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terça-feira, 14 de junho de 2011

A escolha de Ideli



A nomeação da senadora Ideli Salvatti, alçada do obscuro Ministério da Pesca para a até agora irrelevante pasta das Relações Institucionais, parece ter levado em consideração sua disposição inabalável, e muitas vezes beligerante, na defesa de aliados.


Da linha de frente governista na batalha do mensalão, no auge do escândalo, ao apoio aos peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney, a senadora sempre primou por combater ao lado do Planalto.

A essa fidelidade obstinada se soma um estilo incisivo, direto, sem muito espaço para acomodações, que lhe rendeu o apelido de "trator" entre colegas de Senado.

O desnecessário Ministério de Relações Institucionais ocupa-se da negociação das miudezas da política, da liberação de verbas de interesse de parlamentares à escolha de nomes para escalões inferiores do governo federal.

No Brasil, são transações tidas como fundamentais para lubrificar as engrenagens do Congresso Nacional e levar adiante planos e interesses do Palácio do Planalto.

Luiz Sérgio, o titular anterior da pasta, estava manietado pela concentração de poderes e funções na Casa Civil sob Antonio Palocci.

O perfil da senadora parece, no mínimo, inapropriado para o cargo e o momento.

Neófita no mar de interesses do Congresso, a presidente Dilma Rousseff vem de colher derrota estrondosa na votação do Código Florestal, quando acreditou que o peso da caneta presidencial lhe permitiria afrontar os profissionais do PMDB.

O maior partido aliado buscará, agora, se aproveitar da fragilidade política do governo para tentar reativar o peso que Luiz Inácio Lula da Silva lhe reservava.

Embora Ideli seja credora da sigla do vice-presidente, Michel Temer, sua propensão para o confronto pode abrir novas frentes de atrito.

O PT, maior agraciado na montagem do governo, iniciou uma luta de facções para impor um ministro articulador a Dilma e terminou arrostado.

A escolha de Ideli evidencia tanto a falta de quadros (ou de unidade) no partido quanto a parca disposição presidencial para lhe ceder mais espaço.

Já a ministra parece ter ciência das limitações com que assume. Prometeu acelerar nomeações e verbas e se disse vitoriosa "mais conciliando que divergindo".

Seu desafio, e do governo, reside em alcançar um grau de acordo com os aliados que lhe permita aprovar projetos no Legislativo sem mais sobressaltos -e sem render-se de vez ao fisiologismo.

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