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terça-feira, 12 de julho de 2011

Petista é responsável por 90% das obras do Dnit, diz afastado



Filiado ao PR e um dos pivôs da crise nos Transportes, Pagot afirma que PT manda tanto no órgão quanto seu partido

Diretor-geral do Dnit foi escalado para defender a sigla, que não quer pagar sozinha pelas acusações de corrupção
POR CATIA SEABRA
FSP DE BRASÍLIA

Depois de perder o comando do Ministério dos Transportes sob acusações de corrupção, o PR manda ao governo seu recado: não quer pagar sozinho pelas denúncias que abalaram a pasta e já faz ameaças a petistas que estão na estrutura do órgão.
Afastado após ser envolvido nas acusações que derrubaram o ex-ministro Alfredo Nascimento, o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, deu prévia ontem de como será seu primeiro depoimento sobre o caso, terça-feira, no Congresso.
"O Dnit é um colegiado.
O Hideraldo manda tanto quanto o Pagot", disse, em referência ao petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e listando, em seguida, todo o colegiado do órgão.

Caron, filiado ao PT do Rio Grande do Sul desde 1985, é apontado por políticos como uma espécie de "espião" de Dilma Rousseff no Dnit.
Segundo Pagot, ele era responsável por 90% das obras, já que cuidava da diretoria de Infraestrutura do órgão.

"No Dnit só se aprova por unanimidade.

É claro que cada um é responsável por sua área.

A responsabilidade pelas obras é do Hideraldo.

Como ele é diretor de Infraestrutura Rodoviária, é óbvio que tem um volume maior concentrado",
disse Pagot, ressalvando que "não é Hideraldo que toma as decisões".

A pedido do senador Blairo Maggi (PR-MT), seu padrinho político, Pagot dará explicações públicas na Câmara e no Senado.

Ele foi escalado para defender publicamente o PR. Só depois, a sigla pretende encaminhar ao Planalto seus indicados para o ministério.

Além de compartilhar a responsabilidade com o colegiado, Pagot afirma que só executa obras.

"Cumprimos.

Não inventamos orçamento.

O Dnit não faz política pública, é um executor de obras e prestador de serviços em algumas áreas.

É fácil ficar acusando quando não se sabe como as coisas funcionam."


Para integrantes do PR, o recado de Pagot tinha também outro destinatário:
o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT), hoje nas Comunicações.
Segundo senadores do PR, Pagot deve afirmar, em depoimento, que cumpria ordens e citar de onde partiam.

Incomodados, comandantes do PR disseram ainda que a atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mulher de Paulo Bernardo, era quem acompanhava a execução das obras no Paraná.

Em nota, Paulo Bernardo disse que "obras previstas no Orçamento Geral da União passam pelo Planejamento sem que isso implique qualquer envolvimento do titular na execução dos projetos".
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Os petistas não temem só a reação do PR, mas de toda a base à demissão do ex-ministro, apenas cinco dias após o surgimento do escândalo.

Para o PT, um sinal foi emitido pelo PMDB do Senado, que incluiu na pauta de semana que vem um pedido de convocação de Expedito Veloso (PT), ex-diretor do Banco do Brasil envolvido no escândalo dos aloprados.

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