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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Se algum ministro do Supremo absolver mensaleiros, quem vai acreditar na sua independência?







Por Reinaldo Azevedo

Alas do PT e a rede suja do subjornalismo, financiada com dinheiro público, estão numa campanha frenética — já escrevi a respeito — para que o ministro Gilmar Mendes, do STF, se declare impedido de julgar o caso do mensalão.

E o que determinaria esse impedimento?

O seu suposto prejulgamento.

Trata-se, obviamente, de uma piada.


Mendes apontou a atuação de gângsteres, que ficam plantando mentiras na rede para desmoralizá-lo e a quantos considerem não ser fiéis ao partido, mas não entrou, é evidente, no mérito do caso.

A pressão é ridícula e dá conta do modo como opera essa gente.


O PT poderia ter em mãos uma coleção de evidências demonstrando a má vontade do ministro com o partido: “Vejam aqui: nas situações X e Y, ele nos perseguiu; fez questão de nos implicar…”.

Ocorre que não tem.

Ao contrário até: em três situações em que figurões do partido poderiam se enrolar, o ministro deu votos favoráveis a estrelas petistas, como sabem Antonio Palocci, Luiz Gushiken e Aloizio Mercadante.

Discordei nos três casos e escrevi a respeito, o que desmoraliza outra tolice: a de que sempre endosso posições defendidas por Mendes.
Nos julgamentos de Raposa Serra do Sol, das cotas raciais e do aborto de anencéfalos, também estávamos em campos distintos. E isso não me impede de considerá-lo um dos ministros mais preparados da Corte.


O problema de boa parte dos petistas e de Lula em particular é que não estão preparados para a independência de um juiz.

O problema de boa parte dos petistas e de Lula em particular é que não estão preparados para a independência do jornalismo.

E não estão por quê?

Porque isso fere a essência do que são o partido e seu líder.

A independência significa a não adesão ao modelo que eles imaginam ter de transformação do Brasil.

Em larga medida, essa posição lhes é ainda mais incômoda do que a de um eventual adversário feroz.

No seu modelo, ou se é mocinho justiceiro (e, nesse caso, é preciso estar com eles) ou se é bandido — e, nesse caso, é preciso estar contra eles.

Reparem: a lógica do mocinho e do bandido justifica as escolhas mais vis.

O PT, como todos sabem, se dedica freneticamente a dois credos: castigar os malfeitos e praticá-los, de sorte que esse mal praticado, desde que seja pelos companheiros, busca o bem dos brasileiros.

Haver quem se coloque de forma neutra nesse território e busque a orientação no texto legal lhes parece inaceitável.


Nem o PT nem ninguém têm ideia da decisão de Gilmar Mendes. Atenção! Se a previsão pudesse ser feita com base no retrospecto de votos relacionadas a estrelas do partido, os que defendem que os mensaleiros vão para a cadeia — eu por exemplo — poderiam ficar pessimistas desde já.

Ocorre que esse retrospecto também não tem validade nenhuma.

Reitero: Gilmar não é um “caçador de petistas”. Trata-se apenas de um membro de nossa corte suprema que não se subordina a tiranetes.

E, por isso, Dirceu e Lula não o querem julgando o mensalão.

Como não querem, é bom que se anote aí, Cesar Peluzo e Ayres Britto.

Se a votação ficasse para 2013, os dois estariam fora do tribunal. Os outros dois também seriam votos certos contra o PT? Os petistas não sabem, e isso os põe nervosos.



Votar neste ano

As únicas manifestações públicas, absolutamente pertinentes, de Mendes sobre o caso alertavam para a necessidade de julgar o caso ainda neste ano, sob pena de o tribunal se desmoralizar.

E ele está certo — ainda que aquela gente possa ser absolvida.

Aliás, anotem aí: o risco de que isso aconteça não é pequeno.

Ocorre que Lula já andou deixando claro que não basta vencer por um voto. Ele quer uma ampla maioria. Só ela lhe daria o pretexto para dizer: “O mensalão nunca existiu”.

E isso quererá dizer, caso logre seu intento, que jamais terão existido Marcos Valério, Delúbio Soares, os saques na boca do caixa, os laranjas…


Lula foi com muita sede ao pote e tomou um porre de si mesmo.

Conseguiu, com suas ações tresloucadas, transformar em suspeitos até mesmo eventuais votos de ministros dispostos a absolver mensaleiros por razões que considerem técnicas.

Quem vai acreditar?

Ao tentar criar um clamor público pela absolvição de seus rapazes, o ApeDELTA conseguiu pôr sob suspeição qualquer um que vote a favor da absolvição, ainda que de modo isento.



04/06/2012



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