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terça-feira, 2 de março de 2010

DEMOCRACIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO - 4

DEMOCRACIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO. OU: A DOÇURA DE PALOCCI NÃO ME ADOÇA

Mesma mágica
Repete-se, assim, a mesma mágica de antes: temos um governo que envia seus decretos e faz as suas conferências comuno-fascistóides para ameaçar a liberdade de imprensa, mas temos um Palocci que nos diz que aquilo que está lá não deve ser levado muito ao pé da letra; que aquilo não é para valer.

Noto que o governo mudou o texto no que diz respeito à Comissão da Verdade, corrigindo-o com um novo decreto, mas manteve inalterados os artigos que tratam da censura à imprensa.

Por que fiz a crônica da estabilidade na abertura deste texto?

Porque, mais uma vez, estamos diante de uma mesma fraude intelectual: PORQUE O PT PROMETE QUE NÃO NOS VAI TIRAR O QUE NÃO PODE MESMO NOS TIRAR — A ECONOMIA DE MERCADO —, ENTÃO PODEMOS SER MOLESTADOS POR SUAS TENTATIVAS ESTÚPIDAS DE CRIAR MECANISMOS DE CENSURA.

Palocci age, assim, mais uma vez, como o garantidor e o mediador de dois mundos: sobe à terra como representante conversável do mundo das idéias mortas para dizer que as coisas não são bem como pensamos.

Sai do seminário e volta lá às catacumbas como queem saiu para cumprir uma missão de pacificação e ver o que andam pensando “os outros”.

E há quem queira que devamos lhe ser muito gratos porque, afinal, ele não tem a sede de sangue de muitos de seus pares.

Comigo, não, violão!

SE O DECRETO NÃO É PARA VALER, QUE O GOVERNO LULA FAÇA UM OUTRO MUDANDO AQUELA ESTROVENGA. SE NÃO FAZ, ENTÃO É PORQUE PRETENDE NOS AMEAÇAR COM ELE.


Encerrando com o outro pilar

E o outro pilar da minha intervenção, como ficou claro aos presentes e a quem acompanhou pela Internet, diz respeito à responsabilidade dos próprios veículos de comunicação. Não raro, sob o pretexto de ouvir as vozes plurais da sociedade, confundindo isenção com “isentismo” e outro lado com “outro-ladismo”, a grande imprensa faz-se porta-voz e incentivadora de práticas que atentam contra a liberdade de expressão, contra a democracia, contra o estado de direito.



Há exemplos escancarados dos momentos em que a imprensa pôs os princípios que a sustentam de lado para ecoar as vozes que, no limite, concorrem para solapar a sua legitimidade. Citei aqui os vários casos. Afirmei no seminário que não fui o primeiro a fazer barulho com o Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos porque tenha sido o primeiro a lê-lo.

Não, senhores!

Muitos outros coleguinhas já o tinham feito.

Ocorre que tinham achado aquilo tudo normal, sensato, razoável.

A questão é de valores. E a imprensa brasileira está, em boa parte, tomada pela militância e por sua “corrosão de caráter”, para recorrer a uma imagem que o professor Roberto Romano empregou nesta segunda.

Fazer o quê? Não tenho receitas. Eu já disse o que faço. Chamo coisas e pessoas por seus respectivos nomes e desço o sarrafo naqueles que buscam solapar os valores que considero inegociáveis: democracia representativa e estado de direito.


E não compactuo com quem acende uma vela a deus e outra ao capeta. E estado de direito é estado de direito mesmo!!! A origem, a grana, a família, a sorte, sei lá eu, tudo isso faz com que existam no mundo donos de casa e caseiros. A constituição os iguala. E, por isso, sem autorização da Justiça, não se violam nem o sigilo do dono da casa nem o sigilo do caseiro.

É uma metáfora. Mas também é uma metonímia. É claro que estou me referindo a Palocci. Não costumo recorrer nem a delicadezas nem a indelicadezas oblíquas. O ex-ministro se safou. Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa e considerado o homem que deu a ordem para escarafunchar a conta de Francenildo, foi um dos entrevistadores de Dilma Rousseff no livro-entrevista lançado no congresso do PT para provar que a candidata pensa.



Palocci, segundo entendi, sustenta que Dilma não concorda com o conteúdo do Programa Nacional-Socialista de Direitos Humanos. Ocorre que sua pasta deu forma final ao texto. Vai ver ela também discorda da quebra ilegal do sigilo do caseiro. Só recorreu a Mattoso para tentar deixar mais claro o que pensa…

Não vem que não tem, “garantidor”!

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