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terça-feira, 12 de abril de 2011

A xepa do Bono

O encontro mais enigmático do século

Época

O cantor Bono Vox (que já ficou sem Vox, de tanto discursar) encontrou-se com o ministro Guido Mantega.
 

É o encontro mais enigmático do século.

Depois de tirar fotos com Dilma e com Lula, cumprindo o circuito do marketing populista, o líder do U2 foi ao encontro do ministro da Fazenda.

Mantega, como se sabe, encontra-se em plena frigideira. Na condição de homem-forte da economia, o ministro sempre foi fraco.

Passou os oito anos de Lula vendo o Banco Central governar, e fazendo oposição “desenvolvimentista” a ele.


Mantido no governo Dilma a pedido do ex-presidente – fiel amigo dos amigos –, Mantega está caindo de maduro.

Foi engolido pela sombra de Palocci, o homem-forte de fato.


O mercado anda zombando do ministro da Fazenda. Fez picadinho de suas medidas contra a queda do dólar e a expansão inflacionária do crédito.

E eis que, já dourado pela fritura, Mantega recebe a visita ilustre do astro pop.

O que Bono foi fazer lá?

Sua assessoria disse que ele foi conhecer os programas brasileiros de combate à pobreza.

Terá errado de porta?

Não apareceu ninguém para avisar ao cantor irlandês que a política de desenvolvimento social não mora no Ministério da Fazenda?

Não era o caso de avisar. Bono não tinha nada para falar com Mantega, mas foi lá assim mesmo. Qual era a grande causa do roqueiro desta vez?

Era uma causa nobre: atender ao singelo pedido de Dilma e Lula para que desse uma forcinha ao seu ministro agonizante. Um gesto humanitário.

É emocionante acompanhar a garra de um astro do showbis em defesa de um espécime ameaçado de extinção em Brasília.

Bono Vox terá a eterna gratidão da população de parentes, amigos e partidários de Guido Mantega pela luta por seu cargo.

Uma mão lava a outra.

Lula empresta a Bono um pouco do seu fetiche terceiro-mundista (tirando Kadafi e Ahmadinejad da foto), e Bono ajuda Lula a arrecadar fundos para o nascente instituto do filho do Brasil.

 É bom negócio para todos. De quebra, com um pouco de sorte, ainda salvam o emprego de um pobre ministro

12/04/2011

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