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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os pecados petistas segundo Sombra

Os pecados petistas segundo Sombra

Blog da Paola Lima


Jornalista Edson Sombra contou em seu blog nesta terça-feira (11) diversas histórias que presenciou ao longo de sua vida profissional que comprovariam as declarações de Durval Barbosa de que o PT-DF não seria tão ético como quer fazer parecer. No texto, prometido desde a semana passada, Sombra conta episódios suspeitos protagonizados como suposta cobrança de propina, pagamento para aprovação de projeto e mentiras contadas com convicção. Confira os principais trechos da denúncia - ou leia a reportagem completa
aqui:

“Após a aproximação com o PT, recebi de uma parlamentar da época a missão de ir à Secretaria de Administração do governo Cristovam. O objetivo era que eu conversasse diretamente com o então secretário da pasta e recebesse, pessoalmente, uma incumbência. Ao chegar lá, fui informado que o GDF tinha faturas atrasadas a acertar com empresas prestadoras de serviço e que poderia dar agilidade à liberação dos pagamentos para os empresários que pagassem porcentagem, em dinheiro, referente ao valor total da fatura.

Fiquei impressionado com a naturalidade com que o secretário tratou do assunto e resolvi visitar a empresa por ele indicada para verificar como funcionava o esquema. Ao conversar com o representante da referida empresa, confirmei o que suspeitava: as prestadoras de serviço tinham de pagar até 10% sobre o valor das faturas para que o governo pagasse a dívida atrasada. Isso em pleno governo do PT“.

(…)

“Ao ler este relato, a hoje ex-parlamentar deve lembrar muito bem do ocorrido. Foi a prova que tive que os esquemas de corrupção não são exclusividades de partidos, mas sim de grupos que estão dentro deles. E vale mencionar: não foi a única experiência desse tipo com integrantes do Partido dos Trabalhadores. Logo após esse episódio, fui procurado novamente pela mesma parlamentar petista, que manifestou interesse em regularizar a situação da Academia de Tênis, tradicional clube da cidade que foi acusado de ter invadido áreas públicas. A idéia da deputada era a seguinte: ela apresentaria o projeto para legalizar a área e eu, como assessor do deputado João de Deus, convenceria o parlamentar a assumir a relatoria da matéria. Em troca, receberíamos uma quantia de R$ 100 mil, dividida igualmente entre nós dois. Por motivos óbvios, a investida da parlamentar não vingou.

Tempos depois o tal projeto foi, de fato, apresentado na Câmara Legislativa, mas com um detalhe: o relator foi o então deputado distrital Adão Xavier, que mais tarde trocou o nome para Carlos Xavier. E a autoria do projeto foi da referida parlamentar à época.”

(…)

“Logo após a cassação do ex-senador Luiz Estevão, denunciei na Câmara Legislativa a venda de uma ata da reunião do Partido dos Trabalhadores por um irmão de um candidato a distrital do PT, hoje ainda deputado pelo mesmo partido, pela quantia de R$ 20 mil. A venda dessa ata de governistas para a oposição da época tinha dois objetivos específicos: prejudicar o projeto de reeleição de Cristovam Buarque e, com o dinheiro arrecadado, turbinar a campanha do irmão do tal negociador, que conseguiu à época ser eleito para a Câmara Legislativa. Vale esclarecer que esses negociadores faziam parte de um grupo contrário ao governo Cristovam, embora fossem do Partido dos Trabalhadores.”

(…)

“Lembro que coloquei à disposição do partido um depoimento feito ao Ministério Público pelo senhor Alberto, ex-funcionário do escritório político de Arruda, localizado na 502 Sul, para entrar no programa de Tv da campanha do PT ao Buriti. Neste depoimento, o senhor Alberto, que já havia feito a denúncia do esquema da Codeplan ao MP, contava como se fazia o caixa dois na 502 Sul para a campanha do então candidato Arruda. O programa não foi ao ar, segundo o próprio Chico, porque a candidata Arlete Sampaio teria afirmado que se tivesse que ganhar a eleição daquela forma, ela preferia não vencer. O tempo provou que ela estava errada. Tanto que hoje está aí o resultado das investigações de parte dos fatos que estavam contidos naquele depoimento: a Caixa de Pandora.”

(…)

“Ainda em 2006, tive - para minha surpresa -, no edifício Liberty Mall, um encontro com um parlamentar do PT que, junto com integrantes do PMDB e do PSDB, visava cooptar a então também candidata ao governo do DF, Maria de Fátima Passos (PSDC). O objetivo era pagar uma quantia em dinheiro à candidata para que ela utilizasse o tempo de televisão para atacar José Roberto Arruda. Só que o grupo do então democrata foi mais eficiente e acabou desarticulando a operação, pagando, segundo me foi relatado, R$ 200 mil para que Fátima Passos não atacasse Arruda durante a campanha, dinheiro este oriundo dos cofres da Codeplan. Isso tudo que estou relatando faz parte de uma história até então não contada. Muitos, talvez, tentem negar. Mas é a pura verdade.”

(…)

“Não posso esquecer e estarei pronto a revelar os conteúdos das conversas e tratativas com o senhor Agnelo sobre a campanha deste ano que, embora não envolvam dinheiro, revelam que para chegar ao poder, eles fazem acordo até com o diabo, desde que o diabo seja vice. Isso ocorreu na época que o deputado federal Geraldo Magela queria se cacifar para ser lançado pré-candidato do PT ao governo do Distrito Federal.

Me mantive calado até este exato momento. Mas eu e Agnelo sabemos quais os motivos que o levaram a assistir os vídeos na sala do ex-secretário de Relações Institucionais e pivô da crise do GDF, Durval Barbosa, meu amigo pessoal. Agnelo não deve ter esquecido de nosso encontro na Torteria di Lorenza no Sudoeste, a mesma que foi palco do flagrante da prisão do ex-conselheiro do Metrô, Antonio Bento, que tentava me subornar.

Na presença de um colega de partido, o deputado Chico Leite, de mim e de uma jornalista, Agnelo tentou negar que teria visto os vídeos. É o mesmo Agnelo que, em outra conversa, admitiu receber apoio no passado para sua campanha ao Senado de um importante nome do governo Arruda. É o mesmo Agnelo, inclusive, que ao sair da sala de Durval Barbosa, à porta do elevador do 10º andar, levou consigo dois CDs com áudios que tratam da comercialização de lotes no Pró-DF, programa do GDF de incentivo ao desenvolvimento econômico, e que nada fez a respeito. Dias depois, o próprio Agnelo me devolveu todo o material.”

“Esse mesmo Agnelo é o que no ano passado demonstrava nos bastidores a intenção de ter encontros com o senhor Joaquim Roriz, chegando até a pensar em propor ao mesmo que sua filha, Jaqueline Roriz (PMN), fosse escolhida vice na chapa do PT. Isso porque, naquela época, Arruda seria imbatível na reeleição. Cheguei a tratar sobre esse encontro com pessoas ligadas ao ex-governador Roriz e só não ocorreu porque houve vazamento e foi matéria do Correio Braziliense.”

(…)

“Por diversas vezes, nos últimos dias, eu e Chico Vigilante conversamos – e ele sabe bem disso – sobre algumas pessoas que, filiadas ao PT, hoje ostentam sinais exteriores de riqueza. Parlamentares petistas se encontravam às escondidas com o ex-governador José Roberto Arruda. Autoridades do PT, que embora criticassem a gestão do ex-democrata – tinham cargos indicados no governo“.

(…)

“O PT cobra ética dos demais partidos, mas não se pronunciou até hoje sobre o nome do ex-deputado Chico Floresta (PT) ter aparecido numa lista do Arruda como suposto beneficiário do esquema de corrupção. O PT não cobrou explicações ao senhor Cabo Patrício por ter apresentado um projeto de lei que beneficiava empresas do ex-presidente da Câmara Legislativa e ex-deputado Leonardo Prudente (sem partido). O PT que não cobrou do senhor Benício Tavares (PMDB) os nomes dos 14 deputados que ele revelou na gravação realizada no gabinete de Durval Barbosa e que, segundo o próprio Benício, teriam se beneficiado do dinheiro dos empresários de transporte para aprovarem a famosa Lei do Passe Livre para pessoas com deficiência.”

(…)

“Quero frisar que não poderia deixar ser taxado de mentiroso em troca de uma imagem já falida do Partido dos Trabalhadores. Além disso, não poderia abandonar uma pessoa que teve a coragem de se incriminar, de se separar dos seus próprios filhos, de se expor e revelar o maior escândalo de corrupção já descoberto no Brasil, que é Durval Barbosa. Não poderia fazer isso em troca de uma amizade com um político, mesmo sendo essa amizade verdadeira e até mesmo mais antiga.

Por esses fatos que expus acima, e com todos os detalhes que estarei pronto para esclarecer nos fóruns cabíveis, estou encaminhando a íntegra deste relato às autoridades competentes. Acredito que a verdade tem um preço. E a amizade também tem. Mas entre a amizade e a verdade, escolho a verdade. E nem que para isso eu seja retirado do hall de amigos de Chico Vigilante. Não tenho opção. Se esse é o preço da verdade, pagarei por ela. Seja política ou juridicamente.”

Brasília, 12 de Maio de 2010
paola@blogdapaola.com.br

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