Segundo
pesquisa Ibope/Rede Globo publicada ontem, Celso Russomanno, do PRB,
segue na dianteira na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com 35% das
intenções de voto. Em duas semanas, ele passou de 31% para 35%.
O tucano
José Serra oscilou um ponto para baixo no período e ficou com 19%, e o
petista Fernando Haddad também baixou um ponto, ficando com 15%. A
margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. Num eventual
segundo turno, o candidato do PRB venceria o tucano (52% a 22%) e o
petista (50% a 25%).
Se Serra (33%) e Haddad se enfrentassem (37%),
haveria uma situação de empate técnico. Se os números estiverem certos, o
que temos? Segundo o Ibope, nesses 15 dias, Serra parou de cair (a
oscilação de um ponto com margem de erro de três é irrelevante), e
Haddad parou de subir.
Ainda assim, como é evidente, os dois se
encontram num patamar muito inferior ao do líder e não têm muitos
motivos para comemorar. Mas por que a situação é pior para Haddad?
Não, não é
só porque se situa na margem inferior do empate técnico — muito
provavelmente atrás do tucano. Isso poderia estar em curso numa
trajetória de ascensão. Mas o que a pesquisa registra é uma possível
estagnação. E isso acontece quando dois de seus cabos eleitorais
“fortes” entram em campo: a presidente Dilma e a ex-prefeita, agora
ministra, Marta Suplicy. Lula, considerado por Marta a encarnação do
próprio “Deus”, está na TV desde o início do horário eleitoral.
Na
quinta, dia 6, Dilma fez seu pronunciamento de Sete Setembro, no
intervalo de “Avenida Brasil”. Na segunda, dia 10, passou a ser uma das
estrelas da campanha. O Ibope fez as suas entrevistas entre segunda e
quarta, em meio ao “bombardeio Lula-Dilma-Marta”. Não só a candidatura
não se moveu como pode ter perdido fôlego.
Espero que
o PT se comporte desta vez. A memória não depõe a favor do partido. Em
dificuldades em 2006, tentou o dossiê dos aloprados; buscando dar a
grande arrancada em 2010, montou um bunker para fazer mais um falso
dossiê contra Serra. Que resista, desta feita, à tentação da baixaria.
Adiante. Uma próxima pesquisa dirá se há mesmo aí uma tendência. De todo
modo, há 15 dias os petistas anunciam uma ultrapassagem, plantando
notinhas na imprensa, que se esquece de acontecer.
Sabem que seu próprio
tracking (pesquisa telefônica diária) não é nada bom para o seu
candidato.
Vamos adiante. No dia 11, escrevi aqui um post intitulado “Russomanno
resolveu baratear o progressismo e o conservadorismo. E a imprensa
‘iluminista’ não sabe o que fazer com ele. Bem feito!”. Evidenciei
ali como o jornalismo dito “progressista” criou um monstrengo eleitoral
chamado Russomanno, que vai para o segundo turno, com chances reais de
vencer o adversário. Tomando emprestado, em outro contexto, um mote do
querido Diogo Mainardi, escrevo: “acreditem em mim!”. Naquele texto,
escrevi isto:
O que se
chama “fenômeno” não tem nada de misterioso ou inexplicável, já escrevi
aqui. O rapaz que é incapaz de manter um diálogo consequente sobre a
cidade, além das frases de efeito, conseguiu se tornar o beneficiário
tanto do sentimento de rejeição à gestão Kassab — meticulosamente
cultivado pelos supostos bem-pensantes ao longo de quase quatro anos —
como da rejeição, vejam que coisa! — ao próprio petismo.
Num caso, basta-lhe a) fazer
críticas fáceis e erradas à administração; caso vença e ponha em
prática tudo o que promete, aí, sim, conheceremos o caos na cidade. No
que concerne à rejeição ao petismo, b) basta-lhe
exercer o que costumo chamar de “conservadorismo rancoroso e
desinformado”, e pronto! A imprensa, esmagadoramente pró-Haddad, não
sabe lidar com isso. Algumas das “denúncias” que faz contra Russomanno
só contribuem ou para fortalecê-lo para consolidar sua posição. Nem por
isso têm de ser evitadas. Apenas registro um fato.
Volto
Leiam estes dados colhidos pela Pesquisa Ibope, segundo o Estadão Online:
“A
pesquisa mais recente revela que, nas regiões da cidade nas quais
candidatos do PT venceram nas últimas três eleições majoritárias (para
presidente, governador e prefeito), nada menos que 40% dos eleitores
indicam Russomanno como seu preferido. É o dobro da taxa obtida por
Haddad. Nas mesmas áreas, Serra tem apenas 10%.
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