Retrocesso do Foro de São Paulo
Por Alejandro Peña Esclusa
O ex-tupamaro José Mujica, candidato presidencial da Frente Ampla, obteve em torno de 47% dos votos, mais ou menos o mesmo que alcançaram — somados — os candidatos de centro-direita, Luis Alberto Lacalle (30%) e Pedro Bordaberry (17%), os quais já anunciaram uma aliança para o segundo turno que se realizará em 29 de novembro. Ademais, a esquerda perdeu a maioria parlamentar que tinha, e agora as tendências estão equilibradas no Congresso. Como se isto não bastasse, o referendo proposto pela esquerda, que pretendia anular a Lei da Caducidade (anistia que amparava a atuação dos militares durante a ditadura), foi derrotado nesse mesmo dia. Significa que os uruguaios rejeitam a agenda de vingança dos ex-guerrilheiros da Frente Ampla, e preferem deixar para trás os enfrentamentos do passado.
Nas eleições gerais do Panamá, realizadas em 3 de maio deste ano, foi derrotada a candidata do Foro de São Paulo, Balbina Herrera (PRD), pelo atual presidente Ricardo Martinelli (Cambio Democrático).
Em 28 de junho passado, o homem de Chávez em Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto constitucionalmente, por ter querido violar o ordenamento jurídico de seu país.
Apesar do esmagador apoio recebido da comunidade internacional, não se vislumbra seu regresso à Presidência, por não ter respaldo político, militar ou popular.
Daniel Ortega colocou-se a si mesmo em delicada e perigosa situação, ao ordenar aos seus aliados — integrantes da Sala Constitucional da Corte Suprema de Justiça — que modifiquem de facto a Carta Magna para permitir sua reeleição.
Os seis magistrados orteguistas atuaram à margem da Lei e contra os demais magistrados, pelo que se espera que surja uma crise política na Nicarágua que poderá resultar na queda do líder sandinista.
Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa enfrentam todo tipo de problemas internos, por dedicarem-se a promover sua agenda política (sobretudo o projeto socialista internacional) abandonando suas responsabilidades concretas como governantes.
Já é notória sua indiferença pela democracia e evidentes as constantes violações dos direitos humanos. Ademais, estão cada vez mais enredados por seus nítidos vínculos com o narcoterrorismo colombiano e o fundamentalismo islâmico.
Os membros mais moderados do Foro de São Paulo, como Lula e Bachelet, não parece que conseguirão a eleição dos candidatos que apóiam para a sua sucessão, e em ambos os casos, poderão resultar vitoriosos seus adversários políticos.
O Foro de São Paulo chegou a sua máxima expressão em 15 de março último, com o triunfo de Mauricio Funes em El Salvador, mas dali em diante vem sofrendo derrota após derrota. Espera-se que continue seu retrocesso já que, como governo, não resolveu nenhum dos problemas que atormentam a região.
Para alguns desses governantes — como Zelaya, Chávez e Morales — não lhes resta outra opção senão favorecer a violência e pisotear o ordenamento jurídico para manter-se no poder, mas, ainda assim, seu futuro político não é promissor.
Ante o iminente fracasso do Foro de São Paulo e o desgaste dos partidos tradicionais, é preciso construir uma terceira opção, capaz de proporcionar soluções para as nações latino-americanas, baseadas em um programa de industrialização e desenvolvimento, e em um renascimento moral e cultural.
Alejandro Peña Esclusa é engenheiro venezuelano, político, escritor e presidente da União das Organizações Democráticas da América (UnoAmérica).
Tradução: André F. Falleiro Garcia
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