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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

7 DE SETEMBRO NEGRO - EU VI



À esquerda, sentido Catedral-Praça dos Três Poderes, uma multidão de gente assistindo à parada militar de Sete de Setembro



Diz-se que eram cerca de 40 mil, provavelmente deveria ter 10 mil a menos.

O que já é muito.

Aqui em Brasília, as "repartições públicas", principalmente do Governo do Distrito Federal, destacam servidores quase que imperativamente, para seguirem, com seus filhos (a maioria é devota de São Bento - um fora, um dentro e outro no pensamento) para sofrerem por horas, sob calor e sol escaldantes da seca do Planalto Central. Balançando bandeirinhas, e obviamente, aplaudindo o governador local e o presidente (qualquer que seja ele, desde que seja presidente).

Ônibus para isso são colocados ao inteiro dispor, assim como, em alguns casos, no final, o indefectível sanduba (o que vi parecia ser cachorro-quente) com refrigereco pet de 2 litros.

Quente.


Havia também alguns agraciados com marmitex.

Não parei o suficiente para traduzir o que havia dentro.


Mas lá fui eu para a Esplanada, paramentada de negro dos pés até o pescoço (na cabeça, meu Panamá cor natural, mesmo) para descer o caminho do lado direito, saindo do Museu da República rumo à Praça, com a turma do luto.

Muita gente.

Os jornais on-line noticiam 25 mil pessoas.


No Estudio-i, da Globonews, a reportagem citou 30 mil participantes da Marcha contra a corrupção, segundo a Polícia Militar.

Os organizadores falaram em 40 mil.

Assim que eu lá cheguei, já tasquei logo: no mínimo 10 mil. Depois disso, aumentou e muito o volume de gente. A quantidade, apesar de ser o que faz a vista - e desperta o interesse da imprensa - importa menos, mas fico em 35 mil, para contrariar todos os números.


Desnecessário contar aqui o significado da marcha, todo mundo que vem ao blog já sabe disso.

Contarei o que vi, e algumas observações que fiz, em minhas andanças em meio à marcha.

Circulei por dentro dela, ao máximo, parando cá e lá para conversar com algum grupo, ou apenas ouvir o que falavam.

Para isso que fui.

Não gritei nenhuma "palavra de ordem", nem apito soprei (apesar de divertido, confesso) e olha que tinha apito, viu?!

Barulho do bom.

Evidentemente, não vi tudo.


- O protesto foi, de fato, apartidário. Apareceu lá um grupo do PSOL, os neo-socialistas de butique, seguidores da seita Heloisa Helena, a histriônica ativista do comunismo que só veste jeans e camisa branca (mesmo sendo Armani) e tem como melhor amiga a dona Iris Resende, do PMDB de GO, mulher do político Iris Resende, que, além de ex-dono de Goiás, tipo o Sarney no Maranhão, é magnata da pecuária mundial.

Os organizadores pediram para que guardassem as camisetas e bandeiras.

Obviamente, eles fizeram uma pequena confusão, mas tiveram que aceitar as regras do jogo.

Também é óbvio que não "marcharam".

Ambiente asséptico de partidarismos.




Fato que comemorei e exaltei mentalmente: nenhuma camiseta do Che!

Mas isso durou até meu trajeto de volta, apenas.

Um grupo de 4 jovens, com uma bandeira do PCdoB, me ultrapassou na subida, e um deles, vestia uma camiseta escrito o nome daquele psicopata sanguinário, ídolo dessa gente, nas costas.

Não vi a frente.


Em todo caso, merece registro.

Foi muito pouco, para tanta gente (entre 30 e 40 mil marchantes, lembrem-se).

Talvez a maior prova de que não havia PT nem outra turba de esquerdistas, era a presença esmagadora das pessoas bonitas, literalmente.

Todo mundo, inclusive, com os pés bem limpinhos (muitos de Havaianas, isso ficou bem claro).

As bermudas, calças, vestidinhos, shorts, camisetas, batas, enfim, as roupas, todas limpinhas.

E bem passadas...

Cabelos no lugar, poucos homens de barba.

Definitivamente, não foi um protesto de esquerdistas essenciais.


- A presença, em imensa maioria, era de jovens, entre 16 e 28 anos. Mas havia de mamando a caducando.

Literalmente.

E sim, de preto.

Muitos grupos organizados. Vi grupos de igrejas - católica -, um grupo da maçonaria, inclusive os jovens da ordem De Molay, dois grupos distintos (juntos) de motociclistas, com as famílias.

Havia grupos de faculdades (UNB, inclusive) e de colégios.

O Sigma, onde estuda minha filha, parece que havia se mudado para a Esplanada.

Famílias inteiras, com direito à própria geladeirinha portátil com água, energético, refrigerante e Heiniken.

Aqui, um registo, vi pouca presença (sempre baseando-me pela quantidade de pessoas envolvidas no movimento) de bebidas alcóolicas, o que achei um ótimo sinal.


Havia um grupo de 5 mulheres, da mesma família, onde a mais nova deveria ter 65 anos.

Branquinhas, de preto, naquele sol esturricante. Duas de braços dados, ladeando a mãe, uma senhorinha de uns 85, no mínimo.

Uma outra fotografando, e ainda outra "moça" segurando um guarda-chuva (sol) protegendo grupo.

Havia uma pequena família, umas 8 pessoas, em torno de uma senhora de pé quebrado, numa cadeira de rodas.

Animadíssima.

Infelizmente, para meu gosto pessoal, mas fazer o quê, havia um pequeno grupo com uma faixa pedindo a liberação da maconha. Mas nem cheguei a ouvir cantigas de ordem, deles. Estavam lá e nada mais.


- Muitas palavras de ordem, o que é normal. Mas a "coisa" foi meio solta (minha "base" era exatamente no meio) o que, ao invés de parecer bagunça, me pareceu liberdade.

Apitos e vuvuzelas deram o tom de "vamos fazer mais barulho que o lado de lá".


Muitos com instumentos musicais - violão, trombeta, um saxofone, piston, pandeiros, surdos e tamborins, também. Megafones.

Vi vários com os seus, cada um com um textinho para ser lido.

Houve coro contra a partidarização do STF.

É, sobrou até para os capas-pretas.

E tome muita "zoação" com quem foi assistir ao desfile: "você aí parado, também foi roubado!".




Bandeiras do Brasil, de todo jeito. Faixas, cartazes em "pirulito", cartazes pequenos pregados nas camisetas, cada qual com seu "episódio" de corrupção favorito.

O mote, sem sombra de dúvida, foi a não-cassação da deputada Jaqueline Roriz (de novo, desnecessário discorrer sobre isso).

Gente fantasiada: indefectível personagem do filme "Pânico", muita máscara de "Anonymous".

Uma moça vestida de diabinha, de vermelho e tridente, com cartaz exortando todos a constragerem publicamente o "seu" político.

Bem legal. Vi uma faixa "TERRORISTAS". Na ausência (de novo, se tinha, não vi) de protestos específicos contra o PT, dono da rede de corrupção que originou o protesto, essa faixa foi um bálsamo para minhas vistas, assim como as que condenavam a farra das obras para a Copa do Mundo. E um grupo com várias faixas sobre o verdadeiro PAC - Programa de Aceleração da Corrupção.


Agora, vamos às questões subjetivas desse movimento. Subjetivas, mas não menos nítidas:


1. Apesar da simbólica lavagem da fachada de alguns ministérios, e da rampa do Congresso Nacional, o "sentimento" vigente é sempre contra o Congresso. Aliás, bem-feito para esse que é um dos mais subservientes, por um lado, ao poder Executivo, e por outro, o da minoria, inepto em demonstrar que não é. A culpa de tudo acaba sendo do Congresso e dos parlamentares, o que é bem ao gosto do PT que nos desgoverna. Apesar de que, ninguém, mas ninguém mesmo, por onde circulei, acredita na propaganda de "faxina" de dona presidente, o Parlamento ainda leva a pior imagem.


2. Vaias, vaias, vaias, ao passar pelo Congresso. Muitas vaias. Iguais, só quando o grupo chegou em frente ao Palácio do Planalto e depois, em frente ao Ministério da Justiça.


3. Sarney é odiado. Isso já diz tudo. É a síntese.


4. Na mesma proporção em que faltaram lixeiras (e o povo queria jogar lixo no lixo, se houvessem lixeiras suficientes), tinha muito policiamento. Parei perto de vários grupos de policiais, para "assuntar". A coisa estava tão tranquila que eles se ocupavam (apesar da pose-fachada de alertas) de comentar sobre as meninas (bonitas) que passavam. Uma delícia, ver que a polícia de choque não deu a mínima para o tão falado, da parte do Palácio do Planalto, "perigo" de um protesto contra o governo...


5. Fim do voto secreto no Congresso e fim do voto obrigatório, nas urnas. Isso foi bem pedido. Se tinha, por onde circulei não vi, nenhum cartaz ou faixa pedindo o voto distrital (que eu defendo, junto com o voto facultativo). Gritos de ordem, muitos, contra a censura à imprensa, outra fixação do PT. O "povo" não gostou da ideia.


6. Vaias quando o grupo chegou à Praça dos Três Poderes, fechada por grades. Vi uma correria de policiais, dirigindo-se às grades, e a turma, certamente pensando o mesmo que eu - repressão policial - começou a "protestar": "A praça é do povo!". Não durou 2 minutos. Os policiais corriam mesmo era para retirar as grades, liberando o acesso à Praça dos Três Poderes. Proteção só em torno do Planalto e do STF. Mas ninquém queria saber dos prédios. Ali, na Praça, os organizadores puxaram o Hino Nacional, a turma foi subindo nos monumentos, e começou o batuque. Estava bem animado.

Dali, voltei pelo mesmo caminho, enquanto, com o fim do desfile oficial, a passeata seguiu pelo outro lado, com direito a soltarem alguns foguetes na frente do Ministério da Justiça (eu, subindo pelo outro lado, com um picolé da Kibom na mão, fui "ultrapassada" pela Adriana, do jornal O Globo, que virou para trás para dizer: estou atrasada para entrar no plantão". Ela estava de preto.)


Minha conclusão? Duas, bem simples. O PT sistematizou e descriminalizou a corrupção. Fez desse crime o seu método, sua substância, seu sustento e sua essência. Mas não vive dias de glória, não. As pessoas estão vendo. Graças, logicamente, à parte livre da imprensa que não se ajoelha e divulga o que descobre. A outra, que preferi deixar por último: todo mundo parava de "protestar" para aplaudir, durante todo o percurso, a cada apresentação dos aviões da Força Aérea. Muita festa quando passaram os helicópteros do Corpo de Bombeiros. E, obviamente, eurforia com a Esquadrilha da Fumaça. Bom. Isso é o mais legal. Porque o nosso povo, cá, os brasileiros de CorruPTópolis, in my opinion, ainda somos bem pouco patriotas, e respeitamos, bem menos do que deveríamos, as nossas Armas.


Talvez seja o que falta.



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