Maurren Maggi até resistiu. Os primeiros versos, ela cantarolou com o sorriso abertíssimo.
Passou pelas "margens plácidas", pelo "brado retumbante", pelo “desafia a própria morte” mas, na “terra adorada”, desmanchou.
Pôs a mão no rosto.
As lágrimas desceram, invencíveis, centímetro por centímetro.
Como se descesse junto a imensa ficha... o título olímpico, a vitória eterna, a medalha de ouro.
Um centímetro tinha mudado sua vida.
Maurren Maggi é a primeira brasileira a subir
ao lugar mais alto do pódio em esportes individuais
Aqueles trinta segundos de hino nacional condensado ecoavam Brasil afora. Maurren Maggi, suspensa por doping; Maurren Maggi, dois anos distante do esporte; Maurren Maggi, sete metros e quatro centímetros no primeiro salto.
Foi uma volta por cima, ou um vôo por cima. Que desagradou a uma brasileira:
- Mamãe, eu queria a de prata - disse a pequena Sophia, de três anos, do outro lado do planeta, para deleite de um país.
Sophia, filha de Maurren, tinha dito antes da viagem que não queria medalha nenhuma. Estava chateada com a viagem da mãe. Maurren prometeu uma medalha. E foi buscá-la. E foi cedo.
Chegou sem maquiagem, com um simples coque. A principal adversária, a russa Tatiana Lebedeva, exibia um penteado entre exótico e ousado.
Outras tinham piercings no umbigo. Lebedeva pulou primeiro, voando para 6,97m. Maurren precisava responder.
E lá foi ela. Respirou. Deu um adeus breve para as câmeras. Bateu nas coxas, gritou, deu um soco no ar. Fez o sinal da cruz. Falou para si mesma:
- Vamos lá, vai.
E correu. Foram 22 largos passos até o salto. De pernas estendidas, Maurren levantou vôo no Ninho do Pássaro.
E pousou longe: 7,04m.
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