Por Gabriel Castro
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José Dirceu de Oliveira e Silva, 66 anos, deverá se tornar nesta terça-feira o 23º condenado no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
A acusação de corrupção ativa deverá ser aceita com larga vantagem pelos ministros da corte. É um ponto decisivo em uma trajetória repleta de reviravoltas. Mas o petista, acusado de comandar uma quadrilha, não pode culpar ninguém senão a si mesmo.
O que o Supremo tem confirmado é que Dirceu comandou a montagem e a operação do mais ousado esquema de corrupção já descoberto no país; o que o STF está a julgar não é um esquema comum de desvio de recursos: é uma gravíssima tentativa de destruir a independência do Congresso Nacional por meio de pagamento de propina.
O mais provável é José Dirceu seja condenado por 8 votos a 2, o que torna a derrota política do petista ainda mais inquestionável. É pouco provável que ele cumpra regime fechado de detenção (a pena para o crime de corrupção, mesmo somada a uma eventual condenação por formação de quadrilha, não é das mais altas).
A mancha na carreira do petista, entretanto, será irreversível: Dirceu será, para sempre, o chefe do mensalão.
Até agora, os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz Fux já votaram pela condenação. Ricardo Lewandowski optou pela corrente contrária. O placar é o mesmo para José Genoino, presidente do PT na época do escândalo.
Confirmada a condenação, Dirceu precisará de mais coragem para negar a existência do mensalão e se dizer vítima de perseguidores políticos. A cada vez que alegar inocência, vai ter de explicar porque a maioria da mais alta corte do país o considerou culpado de montar o mais ousado esquema de corrupção já descoberto no país.
Anistia - A crise de 2005, que derrubou o então ministro mais poderoso de Lula, mudou os rumos da República.
Não é muito supor que, não fosse o escândalo do mensalão, Dirceu teria sido escolhido para disputar a Presidência a República em 2010.
A sucessora dele na Casa Civil, aliás, foi exatamente Dilma Rousseff. Dali, a petista saltou para a cadeira presidencial.
Há sete anos longe dos cargos públicos, José Dirceu ainda sonhava obter uma espécie de anistia da sua cassação na Câmara dos Deputados para retomar a carreira política. Com a condenação, ficará permanentemente banido de atuar às claras - embora tenha aprendido a usar sua influência fora dos holofotes.
O STF já comprovou o esquema de compra de apoio político de deputados de quatro partidos. O esquema foi montado pelo PT. Absolver Dirceu e Genoino, como fez o ministro Ricardo Lewandowski, seria optar pela tese sem sentido de que o então tesoureiro Delúbio Soares montou e coordenou o engenhoso esquema que repassou ao menos 55 milhões de reais para representantes de PP, PTB, PMDB e PL (atual PR).
A sessão que definirá o futuro de Dirceu está marcada para as 14h. O ministro Dias Toffoli será o primeiro a votar. Depois, falarão Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ayres Britto.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo:
Pode ser uma terça-feira histórica: aquela em que José Dirceu, chamado pelo procurador-geral de “chefe da quadrilha”, será condenado por corrupção ativa. Também pode ser a do grande vexame — embora isso pareça pouco provável.
Creio que o Supremo tem claro que milhões de brasileiros esperam que a Corte faça justiça, que é o contrário do justiçamento. O que pedem os homens de bem é a aplicação da lei para todos — não é pedir muito, convenham. Bastam mais dois votos, e Delúbio Soares estará condenado.
Tudo indica que o placar será de dez a zero. Já recebeu quatro nesse sentido: Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber e Luiz Fux. Delúbio já afirmou que encara a condenação e até a eventual prisão como tarefas partidárias.
Nem eu misturaria petismo e cadeia com tamanha naturalidade. Delúbio deve saber o que fala e por que fala…
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Mensalão: a hora de Dirceu
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