Ou: o dia em que Tarso Genro cobrou um golpe de estado!
Por Reinaldo Azevedo
Um bobalhão, metido a pensador — até sabe pontuar um texto, o que é raro por lá —, me envia uma longa peroração, acusando-me de estar tratando a eleição de Dilma Rousseff como “ilegítima”.Não cheguei a tanto.
Acusei e acuso o uso de expedientes ilegais, imorais, e indecorosos para alcançar esse objetivo.
O debate sobre a legitimidade é um pouco mais complexo, mas eu o faço com gosto!
Quebrar sigilo bancário sem autorização judicial e usar a máquina oficial em favor de uma candidatura são práticas criminosas.
Casar a agenda da administração pública com a agenda eleitoral é imoral.
Um presidente abrir mão de seu papel de magistrado maior das disputas políticas para atacar adversários de seu partido, fazendo-o, diga-se, em horário de expediente, é indecoroso.
E não me peçam para fazer de conta que nada disso aconteceu.
Não aqui!
A razão é simples: caso se assumam tais práticas como aceitáveis ou se as ignore, passarão a ser corriqueiras
E vejam que o que vai nesse parágrafo se restringe aos crimes ligados propriamente à eleição. Há os outros, relacionadas à estratégia de tomada do estado.
Huuummm… Na letra da lei, poderia, sim, dar cassação de candidatura.
No Brasil, dir-se-ia ser um escândalo contra a democracia.
É por isso, a rigor, que o país tem mais escândalos do que democracia…
Ainda ontem, Lula saiu atirando contra o Ministério Público Eleitoral, que pediu para Tiririca provar que é alfabetizado.
O Babalorixá de Banânia, pelo visto, acredita que se trata de um abuso. “Onde já se viu alguém tentar afrontar 1,5 milhão de votos com a lei?”
E sugeriu que o investigado deva ser aquele que está defendendo o que vai no texto legal. Um mimo de seu ideal totalitário!
Mas volto.
Não duvido de que a maioria dos que foram votar, com efeito, acreditam que ela seja a melhor resposta para o país. Nesse particular sentido, é.
Mas que partido é esse, o maior do pais, que consegue criar essa oposição entre legítimo e legal?
Uma certa tensão entre essas duas categorias é até desejável: a sociedade tende sempre a propor problemas que a lei nem sempre alcança no detalhe.
Já a oposição entre esses dois conceitos só é fabricada por quem tem más intenções.
Então ficamos assim:
o PT conseguiu eleger uma “presidente legítima” afrontando a lei.
Tá bom para você, petralha ilustrado?
Tio Rei não gosta de facilidades; gosta é de dificuldades.
Alguém poderia indagar:
“Mas foi a ilegalidade praticada que determinou a sua (dela) eleição?”
Não sei!
Tendo até a achar que não, mas isso é irrelevante.
Um crime não deixa de ser um crime porque o criminoso não logrou os objetivos almejados. É uma questão de lógica da civilização — a outra, a contrária a essa, é a da barbárie.
E sempre me conforta a perspectiva de que um petralhinha ou outro, ou ainda candidato (a) a tanto, com os hormônios em ebulição, possa avançar um tantinho na fronteira do pensamento. Faço blog também como agente civilizador.
Tarso Genro, o golpista
Sabem quem já quis dar um golpe, defendendo a tese em jornal?
Tarso Genro!
Ele mesmo!
O governador eleito do Rio Grande do sul, ex-ministro da Justiça do governo Lula!
Não fosse a minha memória, o PT perderia boa parte da sua, não é mesmo?
No dia 19 de janeiro de 1999, este senhor escreveu um artigo na Folha de S. Paulo cobrando a renúncia de FHC, que assumira havia 19 dias o seu segundo mandato.
Pouco tempo depois, o PT lançaria o grito de guerra “Fora, FHC”, com manifestações na Esplanada dos Ministérios e tudo!
Lula, então, não teria endossado o movimento…
Como a gente sabe, o PT costuma realmente atuar contra a vontade do chefe… Tenham paciência!
Não! Eu não sou golpista, não!
Eu sou um legalista!
E repudio que venham pra cima de mim com essa cascata do “golpe da legitimidade”, um mimo das flores do mal da cultura política gramsciana.
Conforme-se, rapaz!
Meu compromisso é com a democracia!
Não é só uma questão de biografia. Também é uma questão de bibliografia!
Vocês estão percebendo, petralhas, dados os posts abaixo, como a eleição de Dilma me deixou realmente prostrado no sofá, sem coragem nem para ir tomar um Chicabom na esquina?
Ora…
Eu até lhes diria que, sob certo ponto de vista, agora é que começa a ficar bom!
01/11/2010
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