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domingo, 7 de julho de 2013

Dona da maior coalizão desde 1988, Dilma vê risco de desmanche no ano pré-eleitoral



Presidente administra crise com o PMDB e Planalto já conta com desembarque do PSB e do PSC da base no Congresso


Eduardo Bresciani

e Daiene Cardoso
BRASÍLIA

Partidos da base de sustentação do governo ameaçam desmanchar a aliança em torno da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. A sinalização ocorre no momento em que a petista quer consultar a população sobre mudanças no sistema político e amarga queda acentuada de popularidade após a série de manifestações pelo País.




Dilma foi eleita em 2010 por uma chapa de dez partidos Beto Barata/AE

Eleita em 2010 por uma chapa de dez partidos, Dilma conseguiu mais adesões e formou a maior base de apoio no Congresso desde a Constituinte.

Manteve índices recordes de popularidade, superando até seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. Até que junho chegou.

A aliança para o próximo pleito - essencial por causa da divisão da propaganda eleitoral de TV - já tinha duas sinalizações claras de baixa antes mesmo da atual crise: PSB e PSC devem ter candidaturas próprias, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o pastor Everaldo Pereira, respectivamente.

A perda do PSB reduz a presença de Dilma no Nordeste, onde a legenda tem boa representação. A saída do PSC reduz a influência de Dilma entre o eleitorado evangélico.

Agora, outros partidos da base podem seguir o mesmo caminho, como é o caso de PP, PSD e PR. Mas a maior preocupação hoje é com o mal-estar cada vez maior com o PMDB, justamente o maior parceiro na aliança e que indicou o vice Michel Temer na chapa vitoriosa de 2010.
A apresentação da proposta do plebiscito sem discussão prévia com a base desestabilizou a relação com o Congresso. Expôs, principalmente, a dificuldade no relacionamento do Palácio do Planalto com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), ambos do PMDB.

Dirigentes do partido acham que a presidente procurou jogar a responsabilidade da “crise de representatividade que ecoou das manifestações” no colo do Congresso.

Apesar da base inchada, a relação da presidente com o Congresso sempre foi complicada. A alta popularidade do governo era a explicação usada dentro do Senado e da Câmara para a manutenção da coalizão, apesar das queixas constantes sobre a articulação política, a ocupação de espaços na administração e a liberação das emendas parlamentares.

Com a diluição do índice de aprovação, que segundo o Datafolha caiu quase à metade em junho, o fator de solidificação da base começou a se dissolver. Pior: o último levantamento do instituto já aponta a possibilidade real de segundo turno em 2014.

Nesse caso, o confronto hoje seria entre Dilma e a ex-senadora Marina Silva (AC), que ainda precisa oficializar seu partido, a Rede.

Eduardo Campos e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) são os possíveis beneficiários de uma eventual debandada. Os dois buscam provocar fissuras na base de forma a cristalizar suas candidaturas. Para aliados de Campos, o PT teria garantido o apoio de apenas dois partidos, PC do B e PDT.

No caso do PDT, porém, há rachas internos e parlamentares que defendem também o descolamento do governo. A avaliação do presidente da sigla, Carlos Lupi, segundo congressistas, é que a crise será passageira e um apoio a Dilma reafirmado neste momento pode significar um melhor tratamento futuro.

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) acredita em reação dos índices do governo e não se surpreende com as ameaças de dissidências. “Não é uma aliança programática e ideológica.”

‘Atônito’. Tratado pelo PT como trunfo para as próximas eleições, o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab é um dos que reavaliam sua posição. Apesar da maioria dos diretórios da sigla já ter se manifestado pelo apoio a Dilma em 2014, deputados próximos a Kassab reconhecem que a maré pode virar.

“Hoje os Estados estão reavaliando (o apoio a Dilma), tenho certeza”, afirma o deputado federal Guilherme Campos (SP). O parlamentar ainda acredita em uma aliança com o PT, mas relatou que o PSD está “atônito” com as manifestações nas ruas.

No PR também há dúvidas sobre a manutenção do apoio em 2014 mesmo com a recente nomeação de César Borges para o Ministério dos Transportes.

O PTB e o PP já não constaram oficialmente da aliança em 2010 e a tendência é de que novamente fiquem de fora. O PTB teria mais pontes com Campos, enquanto no PP a proximidade maior é com Aécio.



06 de julho de 2013



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