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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A cara de palerma apaixonado confirma que a CPI é uma Confraria de Pilantras e Idiotas


 
Por Augusto Nunes

Confraria de Pilantras
e Idiotas

O que será que ele está vendo?, intrigaram-se nesta quinta-feira incontáveis leitores da Folha confrontados com a foto na primeira página.

A expressão superlativamente embevecida do deputado federal Jilmar Tatto grita que o líder da bancada do PT está cruzando, a bordo de um floco de nuvens multicoloridas, a difusa fronteira que separa o deslumbramento do êxtase.

O que faz bater em descompasso o coração do companheiro?

Os olhos rútilos e os lábios trêmulos, na grande imagem de Nelson Rodrigues, avisam que Jilmar está grávido de admiração, orgulho e felicidade.

O que estará acontecendo?

O grupo de candidatas a miss em visita a seu gabinete resolveu homenageá-lo com um striptease coletivo?

A ex-primeira dama Carla Bruni irrompeu no plenário para sussurrar-lhe que topa trocar Paris por Brasília?

Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira, apareceu de repente para comunicar que só aceitará depor na CPI se tiver a seu lado, e de mãos dadas, aquele parlamentar tão sensível?

Nada disso.

Jilmar ficou assim sem que fosse apresentado a alguma singularidade assombrosa.

Para exibir essa cara de palerma apaixonado, bastou-lhe testemunhar, sentado na fila do gargarejo da CPI, o momento em que o governador Agnelo Queiroz propôs a quebra do sigilo telefônico, bancário e fiscal já quebrado pelo Supremo Tribunal Federal.

“Você é nosso e nós somos teu”,
parece murmurar a fisionomia do líder do PT.

O recado endereçado a Sérgio Cabral pelo torturador gramatical Cândido Vaccarezza é a mais perfeita tradução da CPI de araque.

Reveja a foto no alto da página. Contemple sem pressa a imagem que levou Jilmar Tatto a flutuar na estratosfera.

Fica mais fácil entender por que a CPI do Cachoeira virou uma chanchada pornopolítica que finge investigar coadjuvantes para manter longe da cadeia os protagonistas de outro escândalo calculado em bilhões de reais.

O deputado Miro Teixeira tem razão: abstraídos os raríssimos homens honrados, o que se vê é um duelo travado por tropas do cheque tão patéticas e desprezíveis quanto as velhas tropas de choque.

Governistas e oposicionistas aplaudem os bandidos de estimação e fazem de conta que estão bravos com os meliantes do lado de lá.

A simulação ficou perigosa depois que a cachoeira desaguou na Delta.

Nesta quinta-feira, o PT e a base alugada se juntaram para conjurar o perigo e excluíram Fernando Cavendish da lista de depoentes.

Melhor encerrar os trabalhos antes que o Brasil inteiro enxergue na CPI o que ela é:

uma Confraria de Pilantras e Idiotas.

15/06/2012

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