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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Piñera é eleito o novo presidente do Chile



Marcia Carmo
Enviada especial da BBC Brasil a Santiago

Piñera entrou na corrida como favorito após ganhar o primeiro turno

O empresário Sebastián Piñera, do partido de oposição Coalición por el Cambio” (“Coalizão para a Mudança”), foi eleito o novo presidente do Chile no segundo turno das eleições, realizado neste domingo.

Com 99,2% das mesas apuradas, o candidato opositor recebeu 51,6% dos votos e o candidato do governo, o ex-presidente Eduardo Frei, da Concertación, 48,38%.

Até o momento, foram computados mais de 7 milhões de votos, incluindo brancos e nulos.

O governo do Chile já reconheceu a derrota nas eleições deste domingo.

Quando 60% das urnas já haviam sido apuradas, Frei reconheceu a derrota e felicitou Piñera pela conquista.

A presidente do país, Michelle Bachelet, telefonou para Piñera para congratular o opositor pela vitória. O telefonema foi transmitido ao vivo pelas emissoras de televisão do país.

“Quero lhe felicitar. As pessoas lhe escolheram democraticamente e espero que o Chile continue neste caminho de justiça social”, afirmou Bachelet.

Sorridente, Piñera disse que lhe pedirá “conselhos”, já que ela fez “muitas coisas boas” durante os quatro anos de gestão.

Os dois afirmaram que a eleição foi “um exemplo de democracia, de alternância” no poder.

Derrota

A frente de centro-esquerda Concertación governa o país desde o retorno da democracia em 1990 e esta é a sua primeira derrota em vinte anos.

Bachelet conversou ainda, ao vivo, com a mulher de Piñera, Cecília, quem disse que “agradece os 20 anos da Concertación” e pediu “união”.

O analista da emissora de televisão TVN, Oscar Godoy, disse que após este resultado, através das urnas, “fica enterrada a vinculação da direita chilena com Pinochet”.

O regime do general Augusto Pinochet durou de 1973 a 1990.

“A partir de agora, Piñera está fundando novamente a direita no Chile”, disse Godoy.

Outro analista da mesma TV, Sergio Micco, disse que, como simpatizante da Concertación, reconhece que a frente chegou dividida nesta eleição e terá que “se renovar”, agora fora do governo.

Piñera entrou nesta corrida como o favorito e foi o mais votado no primeiro turno, em 13 de dezembro.Ele recebeu 44% dos votos e o candidato do governo, o ex-presidente Eduardo Frei, cerca de 29%.

O próximo presidente deve assumir o cargo no dia 11 de março.

Promessas

Na campanha para este segundo turno, Piñera ressaltou que pretende criar planos sociais nas áreas de saúde e educação para os mais carentes, além de permitir que universitários de famílias mais pobres tenham acesso à universidade, já que esta é cobrada no país.

Piñera prometeu ainda manter as medidas implementadas por Bachelet, como a presença de creches nas áreas populares e as facilidades para mães solteiras poderem trabalhar.

Ele afirmou ainda que pretende criar “um milhão de empregos” nos quatro anos de mandato e combater a delinquência no país.

A campanha de Piñera para a segunda fase das eleições também foi marcada pelos contínuo questionamentos da imprensa a respeito de dois assuntos: os negócios pessoais do candidato e sua disposição para incluir políticos do partido que apoiou Augusto Pinochet em seu eventual governo.

Entre os negócios de Piñera estão a companhia aérea LAN, a TV Chilevisión e o time de futebol Colo, Colo.

“Eu já disse um milhão de vezes. Venderei meus negócios na LAN. Vamos transferir a Chilevisión para uma fundação sem fins lucrativos e, se a lei permitir, quero continuar sendo acionista e diretor do Colo, Colo”, afirmou.

Piñera também insistiu que na formação de seu gabinete não estarão ex-membros do governo militar.

“O governo militar terminou há vinte anos e já é história. Vamos olhar para o futuro. Além disso, os que me apóiam não integraram o governo militar”, disse.

Em 1988, Piñera votou ‘não’ no plebiscito sobre a permanência de Pinochet – uma votação que abriu caminho para a democracia no Chile.

“Votei não e vocês sabem disso. Sempre fui contra e condenei crimes de direitos humanos. E após estudar em Harvard voltei para o Chile e trabalhei em projetos sociais na Cepal. A preocupação com direitos humanos e a área social não é exclusiva da esquerda”, afirmou.

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