Carlos Brickmann
Comecemos com uma dúvida: um homem de idade, há muitos anos lutando contra o câncer, submetido a mais de dez operações, internado há uma quinzena por obstrução intestinal, sofre um infarto agudo.
E não corre risco de vida?
Torcer pela vitória do vice-presidente José Alencar sobre os males que o atingem é uma coisa; aceitar a prestação de informações inverossímeis é outra.
Estaremos de volta aos tempos em que se falava de "sinais vitais preservados"?
Pois é: o vice-presidente José Alencar na UTI, com infarto agudo e suboclusão intestinal.
O presidente Lula do outro lado do mundo, em Seul.
O terceiro na linha da sucessão, Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, em Buenos Aires.
O quarto na linha de sucessão é o presidente do Senado, José Sarney.
Alguém ouviu algo sobre a posse de Sarney, nas horas (poucas, felizmente) em que dele seria a missão de presidir o país?
Talvez não seja preciso tomar posse, formalmente.
Alguém ouviu algo sobre os atos de Sarney como presidente?
Mas, afinal de contas, qual a importância disso?
Mesmo na Coreia, o presidente Lula tinha acesso a todas as informações necessárias e condições para dar todas as ordens que quisesse.
O que traz à tona a verdadeira questão: por que existe ainda toda uma estrutura de vices, caríssima, que hoje só serve para barganhar alianças, montada numa época em que as telecomunicações não existiam?
É um bom caminho para iniciar a reforma política: cortar o desnecessário, até a Vice-Presidência.
E contar a verdade aos cidadãos, por desagradável que seja.
12 de novembro de 2010
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