REYNALDO ROCHA
Tempo de contrastes. Dias de redescobertas. Assim vi a passagem de Francisco pelo Brasil.
Nada mais chocante ─ pelo impacto do contraste ─ do que ver Dilma, Evo e Cristina na missa de Copacabana. Nada falaram, o que merece nossos agradecimentos. Foi suficiente a visão da Viúva Eterna, do índio de araque e da surreal presidente que não assumiu ainda. Sem contar a presença de Sérgio Cabral, a salvo de manifestações, preocupado apenas com o helicóptero (e com o Juquinha).
A presidente que temia pela segurança do Papa promoveu reuniões infindáveis com os responsáveis pelos aparatos de segurança. A preocupação com o clima de insatisfação popular visível nas ruas foi estendida à visita de Francisco. Mais uma cortina de fumaça. Previsível como qualquer ação oriunda dos militontos do PT.
O Brasil ─ em especial o Rio de Janeiro ─ mostrou de modo insofismável contra quem é a revolta que explodiu nas ruas.
Não, presidente, não é contra tudo e todos! É contra o que você e seus asseclas representam. Duvida? Dê um passeio pela Avenida Presidente Vargas num carro com os vidros abertos. E reze para não ficar presa num engarrafamento.
A segurança oferecida era desnecessária. Um tal de “povo” sabe cuidar da segurança de quem admira. Sabe distinguir perfeitamente mensageiros de boas-novas de apóstatas que pregam a mentira.
Mais que a religião católica ou a fé de cada um, Francisco representou o retorno e resgate de alguém que fala a verdade. Não oculta nem reescreve uma história. Não encobre erros, não demoniza quem discorda, não diz coisas incompreensíveis.
Isso Dilma jamais entenderá. Na entrevista à Folha de S. Paulo, ela insiste em descrever um país de fantasia, inventa números, quer ser inteligente (e soa somente vulgar).
De novo, senhora copresidente, faça um teste! Tente reunir mil pessoas em Copacabana para ouvir sua mensagem. Qualquer uma. Se entenderem, vão vaiar. Se não entenderem, vão viras as costas.
Ficarão somente os apaniguados, a gritar histericamente que Lula é o Senhor e Dilma a nova Senhora! (Eles berram qualquer coisa. Basta ter emprego, sanduíche de mortadela e tubaína).
Mais uma diferença. As pessoas que participaram dos eventos protagonizados pelo papa Francisco estavam pagando ─ do próprio bolso ─ para lá estarem. Só como exercício matemático: para colocar 3 milhões numa praia qualquer do país, o PT gastaria módicos R$ 210.000.000,00 (a R$ 70,00 por cabeça, o preço de um “manifestante” pró-governo). É caro, ainda mais sem o apoio da dupla José Dirceu e Marcos Valério.
Já vimos a redescoberta da força das ruas. Agora constatamos, entusiasmados, que podemos ouvir mensagens inteligentes (e inteligíveis) no Brasil real. Quase esquecemos que era possível.
Não é o caso de concordar ou não com o que Francisco disse nestes dias memoráveis. Trata-se de compreender que, mesmo discordando, não seremos demonizados.
Entre o papa Francisco e Dilma, numa estranha inversão, quem se preocupa mais com o capeta é ela.
Embora o papa tenha opositores, não se ouviu uma só comparação entre a fé que Francisco professa e outra qualquer. Na entrevista de Dilma à Folha, há um elogio (??) a Lula e cinco comparações com Fernando Henrique.
Francisco enxerga o futuro. E agradece o passado, no que ele pode dar de contribuição para hoje. Dilma dirige de olho no retrovisor. E amaldiçoa quem lhe permitiu ser o que é.
É um contraste. Mais um.
Dizem os antigos que o diabo não fala. Só age.
Dilma é ou não especialista no coisa-ruim?
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