Ou: Vejam quem está reclamando de uso político do dinheiro público!!!
E a esgotosfera, financiada com o nosso dinheiro?
Por Reinaldo Azevedo
O núcleo lulo-dirceuzista do PT e seus acólitos e agregados — como o senador Fernando Collor (PTB), por exemplo, hoje um esbirro da turma — continuam empenhados em tentar desmoralizar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Lembram-se de Cândido Vaccarezza?
É aquele deputado do PT que, quando líder do governo na Câmara (vale dizer: era a voz de Dilma na Casa), encontrava-se secretamente com José Dirceu em quartos de hotel.
Outro conviva era Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras.
Depois que ele saiu, se soube como andava, de fato, a empresa. Com uma oposição um pouco mais robusta, esse rapaz seria chamado às tintas. Com uma organização mínima dos acionistas minoritários, eles estaria em maus lençóis.
Adiante.
Pois Vaccarezza, o dirceuzista juramentado, resolveu entrar com uma representação contra o Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público. E qual é a razão? Uma suposta “cartilha” que o Ministério Público Federal elaborou para crianças e adolescentes, explicando em detalhes, numa linguagem acessível, o processo e seu andamento.
O deputado está muito bravo e manda ver. Diz que “custeada com recursos do erário, colhe-se propaganda pronta e acabada sobre os fatos em julgamento”.
Vocês entenderam: ele acusa o MPF de usar dinheiro público para fazer propaganda contra seus aliados.
Não é impressionante que ele seja do partido cujo governo financia uma rede de blogs sujos, alguns deles verdadeiramente criminosos, por meio de propaganda institucional e das estatais?
O material do Ministério Público está muito longe disso. Na linha “joguem pedra do Gurgel”, acusa-o de não ter agido com presteza no caso Cachoeira. Vocês conhecem essa ladainha.
Pois bem.
A página a que ele se refere está aqui.
Não se trata de uma cartilha.
Atenção!
Essa área do site do Ministério Público Federal está no ar desde 16 de outubro de 2009, como lá se informa.
Sua prática corriqueira, reitero, é tentar traduzir em linguagem simples as ações do órgão.
Até questiono se crianças realmente entendem o que lá vai. Alguns jornalistas, aliás, deveriam ler.
Recomendo a Janio de Freitas, por exemplo. Se, agora, existe uma área destinada a informar detalhes do processo do mensalão, é porque esse é o caso da hora.
Basta visitá-la para verificar que esse é apenas um nicho da página.
Se alguns petistas — não só eles — são protagonistas do mensalão, fazer o quê?
Perguntas diretas a Vaccarezza
– Deputado Vaccarezza, quantos milhões por ano as estatais põem nos blogs sujos destinados a puxar o saco de petistas, atacar oposicionistas e a imprensa independente?
– Deputado Vaccarezza, quantos milhões por ano o governo federal, as administrações petistas em outros níveis e alguns gestores da base aliada “investem” nesses mesmos veículos para difamar, caluniar, injuriar, mentir?
– Deputado Vaccarezza, o governo a que o senhor pertence não se envergonha, por exemplo, de sustentar uma publicação capaz de dar fé a uma lista elaborada por um falsário, que mente de forma desabrida para tentar desmoralizar um ministro do Supremo?
– Deputado Vaccarezza, com que autoridade moral acusa desvio de dinheiro público para propaganda quem, por vínculo partidário, está associado a esse tipo de sujeira?
– Deputado Vaccarezza, quantos milhões são empregados no que não passa de uma campanha de caráter partidário e, a depender do período, também eleitoral? Por que o senhor não pede uma investigação? Não o fazendo, então por que não se cala sobre o MPF?
ATENÇÃO, ATENÇÃO!
Eu não estou igualando as duas coisas! Eu não estou dizendo que são ações similares, porém com sinais invertidos. A linguagem a que recorre o site do MPF é objetiva e procura ser didática, sem baixarias e ofensas, é evidente!
Abraça o ponto do vista do procurador-geral, é óbvio — embora divulgue também a versão dos réus. Ora, um simples cotejamento de linguagem evidencia que, de um lado, está o esgoto moral a soldo e, de outro, uma tentativa de traduzir para crianças e adolescentes que diabos, afinal de contas, é esse processo.
É até possível que a página passasse quase despercebida, não fosse essa tentativa canhestra de usar o caso para, mais uma vez, atacar o procurador-geral. Mas por quê?
Avaliação ruim do quadro
Se a turma vai ser condenada ou não, isso eu não sei. Que os petistas estão com uma avaliação pessimista do quadro, isso é fato. Pessoalmente — eu e mais a torcida do Corinthians —, duvido que Marcos Valério se safe no tribunal.
E, com ele, devem ir Delúbio Soares e alguns operadores do núcleo financeiro do esquema. Lembrem-se de que o empresário já foi condenado pela Justiça Federal.
O fato de o processo estar unificado, por vontade expressa da esmagadora maioria do Supremo (9 a 2), impõe aos ministros algumas responsabilidades. Pensemos por hipótese: Valério, Delúbio e mais uns dois ou três são condenados pela lambança, e Dirceu se salva?
Alguém indagará: “Mas Lula não deveria estar lá também?”. É evidente que eu acho que sim! Já escrevi isso umas 300 vezes. Mas não está.
Considero, sinceramente, impensável um Valério inocente — com o devido respeito ao doutor Marcelo Leonardo, que fez uma defesa muito competente e técnica, mas até ele deixou a sugestão de que também o considera.
Pois bem: vai-se condenar o publicitário e deixar o comando político do PT livre e leve (não deveria nem ficar solto…)?
É MESMO?
MAS, AFINAL, VALÉRIO TRABALHAVA PARA QUEM E PARA QUÊ?
Era senhor absoluto de sua própria República?
O destino final da dinheirama era seu projeto pessoal de poder?
Ora…
Um ministro que condena Valério e absolve Dirceu pode até dizer que se apega aos autos de algum modo, mas é evidente que se despediu da lógica.
“Mas não serve Delúbio?”
A resposta seria “sim” caso a gente considere que aquele senhor realmente tinha autonomia para decidir.
E os líderes aliados que participaram da festança já disseram que acordo, para ser celebrado, só com o Zé.
E no Palácio do Planalto!
Petistas neuróticos
Os petistas estão ficando um tanto neuróticos porque o desenrolar do julgamento, que, em tese, lhes é favorável — afinal, são cinco horas de acusação para 38 da defesa —, também começa a evidenciar um lado perverso.
Nunca antes na história destepaiz tantos mártires e inocentes se juntaram, não é mesmo?
E para produzir o quê?
A gente viu.
Na retórica, advogados se esmeram na santidade do réu.
Duvido que o STF cometa suicídio moral — e legal!
A verdade, minhas caras, meus caros, é que o PT apostou tudo que esse julgamento não sairia neste ano.
E apostava que manobras várias poderiam empurrá-lo para uma data sem data.
Reavivado na memória, à luz dos fatos, o que foi o mensalão, assistimos àquele impressionante desfilar de inocentes em meio a empréstimos de fachada, saques na boca do caixa, dinheirama transportada em carro-forte, admissão de caixa dois…
Hoje, o PT está com medo!
09/08/2012
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