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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Quando a imprensa nega o fato escandalosamente óbvio e publica a versão falsa


É, os dias não andam nada fáceis.
Por Reinaldo Azevedo

Ontem, às 21h28, num furo nacional, publiquei em meu blog que o TSE havia autorizado, por unanimidade, a auditoria nas eleições. Sim, fui o primeiro. Passados alguns minutos, para meu espanto, eu lia em todos os grandes portais de notícias: “TSE libera dados da eleição, mas nega auditoria”.

Como? Era uma notícia absurda, mentirosa, fruto da ignorância ou da má-fé! O tribunal deixava claro que todos os dados do pleito estariam à disposição do PSDB, que vai indicar um grupo de peritos para fazer a auditoria — o partido convidou, aliás, representantes de outras legendas para integrar a equipe.

Eu afirmava uma coisa, e o resto da imprensa, sem exceção, outra. Ou eu estava errado ou o resto da imprensa. E, devo deixar claro, eu estava certo. Na raiz da confusão, havia apenas uma questão: os tucanos haviam pedido que os dados fossem tornados disponíveis para uma comissão formada por todos os partidos. O TSE recusou apenas isso porque entendeu, na prática, que o PSDB não poderia fazer uma solicitação em nome das outras legendas.

No mais, todos os pedidos do partido foram aceitos, e todas as hipóteses que apontam para insegurança do sistema serão testadas. É uma auditoria, sim. Infelizmente, a imprensa só se deu por vencida quando o site do próprio TSE publicou um texto com o seguinte título: “TSE aprova auditoria do PSDB sobre sistemas eleitorais de 2014”.

E lá se lia o seguinte conteúdo:
“Por unanimidade de votos, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acolheu, na sessão desta terça-feira (4), pedido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para que a sigla tenha pleno acesso aos sistemas de votação, apuração e totalização dos votos das eleições de 2014 para que o partido possa, se desejar, realizar uma auditoria própria.”

Todos os ministros, sem exceção, notaram que é vital dar credibilidade ao sistema. Para tanto, salientaram que a sociedade merece, sim, uma resposta. Foi uma vitória importante dos cidadãos decentes, daqueles que não subordinam sua vontade e sua inteligência a aparelhos oficiais.

É lamentável que a imprensa como um todo tenha demorado até dar a notícia certa.

Isso deve nos levar à reflexão.

Por que é assim?

Às vezes, a gente tem a impressão de que uma notícia, antes de chegar ao público, passa por uma espécie de comitê de censura… espiritual!


Erraram todos aqueles que satanizaram o povo na rua. Os grandes derrotados desta terça foram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que fez a respeito um dos pareceres mais absurdos da história do Ministério Público, e o corregedor do TSE, João Otávio de Noronha, que decidiu falar fora dos autos.

E se comporta de modo lamentável aquela parte da imprensa que trata cidadãos justamente indignados como se fossem golpistas.

Eu espero que a auditoria prove a segurança das urnas. É melhor para o Brasil que assim seja. Mas é vital para o país que os eleitores confiem no sistema. É o que pede a democracia.
05/11/2014


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