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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os números do Ibope em SP e por que Haddad tem mais motivos para se preocupar do que Serra.





Ou: Tutelado por Lula, Dilma e Marta, petista empaca.

Ou ainda: Esquerdismo é coisa de rico!



Segundo pesquisa Ibope/Rede Globo publicada ontem, Celso Russomanno, do PRB, segue na dianteira na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com 35% das intenções de voto. Em duas semanas, ele passou de 31% para 35%.


O tucano José Serra oscilou um ponto para baixo no período e ficou com 19%, e o petista Fernando Haddad também baixou um ponto, ficando com 15%. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. Num eventual segundo turno, o candidato do PRB venceria o tucano (52% a 22%) e o petista (50% a 25%).


Se Serra (33%) e Haddad se enfrentassem (37%), haveria uma situação de empate técnico. Se os números estiverem certos, o que temos? Segundo o Ibope, nesses 15 dias, Serra parou de cair (a oscilação de um ponto com margem de erro de três é irrelevante), e Haddad parou de subir.


Ainda assim, como é evidente, os dois se encontram num patamar muito inferior ao do líder e não têm muitos motivos para comemorar. Mas por que a situação é pior para Haddad?

Não, não é só porque se situa na margem inferior do empate técnico — muito provavelmente atrás do tucano. Isso poderia estar em curso numa trajetória de ascensão. Mas o que a pesquisa registra é uma possível estagnação. E isso acontece quando dois de seus cabos eleitorais “fortes” entram em campo: a presidente Dilma e a ex-prefeita, agora ministra, Marta Suplicy. Lula, considerado por Marta a encarnação do próprio “Deus”, está na TV desde o início do horário eleitoral.

Na quinta, dia 6, Dilma fez seu pronunciamento de Sete Setembro, no intervalo de “Avenida Brasil”. Na segunda, dia 10, passou a ser uma das estrelas da campanha. O Ibope fez as suas entrevistas entre segunda e quarta, em meio ao “bombardeio Lula-Dilma-Marta”. Não só a candidatura não se moveu como pode ter perdido fôlego.

Espero que o PT se comporte desta vez. A memória não depõe a favor do partido. Em dificuldades em 2006, tentou o dossiê dos aloprados; buscando dar a grande arrancada em 2010, montou um bunker para fazer mais um falso dossiê contra Serra. Que resista, desta feita, à tentação da baixaria. Adiante. Uma próxima pesquisa dirá se há mesmo aí uma tendência. De todo modo, há 15 dias os petistas anunciam uma ultrapassagem, plantando notinhas na imprensa, que se esquece de acontecer.


Sabem que seu próprio tracking (pesquisa telefônica diária) não é nada bom para o seu candidato.

Vamos adiante. No dia 11, escrevi aqui um post intitulado “Russomanno resolveu baratear o progressismo e o conservadorismo. E a imprensa ‘iluminista’ não sabe o que fazer com ele. Bem feito!”. Evidenciei ali como o jornalismo dito “progressista” criou um monstrengo eleitoral chamado Russomanno, que vai para o segundo turno, com chances reais de vencer o adversário. Tomando emprestado, em outro contexto, um mote do querido Diogo Mainardi, escrevo: “acreditem em mim!”. Naquele texto, escrevi isto:

O que se chama “fenômeno” não tem nada de misterioso ou inexplicável, já escrevi aqui. O rapaz que é incapaz de manter um diálogo consequente sobre a cidade, além das frases de efeito, conseguiu se tornar o beneficiário tanto do sentimento de rejeição à gestão Kassab — meticulosamente cultivado pelos supostos bem-pensantes ao longo de quase quatro anos — como da rejeição, vejam que coisa! — ao próprio petismo.

Num caso, basta-lhe a) fazer críticas fáceis e erradas à administração; caso vença e ponha em prática tudo o que promete, aí, sim, conheceremos o caos na cidade. No que concerne à rejeição ao petismo, b) basta-lhe exercer o que costumo chamar de “conservadorismo rancoroso e desinformado”, e pronto! A imprensa, esmagadoramente pró-Haddad, não sabe lidar com isso. Algumas das “denúncias” que faz contra Russomanno só contribuem ou para fortalecê-lo para consolidar sua posição. Nem por isso têm de ser evitadas. Apenas registro um fato.


Volto
Leiam estes dados colhidos pela Pesquisa Ibope, segundo o Estadão Online:

A pesquisa mais recente revela que, nas regiões da cidade nas quais candidatos do PT venceram nas últimas três eleições majoritárias (para presidente, governador e prefeito), nada menos que 40% dos eleitores indicam Russomanno como seu preferido. É o dobro da taxa obtida por Haddad. Nas mesmas áreas, Serra tem apenas 10%.


Nas zonas antipetistas, onde o partido perdeu nas últimas três eleições, o candidato do PRB também está na frente, mas com índice menor: 31%. O tucano vem em seguida, com 25%, e Haddad aparece com 12%.”

O “Data Tio Rei” não pesquisa eleitores; pesquisa só a lógica. O eleitorado tradicionalmente petista na periferia não é exatamente “petista”, mas “petizado”, o que é coisa muito diferente. Ser esquerdista, no Brasil, requer certos privilégios de classe que o povo não tem; esquerdismo é coisa de rico. O PT costuma seduzir essas camadas com a sua crítica fácil e suas promessas mirabolantes. Russomanno tem-se mostrado melhor nessas artimanhas. E, como se vê, tomou um naco do eleitorado do partido. Mas também conquistou, já expus os motivos, uma fatia dos paulistanos antipetistas — ainda que com seu conservadorismo mequetrefe.

Em tese (em tese, reitero!), dadas as características dos respectivos eleitorados, Serra tem mais condições de retomar alguns eleitores que desertaram da base do PSDB do que Haddad de retomar alguns que desertaram da base do petismo. No primeiro turno, no entanto, a esta altura do jogo, não é uma tarefa fácil. Os brancos e nulos (13%) e os que não opinaram (6%) somam ainda 19%, o que é muita coisa. Parece que tucanos e petistas sabem que sua principal tarefa agora é impedir que a maioria dessa massa migre para o adversário, consolidando o segundo lugar — e isso explica o acirramento dos embates entre Haddad e Serra.

Quarto cabo eleitoral
E olhem que Haddad tem um quarto cabo eleitoral militante: amplos setores da imprensa paulistana, grandes propagadores do “novo”. Não perceberam que Russomanno surfava justamente na onda da “novidade” — onda que parece ter força para chegar à praia do primeiro turno.

Não há nada decidido, é claro! Uma pesquisa do Datafolha do dia 13 de setembro de 2008 apontava Gilberto Kassab com 21%, Geraldo Alckmin com 20% e Marta Suplicy com 37%. Kassab se elegeu no segundo turno com mais de 60% dos votos válidos.

Uma nota final
O grande fiasco dessa eleição atende pelo nome de Gabriel Chalita. A sua fórmula que parecia mágica — um peemedebista tão sensato que parecesse tucano e tão “do social” que parecesse petista — deu com os burros n’água.


O seu ar beato seduziu pouca gente (6% por enquanto, segundo Ibope), mesmo prometendo ônibus de graça para “estudantes carentes”.

Na próxima, convém prometer tênis de graça, camiseta de graça, cerveja de graça, livros de poesia de graça, graça de graça… Quem sabe dê certo.
14/09/2012

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