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segunda-feira, 8 de março de 2010

O OSCAR

 O OSCAR

“O que é falso é bem capaz até que tenha talento.”
Roteirista anônimo de Hollywood

Waldo Luís Viana*


          Hoje, na falta do que fazer, do Faustão de plantão, ó Pátria Amada desgraçada, teremos o Oscar... Não é um país feliz, a caatinga de smoking, o Pato Donald dando abraços no Zé (Cornicho) Carioca, cheio de cachaça na venta, afinal é domingo e o Lula ainda não deitou a sua sabedoria de segunda-feira, Deus meu, fui poupado, mas vamos adentro...

          Como é bonito o meu país, que não tem cinema, só tem novela! Só pode ter 850 vocábulos, porque mais o povo não entende. Não entende o subjuntivo, nem as formas arrizotônicas. Mais vai ver o Avatar em 3 dimensões, porque o que lhe resta é Lula, o Filho do Brasil.

          Eu estudei cinema na juventude. Era a sétima arte, naquela época, hoje é objeto comercial. Uma indústria sutil e infantil. Onde escritórios de efeitos especiais despejam mentiras para o público engolir, filmes B, pecados, e todo mundo engole feito BBB e Pedro Bial. Um homem desses, aliás, está enchendo os bolsos de dinheiro e de câncer o coração. Ele pensa que os heróis dele são os mesmos heróis da Nação. É um exemplo de suicídio intelectual, igualzinho pelo que passa a Nação, governada por um analfabeto abonado...

          O Oscar de Hollywood não fala em dois temas vãos: o dinheiro e o intestino grosso. Só vemos filmes criminosos, com malas pretas, cheias de notas de cem dólares, em troca de cocaína pretensamente pura, mas ninguém, em Hollywood, vai ao banheiro, fazer cocô. É sim, o ato simples de defecar não é digno da Rainha Elizabeth ou do Barack Obama. Ninguém caga em Hollywood, por debaixo do smoking, nem Clint Eastwood. E nós, brasileiros, assistimos, tremendo, a festa dos ianques, esquecendo o Chávez, aquele tresloucado porteiro de boate, que, por enquanto, governa a Venezuela.

          Quem vai ganhar? O Avatar? O novo Império Romano, impondo-nos toda ilusão e falsidade, é quem vai dizer. A beleza infinita de Merryl Streep ou os lábios lúbricos de Angelina, a Jolie...

          Estou, para mim, que deveríamos instituir um prêmio de Oscar aqui, neste país, cujo intestino grosso está para explodir... Deveria chamar-se “Maria Letícia”. Um prêmio dourado, qual Serra do mesmo nome, uma estatueta de silêncio, mórbida, a premiar nossos artistas nacionais, os quais pulariam no palco a agradecer o papai e a mamãe, claro, esquecendo os filhos famélicos da Pátria, afinal temos as Ivetes, Cláudias e Xuxas (estamos felizes) – infelizmente no rebolation nacional elas jamais serão lembradas para o Oscar – a minha imodéstia de escritor está propondo essa ideia. Ou um prêmio qualquer, em que todos os analfabetos sejam lembrados, após as cinco da tarde, após um gole de cachaça... Pensemos, pois...

          O Oscar é a medida de nossa derrisão. Uma estatueta sem genitália. A lembrar, que em Hollywood não se fala, por baixo dos panos, em intestino grosso ou dinheiro. Mas que eles existem, meu caros, existem. Dinheiro e intestino grosso. Aliás, são iguais... Não são nossos irmãos, mas de uma nefasta burguesia.

          O Sol sobe a Leste e deita a Oeste sem pedir licença ao Bradesco e ao Itaú. Se não fosse assim, não seria o Sol...

Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e, de vez em quando, olha o céu...

Teresópolis, 7 de março de 2010.

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