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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

BRASIL SAI MUITO MAL DA CRISE ECONÔMICA!



1. As ações implementadas pelo governo brasileiro para enfrentar a crise produziram resultados numericamente positivos em curto prazo, mas comprometeram a estabilidade econômica e financeira em médio prazo. Na medida em que os números de 2009 vão sendo abertos, fica a sensação de que ao se empurrar os problemas para frente, pode até haver fôlego para terminar 2010, mas a herança para o próximo governo será pesada.

2. Mesmo sabendo que a demanda agregada mundial na saída da crise viria reduzida pelo enxugamento dos derivativos e a crise no crédito, e que por isso o gasto público compensatório deveria atuar sobre os elementos da competitividade brasileira, especialmente a recuperação e ampliação da infraestrutura econômica (aeroportos, portos, ferrovias, rodovias, energia, pesquisa...). Mas o que se viu foi o facilitário dos gastos correntes, que afagando o eleitor em curto prazo, vão gerar sacrifícios em médio prazo.

3. Com isso, a taxa de desemprego foi sustentada as custas de um aumento do desemprego de maior profissionalização, compensado pelo emprego de menor renda e qualificação. De forma a sustentar o emprego nos setores onde o "sindicalismo cutista" está mais presente, impostos desses setores foram reduzidos, afetando os preços relativos em favor do consumo de bens supérfluos e desestimulando a poupança.

4. A consequência foi uma forte baixa na taxa de poupança nacional e, portanto, nos investimentos. A capacidade de crescer em longo prazo foi debilitada. O déficit público nominal (incluindo os juros), que é o que interessa em nível internacional, dobrou e fecha o ano em mais que 4% do PIB. Enquanto isso, se disfarça a dívida pública líquida com empréstimos intragoverno, em direção aos bancos estatais e, portanto, a dívida pública bruta continuou crescendo.

5. O setor externo foi seriamente afetado, transformando, em um ano, a economia brasileira em primário-exportadora pela perda de competitividade do setor industrial. O caso da China é o mais eloquente por ter se transformado no principal parceiro comercial junto com os EUA. A pauta de exportações para a China é de 80% de produtos primários. E as relações comerciais com os EUA se deterioram elevando o déficit e, pela primeira vez em muitos anos, invertendo a proporção de commodities, que ultrapassou os produtos industrializados.

6. O déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, em 2009, de 20 bilhões de dólares, será dobrado para 40 bilhões de dólares segundo os especialistas. A inflação comemorada como a mais baixa em alguns anos, deve ser ponderada por suas razões. A crise e a recessão já seriam fator suficiente para a redução do nível anualizado de inflação. Mas sobre isso, o real fortemente valorizado, acentuou a tendência, gerando uma falsa comodidade no curto prazo contra pressões inflacionárias muito maiores a partir de 2010.

7. A redução da taxa de juros -vis a vis uma conjuntura recessiva- foi módica, sinalizando -por um lado- a preocupação com a artificialidade dos vetores antiinflacionários descritos e, por outro lado, a necessidade de manter o afluxo de capital externo, engordando as reservas, empurrando a bolsa de valores, mas sinalizando problemas -tipo bolha- no momento em que o mercado antecipar a artificialidade dos números.

8. Se não bastasse, o ano termina com um golpe sobre a segurança jurídica em atos governamentais de caráter político. O paciente foi colocado num respirador artificial e passa bem. Mas a alimentação do mesmo tem vida curta. Caberá ao próximo governo fazer o jogo da verdade, sacrificando sua imagem, e dando a sensação, para a opinião pública média, que o anterior iria melhor. Se isso não ficar evidente ainda em 2010 (como ocorreu em 1998), quem sai estará satisfeito e aguardando 2014. Mas se ocorrer no final de 2010, ou for assim percebido em 2011, o tombo do alto de sua popularidade poderá ser muito grande.

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