Por Mônica de BolleO Globo a Mais
O hipotálamo é a região do cérebro responsável pelas sensações de fome e saciedade.
Quando o sujeito sente fome e se alimenta, o estômago se dilata gradualmente, enviando mensagens ao hipotálamo que culminam na sensação de satisfação e saciedade.
A essa altura, a pessoa para de comer. Contudo, quando o indivíduo come em demasia, quando tem por hábito insistir no “olho maior do que a barriga”, as mensagens de saciedade vão sendo progressivamente diluídas até que o hipotálamo não mais seja capaz de interpretá-las para frear o ímpeto da gula.
Nesses tempos de recente passagem do Papa Francisco pelo Rio de Janeiro, não custa lembrar que a gula é um dos sete pecados capitais.
Todos os outros seis – a avareza, a inveja, a luxúria, a soberba, a ira, a preguiça – podem ser caracterizados, de um modo ou de outro, pelas falhas do hipotálamo, pela ausência da sensação de saciedade.
A Presidente Dilma claramente não entende o conceito de saciedade.
“Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social exige mais inclusão. Qualidade de vida gera anseios por mais qualidade de vida”, e por aí vai.
A ladainha, articulada pelo ex-Presidente Lula na sua mais recente coluna para o New York Times, tem sido repetida à exaustão.
Foi dita ao Papa Francisco.
Foi novamente entoada, palavra por palavra, na entrevista concedida à Folha de São Paulo do último domingo.
A saciedade do povo, por assim dizer, amplamente evidenciada na queda da popularidade de seu governo, foi sumariamente ignorada pela chefe da Nação.
Por enquanto, só há espaço para a soberba: “quando a gente (sic) nesses dez anos cria condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles vão querer mais”;
para a avareza, ou ganância: “Querida, olha, vou te falar uma coisa – eu e o Lula somos indissociáveis. Então, esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora falar volta Lula e tal… eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu”;
a ira: “cumpriremos a meta de inflação pelo décimo ano consecutivo. Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta?”;
a luxúria: “eu propus cinco pactos. E, eu tenho um sexto, sabe?”; finalmente, a preguiça:
“o Guido está onde sempre esteve: na Fazenda”.
E, enquanto está na Fazenda, o Ministro Guido Mantega escreve cartas para o FMI, solicitando alterações no cálculo da dívida bruta brasileira.
Segundo ele, o organismo internacional, que formula a sua metodologia de cálculo com base no princípio da comparabilidade, da capacidade de comparar o mesmo dado entre diversos países, deveria alterá-la para favorecer a leitura das contas públicas brasileiras – sacrificando, por óbvio, a sua utilidade como uma métrica comparativa de desempenho.
O Ministro quer que o Fundo exclua da estatística os títulos do Tesouro emitidos e adquiridos pelo Banco Central que não são usados nas operações compromissadas da autoridade monetária, as transações com os mercados securitizadas por esses títulos.
Ocorre que o FMI trata toda a emissão de títulos do Tesouro de um País como criação de dívida bruta, independentemente do seu uso, ou não uso.
A solicitação, além de insólita, remonta ao patético, fruto de um hipotálamo desgovernado.
A falta de acuidade mental, afinal, é um dos sintomas desse tipo de patologia.
Neste ínterim, as estatísticas brasileiras continuam a piorar.
O mercado de trabalho dá sinais de fadiga, com a alta do desemprego e o número de demissões registrado pelo Caged, as contas externas seguem em trajetória de deterioração e as contas públicas desvelaram o pior resultado no primeiro semestre desde 2009.
O único alento de curto prazo é a inflação.
Contudo, com o frio que se abateu sobre o País nas últimas semanas, com as geadas, as chuvas e as quebras de safra dos alimentos in natura que despontaram por aí, agosto promete ser um mês bem mais salgado do que junho, no que diz respeito à evolução dos preços.
“Querida, o desemprego… Olha aqui ó, é fantástico. Tem dó de mim, né? Como não podem falar de inflação porque o IPCA-15 deu 0,07% neste mês… E nós temos acompanhamento diário da inflação, tá? Hoje deu menos 0,02%, tá? Ela é cadente, assim, ó.” Dilma sabe a estatística do tomate.
O que talvez não saiba é que o hipotálamo da economia brasileira, que regula o crescimento, a pressão arterial, a temperatura corporal, as glândulas suprarrenais, está completamente disfuncional.
O resultado é a fadiga, a perda de visão, a impotência, a ausência de acuidade mental…30/07/2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
O Hipotálamo da Presidente
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