mostrei ao nosso pessoal que é possível defender o que foi feito com toda a tranquilidade. Temos resultados para mostrar. Se o PT quiser ir para o pau, nós vamos para o pau", diz Fernando Henrique.
O discurso belicoso do ex-presidente elevou o moral da tropa.

Tucanos que andavam ressabiados diante do crescimento nas pesquisas da candidata do PT, Dilma Rousseff, voltaram a bater as asas, e FHC passou a semana recebendo telefonemas de congratulações.

"O presidente Fernando Henrique colocou em brios pessoas que ajudaram a transformar o país durante seu mandato. Parecia que a gente estava com vergonha de afirmar o legado do PSDB só porque o Lula está bem nas pesquisas. Isso não tem sentido",
diz Arthur Virgílio, líder tucano no Senado.

Até o governador de São Paulo, José Serra, candidato do partido à Presidência, enviou a FHC um e-mail dizendo que ele havia sido "muito feliz" nas suas considerações.

Fernando Henrique se animou.

Afinal de contas, nas duas últimas campanhas presidenciais, o PSDB parecia tentar esconder o governo dele – que, se cometeu alguns erros, colecionou acertos em número muito superior.
FHC, então, decidiu aumentar o bombardeio ao inimigo.
Em São Paulo, disse que a ministra Dilma não é boa candidata por não ser, sequer, uma líder.

Ao jornal americano Miami Herald, classificou-a de "autoritária" e "dogmática" e acres-centou que ela poderá se aproximar do venezuelano Hugo Chávez caso vença a eleição.

Os petistas estrilaram com a saraivada, mas sua candidata, desacostumada de sofrer ta-manho bombardeio, limitou-se a dizer que se orgulha do governo ao qual pertence e que seu líder é o presidente Lula.
Dida Sampaio/AE
"Nós temos orgulho do nosso governo e temos orgulho do líder que nos lidera neste governo, que é o presidente Lula."
Dilma Rousseff, pré-candidata a presidente (PT)

A nova fase "nem paz, nem amor" de FHC anima a militância, mas embute dois riscos para o PSDB.

O primeiro é que as críticas do ex-presidente acabem, involuntariamente, aumentando a estatura política de Dilma. Por esse raciocínio, FHC deveria se confrontar apenas com Lula, que ocupa o cargo que já foi dele um dia – e não com Dilma, figura comparativamente menor, que jamais recebeu um voto na vida.

O segundo risco é que, se o PSDB entrar na campanha determinado a comparar exaustivamente os resultados dos governos anteriores, estará desperdiçando um tempo precioso.
Mais importante do que falar sobre o passado, é discutir o futuro.
O Brasil precisa debater o que o próximo presidente da República vai fazer – e não comparar o trabalho dos que já passaram. Essa armadilha preocupa alguns tucanos, mas FHC é o primeiro a dizer que a defesa de seu governo não deve ser, nem de longe, prioridade de campanha:

"Entrei nessa discussão para dar um basta às ameaças do PT.

Não podemos ter receio de fazer comparações, mas é óbvio que a campanha do PSDB não é essa.
Seria um erro eleitoral ficar discutindo o passado.

Temos de olhar para a frente e discutir o que o Serra e Dilma podem oferecer ao país.

É aí que vamos ganhar a eleição".

 

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