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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cuidado, santinho! Por Reinaldo Azevedo

Por Reinaldo Azevedo

Vocês certamente já leram a nota que está no Painel, da Folha. Segue o registro em azul. Comento em seguida:

Santinho!!!

Destratado por Dilma Rousseff em reunião sobre a Transnordestina, o secretário-executivo da Integração Nacional, Luiz Antonio Eira, pediu demissão em caráter irrevogável. A cena, presenciada por empresários e pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE), se deu quando Eira ponderou que, diante do novo cronograma ali acertado (a ferrovia não ficará mais pronta em 2010), seria necessário ajustar também os desembolsos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, hoje todo comprometido com a obra.
“Se o Ministério da Integração acha que vai dispor desses recursos, nem por cima do meu cadáver”, gritou Dilma. Eira tentou se explicar. Os gritos aumentaram, e os termos pioraram. Quem viu descreve a atitude da ministra como “grosseira” e “desrespeitosa”.

Assim não dá. “Ou respondia a ela na hora, ou deixava o cargo”, disse Eira a um colega da Casa Civil. Consultor legislativo, ele retornará à Câmara. O episódio criou mal-estar com o PMDB, partido do ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, e objeto do desejo de Lula para formar chapa com Dilma em 2010.

Padrão. O desfecho é inédito, mas as cenas de Dilma, não. Recentemente, a ministra falou cobras e lagartos para o presidente da Funasa, Danilo Forte. Em público.

Comento
Para quem não entendeu o título da nota principal, relembro uma explicação que já dei aqui. Quando está irritada, não a ponto de ter essa explosão de ira que se relata acima, a ministra chama o interlocutor de “santinho” ou “santinha”. Escolham aí um vocativo pejorativo qualquer: o significado é exatamente esse. É o tratamento que ela dispensa, por exemplo, a jornalistas — geralmente tentando dar um pito neles e ensinando como é que se faz… jornalismo. A sapientíssima é fogo! E há quem adore…

Deve ser herança da sua militância na VAR-Palmares. As organizações guerrilheiras e terroristas eram e são, onde ainda existem, estruturas militarizadas no pior sentido. Digo “no pior” porque se tratava de grupos civis que mimetizavam da ordem militar apenas a rigidez e a obediência devida, mas não o espírito de solidariedade que une os soldados. Exemplifico: num Exército regular, jamais deixa de existir a hierarquia, especialmente num campo de batalha. Mas é impensável a hipótese, por exemplo, de se entregar um soldado raso ao inimigo para proteger o chefe. Ao contrário: se preciso, o que de mais alta patente lidera o risco. Nas organizações de extrema esquerda, entregar boi de piranha sempre foi prática corrente. É claro que esse espírito acaba conformando uma moral profunda, né?

Dilma é bastante áspera — às vezes, deseducada mesmo — até com seus parceiros de ministério. Mansidão mesmo só com o presidente Lula, que é “o chefe”. Definitivamente, a ministra não está preparada para lidar com o contraditório.

Lula não chega a ser um flor de delicadeza com os subordinados, mas nunca foi um esquerdista autêntico, não tem aquele misto de rigidez e pragmatismo com os “inferiores” que caracteriza alguém com a formação de Dilma — que Zé Dirceu já chamou, certa feita, de “companheira de armas”. Há até quem diga que, com Lula, o Brasil experimenta o melhor PT. Caso Dilma vença as eleições de 2010, o país conhecerá, então, o pior.

Cuidado, santinho!

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