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terça-feira, 12 de abril de 2011

Eles estão começando a bater cabeça



Na semana passada, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desceu a língua na política econômica e sugeriu que a Fazenda se aproveita do dólar desvalorizado para controlar a inflação — que, não obstante, insiste em furar o teto da meta.

Disse que suas críticas são compartilhadas pelo ministro da Indústria e Comércio (Fernando Pimentel) e da Ciência e Tecnologia (Aloizio Mercadante).

Falava a um grupo de empresários.

Consta que a Soberana se irritou a manifestação — à sua maneira: muda, estilo que lhe rende muitos elogios.

Dilma é a pessoa mais aplaudida do Brasil pelas coisas que não diz.

Um fenômeno!


Pois bem: Coutinho acompanha a presidente na visita à China. E fez o quê? Voltou a criticar a política cambial.

Leiam o que segue:

Da Reuters:

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, voltou a criticar a política cambial do Brasil nesta terça-feira, em Pequim, em meio à viagem da presidente Dilma Rousseff à China.

Coutinho disse que o Brasil precisa fazer mais para impedir o fortalecimento do real porque a valorização da moeda pode causar problemas para a economia.


O comentário do executivo ocorre em um momento delicado, depois da presidente ter se irritado com um embate interno do governo em torno do câmbio se tornar público pela boca do presidente do BNDES, como a Folha revelou no último sábado.

Na ocasião, Coutinho criticou a equipe econômica comandada por Guido Mantega em um evento com mais de 200 empresários.

Ele condenou o fato de o governo priorizar o controle da inflação, abandonando o “compromisso” de segurar o câmbio a R$ 1,65. Coutinho afirmou ainda que falava, ali, em nome de dois ministros: Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).

Para interlocutores de Dilma, o envolvimento de outros integrantes do primeiro escalão foi infeliz, pois mostra uma divisão interna sobre como conduzir dois dos principais pilares da política econômica.

A presidente, aliás, fez chegar a Coutinho seu descontentamento assim que tomou conhecimento das críticas. Hoje, o executivo afirmou que para começar a lidar com o problema, o governo precisa trabalhar mais duro para conter a alta do real.

“Temos que utilizar nossas ferramentas disponíveis para mitigar a apreciação excessiva”, disse ele.

“Eu creio que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão tentando fazer isso e acho que eles deveriam intensificar esse tipo de ação para impedir apreciação excessiva.”

Na pauta presidencial, o Brasil deve manifestar preocupações sobre como importações de produtos baratos da China têm prejudicado a indústria brasileira, Coutinho afirmou que o Brasil deveria buscar soluções próprias em vez de culpar a China.

Valorização



O real subiu na semana passada para o nível mais alto ante o dólar desde agosto de 2008, depois que o mercado desconsiderou as últimas medidas do governo para taxar investidores que estão lucrando com o juro de dois dígitos do país. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem tentado conter a contínua alta do real com uma série de medidas, incluindo impostos sobre empréstimos estrangeiros e outros controles de capitais, mas a ameaça de novas medidas parece ter perdido sua força.

Apesar de ser inevitável que investimentos fluam para uma economia em rápido crescimento como a do Brasil, o governo deveria emitir barreiras mais fortes contra dinheiro especulativo, disse Coutinho.

“Temos de selecionar os fluxos de capital benignos que ajudam a desenvolver a economia brasileira das atividades especulativas de curto prazo que, de certa maneira, são prejudiciais já que exageram a tendência de valorização da moeda”
, disse ele.
12/04/2011

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