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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PF faz operação com 73 indiciados em cinco estados e no DF


Em São Paulo, computadores foram apreendidos na casa do vice-presidente da CBF

 


Dinheiro apreendido durante a Operação Durkheim, da Polícia Federal

Michel Filho / Agência O Globo


RIO e SÃO PAULO - A Polícia Federal realiza nesta segunda-feira operação em cinco estados e no Distrito Federal para desarticular duas organizações criminosas — uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional. Segundo a PF, 73 pessoas foram indiciadas. Foram presos 25 suspeitos e oito estão foragidos. Também foram expedidos 87 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio e Distrito Federal. Outras 34 pessoas foram levadas para prestar depoimento e depois foram liberadas.

Na operação, iniciada na madrugada desta segunda-feira, policiais federais recolheram computadores e documentos na residência de Marco Polo Del Nero, que é vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), presidente da Federação Paulista de Futebol e membro do Comitê Executivo da Fifa. Del Nero foi conduzido até a sede da PF para prestar depoimento.

Investigação durante apuração sobre o suicídio de policial federal

Em nota publicada no site da Federação, Del Nero afirmou foi surpreendido pela operação da PF e que as buscas não estão relacionadas à sua atividade na entidade e ou a seu escritório de advocacia, no qual é sócio do deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) .

Segundo nota divulgada pela PF, a investigação começou em setembro de 2009, durante apurações sobre o suicídio de um policial federal na cidade de Campinas, que apontou a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos, suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações.

A PF informou que as duas organizações atuavam em paralelo e de modo independente. O elo entre elas é um escritório de advocacia que atuava com os dois grupos criminosos.

Uma das quadrilhas operava uma rede de espionagem ilegal, composta por vendedores de informações sigilosas que se apresentam como detetives particulares, e por seus fornecedores, pessoas com acesso aos bancos de dados sigilosos, como funcionários de empresas de telefonia, bancos e servidores públicos. Entre as vítimas há um ex-ministro de estado, um senador da república, dois prefeitos, desembargadores, uma emissora de televisão e um banco. A PF afirma que todos serão ouvidos na condição de vítimas.

Um extrato telefônico de uma vítima era vendido pelo grupo por R$ 300. Integravam a quadrilha um gerente de banco, policiais e um funcionário de uma operadora de telefonia.

Segundo o delegado da PF responsável pela investigação, Valdemar Latance Neto, o grupo fez entre cinco mil a dez mil vítimas.

A segunda quadrilha era especializada em remessa de dinheiro ao exterior por meio de atividades de câmbio sem autorização do Banco Central. De acordo com a PF, seriam sete grupos de doleiros que montaram um sistema financeiro “paralelo” por meio das operações dólar-cabo e euro-cabo. Alguns dos investigados já foram condenados por lavagem de dinheiro, mas têm recursos pendentes no Supremo Tribunal federal (STF). Juntos, eles mantêm quase uma centena de contas no exterior, principalmente em Hink Kong.

Penas pelos crimes variam de 1 a 12 anos de prisão

Os investigados responderão pelos crimes de divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, realizar interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, realização de atividade de câmbio sem autorização do Banco Central do Brasil, evasão de divisa e lavagem de dinheiro, com penas de 1 a 12 anos de prisão.

A PF batizou a ação de Operação Durkheim, intelectual francês, um dos pais fundadores da sociologia, que escreveu o livro “O Suicídio”, em alusão aos fatos que deram início à operação.

Del Nero é um dos convidados a comparecer nesta segunda-feira ao Soccerex, uma feira de negócios do futebol, que acontece no Rio. No site da Federação Paulista de Futebol, ele divulgou a seguinte nota:

“Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, esclarece que foi surpreendido em uma operação da Polícia Federal durante esta madrugada em sua residência, em busca de documentos não relacionados à sua atividade na entidade e de seu escritório de advocacia.

“Conhecido advogado criminalista, Marco Polo Del Nero prestou depoimento regulamentar na Polícia Federal sendo liberado em seguida. O teor do depoimento segue em sigilo de Justiça”.

26/11/12

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