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sexta-feira, 2 de março de 2012

Editor de publicação que traz artigo defendendo o assassinato de recém-nascidos diz que o Brasil pratica infanticídio







Julian Savulescu, editor do “Journal of Medical Ethics” e diretor do The Oxford Centre for Neuroethics, escreveu um editorial (vocês encontram o link aqui) explicando por que publicou o artigo em que dois acadêmicos defendem o infanticídio.

E faz uma afirmação surpreendente: segundo ele, o Brasil é um dos países que matam seus bebês recém-nascidos.
                                  
                       
Por Reinaldo Azevedo
Segue a tradução em vermelho.
Comento em azul.
Sou pessoalmente contra a legalização do infanticídio. Como editor do Jornal, no entanto, gostaria de explicar por que ele publica o artigo.

Savulescu é esperto. É daquelas pessoas capazes de ouvir as maiores barbaridades “em nome da ciência”. De todo modo, ele deve estar mentindo.
O debate ético sobre o infanticídio remonta a milhares de anos. Ao longo da história do Jornal, pelo menos 100 artigos foram publicados a respeito, alguns a favor e muitos contra. Alguns dos mais famosos filósofos do mundo escreveram sobre o mérito e as razões do infanticídio, como Michael Tooley,  Jonathan Glover, Peter Singer, Jeff McMahan e John Harris — alguns neste Jornal. McMahan argumenta que a legitimidade do infanticídio não está implícita apenas em certas teorias, mas também em certas convicções amplamente aceitas, difíceis de refutar.

O sentido moral de seu editorial é este: a coleção de absurdos que se vai dizer aqui tem história. Portanto, não fiquem chocados. Ele só não diz que o debate sobre o infanticídio estava restrito aos recém-nascidos com graves deficiências. Atenção! Não que eu justifique. Continua um lixo moral. Mas ainda está um passo atrás do que propõem Alberto Giublini e Francesca Minerva.
O infanticídio é atualmente legal na Holanda. O Protocolo Groningen permite aos médicos matar os recém-nascidos a pedido de seus país se eles [bebês] estiverem enfrentando um sofrimento insuporável. É também praticado em outras partes do mundo, como o Brasil.

O Brasil não pratica infanticídio sob nenhuma hipótese. Savulescu está mentindo. Talvez esteja se referindo a algumas comunidades indígenas, em que crianças, com efeito, são mortas sob a proteção de antropólogos moralmente tarados.
A suspensão de cuidados médicos (um ato intencional, que mata) é parte do atendimento padrão a recém-nascidos com graves deficiências no Reino Unidos, Estados Unidos, parte da Europa e em quase todo o mundo. Isso é chamado, à vezes, de eutanásia passiva.

Mais uma vez, distorce gravemente a verdade. O que se faz, muitas vezes, é não recorrer a equipamentos que prolonguem artificialmetne a vida de um feto considerado inviável. Isso não é infanticídio.
Ao longo dos últimos 40 anos, tem havido um intenso debate sobre a ética de matar os recém-nascidos com sérias doenças ou permitir que morram. Uma das referências,  [o livro] “Causin Death and Saving Lives”, informa que que o Dr. Francis Crick (o laureado Prêmio Nobel que descobriu o DNA, com Jim Watson, em 1956) propôs certa feita um período de dois dias para a detecção de anormalidades [nos recém-nascidos], período depois do qual o infanticídio seria proibido.

Este senhor é um primitivo. Ele acredita que a láurea de um Nobel o torna uma referência também moral. E é de moral e de ética que se cuida aqui.
A interrupção da gravidez é legal na maioria dos países, não só em razão de deficiências do feto como também do bem-estar materno (ou outras razões). Muitos acreditam que isso é moralmente aceitável. Giubilini e Minerva estendem esse longo debate ao infanticício para perguntar: se o aborto é permitido tanto por razões sociais como médicas, por que o infaticídio só é permitido por razões médicas? Qual é a diferença moral entre um feto e um recém-nascido que justifica a diferença? Ambos têm capacidades semelhantes; se um um é permitido, por que não o outro?

Já afirmei que, de certo modo, esses dois monstros ajudam a clarificar o debate. Nunca os justificadores do aborto de interessaram em estabelecer a diferença entre um feto e um recém-nascido. A dupla diz uma coisa certa: não há nenhuma! Chegando à conlusão virtuosa, escolheram o lado nefasto: como são favoráveis ao aborto, não vêem, pois, problema em matar os recém-nascidos.
Esse aspecto do debate sobre o infanticídio por indicação médica ou por razão social é relativamente novo. Eu, pessoalmente, não concordo, mas os argumentos, com base no estatuto moral semelhante do feto e do recém-nascido, pedem refutação.

Sei… Se ninguém se dispuser a refutar um neonazista, isso não o torna certo, entende?
Este trabalho passou pela revisão de seus pares [outros especialistas em ética]. O Jornal não publica ou deixa de publicar artigos em razão de sua natureza controversa. A publicação depende da qualidade dos argumentos, do julgamento desses pares e da equipe editorial. Se um argumento estiver baseado em premissas erradas, obviamente, nós o rejeitamos. Mas, nesse caso, as premissas adotadas pelos autores têm sido amplamente defendidas como parte de um longo debate sobre o status moral da vida humana prematura - embriões, fetos e recém-nascidos -, como atesta o que vai acima.

Ah… Savulescu gostou dos argumentos. Entendi. Um dos grandes momentos do tal artigo se dá quando a dupla explica por que a adoção seria uma saída pior do que o infanticídio. Segundo esses dois especialistas em ética, entregar o filho para a adoção seria ruim para a mãe, que poderia viver a expectativa de voltar a encontrá-lo. Melhor matar a criança para que ela elabore a perda! Savulescu acha esse argumento consistente.
O Jornal está aberto à publicação de opiniões opostas para ombrear com este artigo controverso.

Julian Savulescu

editor

Jornal de Ética Médica
Entendi. O jornal está aberto, mas as “premissas” têm de ser corretas — vale dizer: Savulescu tem de estar de acordo com elas. Ou nada feito. Quem considera bom o bastante o argumento de que o infanticídio é uma saída superior à adoção revela o seu padrão moral.


Vejam quem é Julian Savulescu e o que pensa. 


A publicação do artigo defendendo o infanticídio, ainda que ele diga que não concorda (acho que está mentindo), é parte de uma militância. Já deixou claro que é a favor da destruição de embriões em pesquisas ainda que possam ser considerados “pessoas”. 

Prega também que fetos sejam mortos para que seus órgãos sejam usados em transplantes.

Eis um herói moral do nosso tempo.




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