É antiga e vale para quase todos os países a constatação de que, embora todos os cidadãos sejam iguais perante as leis, sempre há alguns que são mais iguais que os outros.
Estão nesse caso os petistas do primeiro escalão do partido que cumprem pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Pelas normas da prisão, os presos têm direito a visitas nas quartas e quintas-feiras. Mas isso não vale para os três petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. Na última terça-feira, o jornal constatou a presença na Papuda de quase 20 pessoas visitando os presidiários do PT José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
Os visitantes se aproveitaram de uma prerrogativa concedida — sabe-se lá por que motivo — a parlamentares de visitarem presídios quando quiserem. É óbvio que esse direito existe para que senadores e deputados obtenham informações necessárias ao cumprimento de seus deveres legislativos.
Mas o PT se aproveita disso apenas para melhorar a vida de seus membros que cumprem pena por crimes que deveriam envergonhar qualquer partido político. Pelo visto, para a cúpula do PT, José Dirceu e seus companheiros de prisão são heróis vítimas de uma decisão cruel do Judiciário. E, ao abusarem de uma norma criada para facilitar o trabalho de membros do Congresso, mostram desrespeito ao Poder Legislativo.
Além disso, não é exagero constatar que se trata de uma ofensa aos ministros do Supremo Tribunal Federal que, numa decisão que pode ser considerada histórica, mostraram à opinião pública do país que a classe política não está acima das leis.
Os petistas — e, provavelmente, políticos da maioria dos partidos — parece que não concordam com isso. E, pelo visto, mostram também que são solidários com seus companheiros condenados pela mais alta instância da Justiça do país.
O PT é, sem dúvida, um dos partidos mais importantes do país. Por isso mesmo, seus membros mais poderosos deveriam cuidar melhor de sua imagem. A solidariedade escancarada com aqueles que sujaram essa imagem é um comportamento equivocado — tanto do ponto de vista político como moral.
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