Pelo menos 400 famílias movem processos contra a cooperativa, alegando que, mesmo tendo quitado o valor integral dos imóveis, não só deixaram de recebê-los como passaram a ver as prestações se multiplicar a ponto de levá-las à ruína (veja depoimentos abaixo).
Agora, começa-se a entender por quê.
O PAVOR DO DESPEJO
Manoel Marques

Onde morávamos, meus filhos dormiam na sala. Em 2000, quitei o apartamento e nós nos mudamos. Seis anos depois, porém, passei a receber boletos com o valor de 470 reais. Eles diziam que precisavam cobrir gastos excedentes. Até pagaria, se pudesse. Mas a minha renda era de 600 reais. Em 2008, a Bancoop entrou com uma ação de despejo contra mim. Ela não foi concluída, mas, desde então, vivo o pesadelo de eles tirarem o meu único bem material. Durmo sob o efeito de calmantes."
Maria de Fátima Bonfim,
de 55 anos, bancária aposentada
CALOTE DUPLO
Roberto Setton

Alguns meses depois, porém, desconfiei do empreendimento. Eu passava em frente ao terreno e não via nenhum pedreiro lá. Diziam sempre que a construção estava para começar. Não acreditei e consegui transferir o dinheiro que havia investido para outro imóvel deles. Dessa vez escolhi um local cuja construção já estava pela metade.
Como fui inocente... Esse imóvel também nunca foi concluído. Empatamos 80 000 reais nessa história. Não confio mais nas instituições."
A advogada Tânia de Oliveira, de 42 anos,
com o marido, Heleno, e a filha Helena
com o marido, Heleno, e a filha Helena
SEM FORÇAS
Alexandre Schneider

Em dois anos, estava endividado, mas havia quitado meu imóvel. Sentia-me orgulhoso – jamais atrasei uma parcela. Mas em 2005, enquanto esperava o sorteio das chaves, soube que a Bancoop não estava honrando seus compromissos com muitos cooperados. Eu era um deles. Meu imóvel nunca saiu do chão.
No início, briguei, participei de protestos vestido de palhaço. Há dois anos, recebi o diagnóstico de câncer de pulmão, o que me deixou sem forças para lutar.
Perdi as esperanças."
Oscar Costa, 52 anos, bancário aposentado
Com reportagem de Adriana Dias Lopes, Vinícius Segalla, Kalleo Coura, André Eler e Marina Yamaoka
Revista Veja
06 de março de 2010
06 de março de 2010
0 comentários:
Postar um comentário