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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Silvio Pereira recebeu mais de R$ 500 mil de empreiteiras da Lava Jato


Segundo a força-tarefa, ex-secretário do PT foi identificado como um dos destinatários da propina recolhida pelo partido no escândalo da Petrobras


Por Laryssa Borges, de Brasília
Veja.com

Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT, preso na 27ª fase da Operação Lava Jato , faz xames de corpo de delito no IML de Curitiba (PR), na tarde desta sexta-feira (01)
(Rodolfo Buhrer/Folhapress)

Responsável direto pelo loteamento de 32.000 cargos comissionados no início do governo Lula, o ex-secretário do PT Silvio Pereira, preso nesta sexta-feira na 27ª fase da Operação Lava Jato, recebeu pelo menos 508.000 reais da OAS e da UTC, duas das empreiteiras investigadas no escândalo do petrolão, por meio da empresa dele, a DNP Eventos Ltda. Ao todo, foram contabilizados repasses de mais de 1,6 milhão de reais de fornecedores da Petrobras ou de operadores investigados no esquema de corrupção da petroleira.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato, Silvinho Pereira foi identificado como um dos destinatários da propina recolhida pelo PT no escândalo da Petrobras e apontado como alvo de uma mesada para que permanecesse em silêncio e não revelasse detalhes de outro esquema de corrupção gestado pelo partido, o mensalão. O Ministério Público também atribuiu ao ex-secretário petista o papel de ser o "contato direto com os empresários que mantinham contratos com a Petrobras para angariar propina para o Partido dos Trabalhadores".

Além dos pouco mais de 500.000 reais repassados pelas empreiteiras, a empresa Central de Eventos e Produções Ltda, também do petista, mantinha relacionamentos financeiros com outras empresas investigadas na Operação Lava Jato. Recebeu, por exemplo, pouco mais de 400.000 reais entre 2007 e 2009 de Julio Cesar dos Santos e da TGS Consultoria, ligadas ao ex-ministro José Dirceu, e da SP Terraplenagem, relacionada ao operador de propinas Adir Assad. A Central de Eventos teve Julio Cesar como sócio e também embolsou recursos provenientes de campanhas eleitorais do PT.

A DNP Eventos também apresentou recebimentos das empresas Projetec e Treviso, dos delatores da Lava Jato Augusto Mendonça e Julio Camargo, e embolsou aproximadamente 250.000 reais de serviços supostamente prestados nas campanhas de candidatos do PT na eleição municipal de 2012. Para os investigadores, porém, "é provável que tais pagamentos se refiram à 'mesada' que o PT destinou a Silvio Pereira por intermédio de desvios em contratos que a UTC e a OAS mantinham com a Petrobras" em um "cenário de prática habitual de crimes e de total descaso com a Justiça".

"As evidências colhidas até o presente momento comprovaram que Silvio José Pereira recebeu relevantes recursos do Partido dos Trabalhadores e por empresas envolvidas na Operação Lava Jato, ao que tudo indica, sem nenhuma prestação de serviços que justificasse os repasses que somam aproximadamente R$ 1,6 milhão, sendo certo que esses recursos, ao menos em parte, foram provenientes de desvios da Petrobras", conclui o MP.

Em acordo de delação premiada, o lobista e operador de propinas do PT Fernando Moura disse que os petistas consideravam "aceitável" receber dinheiro por meios ilícitos para financiar a legenda. Aos procuradores do Ministério Público, Moura detalhou a atuação dele em parceria com o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, responsável pelo loteamento de cargos no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Apenas no ano de 2005, depois de passar dois anos recolhendo recursos para serem repassados ao PT, os negócios obscuros do lobista Fernando Moura perderam força. Segundo o delator, ele foi aconselhado pelo próprio José Dirceu, naquela época enfrentando processo de cassação na Câmara dos Deputados, a deixar o país para não levantar suspeitas. Moura relata que, com o mensalão, recebeu um "cala boca" de empresas que tinham contato com o governo federal, enquanto Silvio Pereira, também investigado na época como mensaleiro, teria recebido a mesma mensagem da UTC e da OAS para não revelar o modus operandi instalado na Petrobras.

01/04/2016

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