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quinta-feira, 3 de março de 2011

Dirceu, o “quadrilheiro” que é “uma gracinha”


Dirceu, o “quadrilheiro”
que é “uma gracinha”

Leio que o quadrilheiro — segundo a Procuradoria Geral da República — José Dirceu estava na platéia de VIPs do programa de estréia de Hebe Camargo, na Rede TV. Consta que ela lhe fez uma especial deferência:

“Olhe ali o Zé Dirceu, perto do Serra e do governador Geraldo Alckmin; pode aplaudir, gente”.

E a “gente” aplaudiu. Na mesma frase, Dirceu, Serra e Alckmin…



Pois é… Outro indiciado no caso do mensalão, João Paulo Cunha (PT), assumiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Um terceiro, Waldemar da Costa Neto (PR), integra a comissão da reforma política — justamente aquela que vai discutir financiamento público de campanha. Eis aí algo em que é especialista. Wanderley Guilherme dos Santos, o co-autor da tese de que a mídia que atacava o mensalão era “golpista”, vai presidir a Casa de Rui Barbosa.
Volto a Dirceu.

Desconheço se Hebe Camargo tem qualquer simpatia pessoal por ele. Acho que não. A apresentadora, que faz 82 anos na próxima terça-feira, com uma vitalidade e joie de vivre impressionantes, paira acima das críticas.

A esta altura, saúda quem bem entender sem que nada lhe seja cobrado. Tenho pra mim, no entanto, que a presença de Dirceu naquela platéia era fruto de um bem-sucedido lobby junto à produção do programa e, obviamente, à Rede TV, sempre tão caroável com o lulo-petismo.

Vênia máxima a Hebe Camargo — e eu também saúdo a sua energia —, Dirceu na platéia não é algo de que alguém deva se orgulhar.

As razões estão no inquérito que a Procuradoria Geral da República enviou o Supremo Tribunal Federal. O fato é que ele foi colocado na platéia, onde foi tratado como homem de bem.

De cabeça para baixo


O país, às vezes, parece um tanto de cabeça pra baixo. O Estadão de hoje traz um texto intitulado: “Hebe exalta petista e constrange Serra”. A íntegra está aqui.

Ali se conta que a apresentadora  cantou as glórias de Dilma e coisa e tal. E o “constrangimento” de Serra?  Cristina Padiglione e Daiene Cardoso tentam prová-lo assim:

“Se Dirceu gostou dos elogios a Dilma, o ex-governador de São Paulo preferiu não acompanhar toda a gravação. Na metade do programa, Serra, derrotado por Dilma no ano passado, levantou-se, deixou a mulher Mônica à mesa que ocupava, cumprimentou o ex-ministro e foi embora. ‘Ele tinha um jantar com um governador de outro Estado no Fasano e não conseguiu desmarcar’, justificou, ao Estado, a ex-primeira-dama.”

Viram? Como Serra foi derrotado por Dilma na eleição, sempre que alguém fizer um elogio a ela, ele ficará constrangido. Dado o hábito do puxa-saquismo no país, então não poderá sair mais de casa. Vai ver Serra tinha marcado um jantar porque anteviu as apologias…

É impressionante!

Notem que Mônica Serra não “informa”, mas “justifica”. O tal constrangimento, que é pura ilação, é passado ao leitor como se fosse informação. Mais: ainda que o ex-governador não tivesse nada para fazer e só quisesse ir embora: por que iss seria um “constrangimento”?

Já Dirceu se sai bem no programa e na reportagem “Ao Estado, após a gravação, ele, que é réu no processo do mensalão, concordou que ficou surpreso com a atitude de Hebe: ‘Ela foi muito generosa’”
Dizer o quê?

O constrangimento de Serra, fica evidente, é pura pegação no pé do chamado jornalismo interpretativo. Por outro lado, seria justificado se tivesse existido. Em festa em que Zé Dirceu é recebido com generosidade, acho que Serra tem mais é de ficar constrangido mesmo.


03/03/2011

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