Console-se: nem os mais velhos o conhecem.
Aqui no Rio, cidadãos de todas as idades estão devidamente assustados.Temem que as eleições municipais de 2008 marquem o início de uma triste etapa.
Políticos corruptos não são novidade em lugar algum, mas nossa Câmara Municipal está correndo o risco, tão sério quanto inédito, de ser ornamentada por duas fortes bancadas representando áreas diferentes do crime organizado.
Traficantes e milicianos não estão brincando.
O TRE já foi informado de que eles até pretendem exigir que os eleitores fotografem a tela da urna eletrônica mostrando o candidato escolhido. Seria o voto de cabresto eletrônico.
Engraçado? Nem um pouco. Autoridades eleitorais falam em neutralizar o golpe proibindo o porte de celulares nas áreas de votação.
Parece ser idéia melhor do que sugerir que o eleitor faça a foto registrando sua subordinação ao cabresto, e depois altere o voto.
Uma boa saída para cidadãos com ânimo de resistir a ordens de traficantes e milicianos.
Quantos existem com essa disposição?
Afinal, uma quantidade considerável de eleitores cariocas convive com os bandidos todos os dias, e não costuma ver o seu domínio ameaçado pelas autoridades.
O traficante e o miliciano que lhe exigem obediência vivem ao seu lado; a autoridade do Estado é apenas algo de que ouve falar.
A não ser - nem sempre, mas com triste freqüência - quando ela se anuncia nas comunidades pelo som de tiros que não escolhem suas vítimas. Há sinais de que o panorama eleitoral no Rio estaria ficando mais preocupante a cada dia que passa.
Prova disso é o fato de que o TRE, que já se declarou contra a idéia de pedir tropas federais para garantir a campanha eleitoral, passou a apoiar a medida na semana passada. Tropas em dia de votação não seriam novidade. Para manter a ordem na campanha, nunca se viu.
Como se sentirão candidatos que precisem de uma escolta de soldados armados para falar aos eleitores?
Nunca houve isso por aqui. Mas é fácil imaginar um cenário: o candidato entra na favela com sua escolta fardada, traficantes ou milicianos atiram de longe, os soldados respondem ao fogo, inocentes são feridos ou mortos.
Quantos candidatos aceitarão correr esse risco?
Repetindo e resumindo: militares armados para garantir as urnas, nenhum problema. Para proteger candidatos, uma quantidade de obstáculos, alguns insuperáveis.
O Globo
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