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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Rui Falcão desautoriza relator petista da CPI: ‘Não pedi a você o indiciamento de jornalista’

 
O presidente do PT, Rui Falcão, reuniu-se com representantes do partido na CPI do Cachoeira. Relator da comissão, o deputado Odair Cunha (PT-MG) pediu socorro ao partido para salvar seu relatório. Em vez de palavras de apoio, ouviu críticas, sobretudo de Falcão.

O mandachuva do PT disse a Odair (na foto) que está “apanhando” da imprensa por ser o suposto mentor do texto final da CPI. Insinuou que só não respondeu às críticas para preservar o relator. Mas fez questão de desvincular-se da carapuça.

A certa altura, Falcão indagou: “Não te liguei pra pedir o indiciamento do Policarpo [Júnior], liguei?” Referia-se ao diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, acusado no relatório de manter com o bicheiro Carlinhos Cachoeira relações que, na visão de Odair, extrapolaram as fronteiras do jornalismo.

Odair reconheceu que, de fato, não recebera orientação direta de Falcão. Mas afirmou que o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), falara em nome do presidente do partido. Falcão retrucou. Negou que houvesse feito qualquer pedido. Ausente da reunião, Tatto foi desautorizado sem defesa.

No seu relatório, Odair citou 12 jornalistas. Pediu o indiciamento de cinco. Entre eles Policarpo. A investida contra a imprensa é um dos pontos que levaram as legendas governistas a tomar distância da peça produzida pelo relator do PT.

O que estava combinado, disse Falcão no encontro, é que o PT tentaria convocar o repórter de Veja para depor na CPI. Frustrada a iniciativa, o pedido de indiciamento não faria nexo. Falcão recordou conversa telefônica que tivera com Odair depois que tomou conhecimento do texto dele. “Eu disse pra você: como é que pode indiciar uma pessoa que não foi convocada a depor? Todo mundo estranha.”

Odair foi criticado também por não ter consultado o PT e seus aliados durante a produção do relatório. Ouviu apenas o líder Tatto e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. Com isso, como que desabrigou todo mundo de apoiá-lo. A própria reunião do PT, realizada nesta segunda-feira (26), evidenciou o isolamento.

Nenhum dos senadores petistas com assento na CPI participou da conversa. Além de Falcão e de Paulo Texeira, apenas o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) deu as caras. À procura de uma saída, Odair esboçou um pedido de auxílio para vencer as resistências dos partidos aliados, principalmente o PMDB. E Falcão: “Eu não mando no PMDB.”

A cúpula do PT foi informada de que o PMDB já virou a página da CPI. Para trás. O sócio do PT planeja derrotar o relatório de Odair. Na sequência, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), nomearia um novo relator. A preferência parece recair sobre o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF).

No novo relatório, o indicado de Vital se limitaria a fazer um histórico dos trabalhos da CPI, remetendo todo o material recolhido pela comissão ao Ministério Público Federal. Nada de indiciar jornalistas ou de pedir a abertura de investigação contra o procurador-geral da República Roberto Gurgel, como fez Odair.

Confirmando-se esse roteiro, a CPI terminará como começou: na estaca zero. Na prática, mandará de volta à Procuradoria os dados que recebeu da Polícia Federal e dos procuradores envolvidos na investigação da Operação Monte Carlo. De novidade, apenas um lote de depoimentos imprestáveis e informações bancárias que a maioria da comissão prefere não aprofundar.

Numa palavra, a CPI flerta com o fiasco. Um fiasco que, noves fora os salários dos pseudo-investigadores, custou à Viúva pelo menos R$ 200 mil. No encontro do PT, ficou entendido que o partido não quebrará lanças pelo relatório de Odair. Votará a favor do texto. Afagará o autor em discursos. E só.



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