Fábio Augusto Morales Soares é mestre e doutor em em História Social pela USP. Tem 30 anos de idade, é solteiro e dá aulas como professor substituto na PUC de Campinas.
A rigor, seu invejável curriculum não tem pontos de intersecção com o da massoterapeuta Diana Parisi Dias de Moraes, 28 anos, uma ativista social cujo perfil no Facebook é utilizado para a convocação à participação em atos de hostilidade à mídia convencional e em apoio aos moradores da Favela do Moinho, na Barra Funda, em São Paulo.
É possível que Natini Pérola de Barros Oliveira, uma estudante de 24 anos de idade, não conheça o professor Fábio Augusto nem a massoterapeuta Diana Parisi.
Mas é certo que se relacione com Jorge Eduardo Hechert, 27 anos de idade, também estudante, igualmente solteiro, com quem divide um apartamento no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo.
Mas todos eles estavam no mesmo lugar, na mesma hora e, segundo a Polícia Militar, fazendo a mesma coisa: depredando concessionárias de veículos, agências bancárias, pichando prédios e ônibus, apedrejando policiais na Avenida Rebouças.
Os nomes dos quatro constam do boletim de ocorrência lavrado na noite do último dia 30 pelo Décimo-quarto Distrito Policial, em Pinheiros, São Paulo. Juntamente com os de 16 outras pessoas flagradas pela PM ‘vandalizando’ tudo o que estava ao alcance de suas mãos, martelos, pedras e latas de spray de tinta.
O grupo era estimado em cerca de 200 pessoas por observadores da polícia. Os manifestantes atendiam a uma convocação da página do Black Bloc, que se autointitula uma estratégia anarquista que não dá suporte a nenhum tipo de bandeira política.
Mas tem servido para a arregimentação de vândalos que migraram das redes sociais para as ruas, pagando carona nas manifestações.
A lista dos que depredaram patrimônio público e privado — e foram liberados depois de fichados — é composta por 15 nomes e permite construir um perfil médio desse novo persoangem.
A primeira constatação possível é a de que não se tratam de alienados políticos, não se enquadram na categoria marxista do lumpemproletariado e bem poderiam ser classificados como “eites”– na acepção lulopetista do termo.
O arruaceiro médio tem 23 anos de idade, é branco, mora em um bairro central e, na maioria dos casos, já passou por alguma universidade. Todos se declaram solteiros — apenas o companheiro de Natini se diz “convivente”. Apenas dois declararam ter a pele parda. Nenhum é negro.
A maior parte do grupo de supostos vândalos é formada por estudantes sem qualquer outro tipo de atuação profissional. São seis casos entre os 15 detidos que foram autuados em flagrante e liberados em seguida.
Mas há dois professores, um bancário, um empresário, um editor, um estoquista, um operador de telemarketing, a massoterapeuta e outro que não declarou em que trabalha.
Três dos 15 acusados de vandalismo têm curso superior completo. Outros nove declaram não ter ainda terminado o ensino superior. Os que já passaram por alguma faculdade, portanto, representam 75% dos que foram presos em flagrante.
E metade mora em bairros ricos da cidade de São Paulo. Na relação de endereços fornecidos há bairros como a Vila Madalena, Vila Mariana e o Centro.
Quanto aos meios utilizados para a depredação, o personagem proeminente é justamente a massoterapueta Diana Parisi. Com ela foram apreendidos um martelo, um cabo de madeira, um rolo de fita adesiva e peças automotivas. A PM também apreendeu toucas ninjas, bandanas e latas de spray.
O blog tentou falar com as pessoas citadas neste post. O professor Fábio Augusto Soares e Diana Parisi não atenderam. Natini afirmou que não iria fazer comentários. O companheiro dela, Jorge Hechert, ligou em seguida. Ele confirmou ter participado do protesto e disse que foi vítima de uma arbitrariedade, pois não esteve em nenhum ato violento.
Abaixo, você vai encontrar a relação de nomes e a qualificação dos indiciados. O Blog não vai divulgar a fac-símile do boletim de ocorrência para não devassar os endereços e telefones dos acusados, que constam do documento.
Nome | Idade | Estado civil | Profissão | Bairro | cor da pele | instrução |
Antero Augusto Martins Filho | 18 | solteiro | Estudante | Tremembé | branca | segundo grau completo |
Bruno Dias Ferreira | 24 | solteiro | Vila Nova Cachoeirinha | parda | superior incompleto | |
Diana Parisi Dias de Moraes | 28 | solteiro | masso-terapueta | Belém | branca | superior completo |
Diego Gonçalves da Silva | 24 | solteiro | bancário | Moóca | parda | superior incompleto |
Fábio Augusto Morales Soares | 30 | solteiro | Professor | Parque das Uiversidades – Campinas | branca | superior completo |
Fernando Correa de Sá | 24 | solteiro | empresário | Vila Dom Pedro | branca | superior incompleto |
Guilherme Magalhães Chelles | 18 | solteiro | Estudante | Vila Galvão | branca | superior incompleto |
Henrique Montezano Lopes | 18 | solteiro | Estudante | Jardim dos Bichinhos | branca | segundo grau completo |
Jorge Eduardo Hechert | 27 | convivente | Estudante | Largo do Paissandu | branca | superior incompleto |
Natini Pérola de Barros Oliveira | 24 | solteiro | Estudante | Largo do Paissandu | branca | superior incompleto |
Raael Loureço de Albuquerque | 19 | solteiro | estoquista | Itaquera | pardo | primeiro grau completo |
Rodrigo Ferreira Viana | 20 | solteiro | Estudante | Ermelino Matarazzo | branca | superior incompleto |
Thiago Rosa Vignoto | 23 | solteiro | Editor | Vila Invernada | branca | superior incompleto |
Victor Leite de Oliveira | 21 | solteiro | Professor | Vila Mariana | branca | superior incompleto |
Wilson Fernandes Raposo | 26 | solteiro | Operador de telemarketing | Jardim Londrina | branca | superior completo |
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