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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Herói da Rendição continua de olho no trono de imperador da economia

Por Augusto Nunes

Bigodão de ditador cucaracha realçado pela deserção do topete, condecorações imaginárias transformando em farda o terno cinza-Brasília, o companheiro Aloizio Mercadante tem caprichado na pose de general do miúdo exército leal à presidente reeleita. Neste começo de novembro, entrincheirado no gabinete do 4° andar reservado ao chefe da Casa Civil, o comandante concentrou-se na etapa inicial da guerra, planejada para despejar do Palácio do Planalto (ou impedir que ali consigam alojar-se) os infiéis assumidos, os fariseus dissimulados e os suspeitos de sempre.

Empunhando o trabuco que dispara intrigas, o combatente que não sabe a diferença entre um gatilho e uma bala anda se gabando das duas baixas resultantes do tiroteio. Guido Mantega, fabricante de previsões cretinas e especialista na ocultação de provas do fiasco da política econômica, vai perder em janeiro o emprego de ex-ministro em exercício. Gilberto Carvalho, a caixa preta de Santo André acampada no Planalto há 12 anos, conformou-se em servir ao PT em outras freguesias. Deverá ser incorporado ao mobiliário do Instituto Lula, mais seguro e mais rentável.

Se sobreviver sem ferimentos a essa etapa inicial, Mercadante talvez consiga anexar o posto de primeiro-ministro de araque ao considerável acervo de títulos honoríficos que mereceu, façanhas de chanchada que protagonizou e monumentos ao ridículo que ergueu. Ele foi promovido a Herói da Rendição por esta coluna graças aos incontáveis recuos, mudanças de rumo, retiradas e capitulações que liderou em poucos anos. Em abril de 2010, por exemplo, como recorda o post reproduzido na seção Vale Reprise, nosso herói precisou de poucas horas para revogar o irrevogável e renunciar à renúncia que o afastara da liderança da bancada do PT no Senado.

Em 13 de junho de 2010, Mercadante reivindicou a paternidade de um prodígio capaz de matar de inveja o mais milagreiro dos santos: para atender ao pedido do autor de “Brasil, a construção retomada’, Lula não só havia lido o livro de ponta a ponta como escrevera o prefácio. Até os bebês de colo e os índios das tribos isoladas sabem que o ex-presidente não fez mais que garatujar a assinatura embaixo do palavrório encomendado a algum companheiro alfabetizado. Mercadante continua jurando que aquilo foi redigido pelo chefe incapaz de desenhar um O com o fundo da garrafa.

A mistura de currículo com prontuário informa que Mercadante merece uma vaga na comissão de frente do bloco que agrupa os incapazes capazes de tudo. Candidato a governador de São Paulo em 2006, enrascou-se na história da compra de um dossiê forjado para prejudicar o adversário José Serra. Foi socorrido por Lula, que rebaixou a “bando de aloprados” uma quadrilha a serviço do PT e transformou em coisa de louco um escandaloso caso de polícia.

Sempre por ordem do chefe, em 2010 Mercadante disputou de novo o Palácio dos Bandeirantes em 2010. De novo, naufragou no primeiro turno. Não é pouca coisa. Mas quem conhece a figura sabe que o ex-senador, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, ex-ministro da Educação e agora chefe da Casa Civil trocaria tudo ─ honrarias, galardões, sacos de dinheiro, prefácios e todas as demais proezas ─ por uma temporada no cargo que persegue desde o dia do parto.

O menino ainda não sabia falar quando revelou aos pais que queria ser ministro da Fazenda. Nem Lula topou ir tão longe: preferiu nomear o médico Antonio Palocci a instalar no ministério um economista como Aloizio Mercadante. Mas ele está bem no retrato que Dilma leva na bolsa. E ela talvez acredite que ninguém no mundo é pior do que Guido Mantega. Aos 60 anos, o Herói da Rendição continua de olho no trono de imperador da economia. Enquanto não for anunciado o escolhido, a ameaça estará apavorando o Brasil que pensa, presta e trabalha.

Antes que tivesse nascido nas urnas a frente antipetista formada por 51 milhões de brasileiros, o fecho deste texto repetiria a sugestão de praxe: oremos. Mas o resultado da disputa eleitoral informa que rezar já não é a única opção. Que tal mostrar nas ruas que o país já não é propriedade dos farsantes, gatunos e ineptos que ainda infestam o coração do poder?

07/11/2014



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