Não
há notícias de romeiros chegando a São Bernardo do Campo.
Não
espoucaram novenas nas missas dominicais e nem romarias aos santuários
populares.
Nem mesmo a tag "Força Lula" decolou no twitter, mesmo disseminada por políticos de primeira grandeza e por jornalistas e blogueiros chapa-branca. Nem mesmo o papa mandou uma carta, mas apenas um recado educado de pleno restabelecimento através do embaixador.
Ao contrário: a exigência nas redes sociais que não podem ser censuradas por uma imprensa cínica foi que Lula seja tratado como um comum mortal, agora ainda mais mortal, recebendo o seu tratamento em algum hospital do SUS, onde, segundo ele, " a saúde é quase perfeita" ou em alguma UPA tão fantástica que "até da vontade de ficar doente para usar".
O clamor foi tão grande que a imprensa reagiu, tratando o fato como covardia, desumanidade, insanidade, creditando tais manifestações aos instintos mais selvagens de uma minoria de trogloditas virtuais.
Censurou as manifestações e deu espaço apenas para a análises comportamentais equivocadas.
A verdade tirada do episódio é que Lula não é a unanimidade que pregam.
Também é verdade que Lula está pagando o preço da sua gabolice e arrogância ao fazer afirmações mentirosas sobre a Saúde no Brasil, verbalizadas na forma de tiradas de efeito para obter dividendos políticos e eleitorais.
Mais verdade ainda é que a imprensa e a militância petista esperavam e desejavam uma comoção nacional.
Ela não houve e talvez a maioria silenciosa até concorde com os que se manifestam pelo tratamento de Lula no SUS, sintetizando nesta metáfora a revolta contra o político e também contra o homem que sempre usou a aura de pobrezinho para tornar-se um dos mais ricos homens públicos do Brasil.
A verdade, a grande e inquestionável verdade, é que Lula está tendo um caríssimo tratamento pago pelos contribuintes cancerosos anônimos que esperam mais de 70 dias por quimioterapia e mais de 120 dias por radioterapia nas filas do SUS.
Sabe o que é revoltante?
É ver uma imensa junta médica dizendo que Lula vai se salvar porque houve um rápido diagnóstico e o tratamento começou imediatamente.
É contra isso que as pessoas estão revoltadas, por ver o pretenso pai dos pobres ser tratado como um imperador.
Esperava-se uma comoção nacional.
Há motivos para que ela não tenha ocorrido, por mais que colunistas, blogueiros e jornalistas não aceitem investigar com isenção e sem preconceitos os motivos que despertaram este sentimento de justiça e de igualdade expresso por boa parte da população brasileira.
É mais fácil censurar e ficar perplexo ante a "maldade" de certas pessoas do que investigar o que existe por detrás deste desejo de que Lula tenha um tratamento isonômico para o seu câncer, igual ao de um Silva qualquer.
As pessoas não estão sendo más.
Elas estão sendo apenas justas nesta país cada vez mais injusto.
1 de novembro de 2011
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