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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Desde novembro do ano passado, alguns “analistas” prevêem uma grande crise na “campanha” (qual?) do agora pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.

SERRA LEVANTA A BOLA, E DILMA CORTA. OU: OBSESSÕES RETÓRICAS FORA DE HORA


Desde novembro do ano passado, alguns “analistas” prevêem uma grande crise na “campanha” (qual?) do agora pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.


E os que não a previam juravam que ele não seria candidato…


Em fevereiro, dizia-se, Dilma Rousseff, a pré-candidata do PT, passaria seu adversário nas pesquisas.


E aí… Bem, isso ainda não aconteceu, com se sabe. O PT aposta tudo no programa partidário do dia 13, que já tem um compromisso marcado com a ilegalidade, a exemplo das inserções curtas que foram ao ar — um insulto descarado à Lei Eleitoral.

Será a hora ao menos do empate?

Vai depender de algumas coisas: os institutos farão pesquisa dois dias depois ou não?


Qual é o quadro de agora?


Desde o lançamento oficial das pré-candidaturas (uma jabuticaba que só existe no Brasil), Serra navega em boas notícias, ao contrário de sua adversária petista, colhida pelas vagas da própria inexperiência e pelo excesso de cardeais petistas dando pitaco na candidatura.


Todo mundo diz o que a pobre Dilma tem de fazer. Qualquer que seja a dica, o sentido é um só: “Seja menos Dilma”, o que, convenham, é tarefa difícil. E os petistas ficam à espera de Godot — que, nesse caso, existe: é Lula. A questão é saber se ele vai mesmo operar a reversão.


A fase virtuosa que vive a candidatura Serra se deve, em boa parte, a seu desempenho pessoal. Está notavelmente à vontade, lembrando o candidato à Prefeitura de São Paulo em 2006. A máquina tucana à sua disposição chega a ser ridícula se comparada ao gigantismo da petista.


O dinheiro que falta de um lado abunda de outro; de um lado, um exército de tarefeiros; de outro, ainda uma armata Brancaleone. Biografia e experiência, nesta fase, estão fazendo a diferença.


A depender do andar da carruagem, podem definir, sim, a eleição.


O noticiário está, como sempre, sedento.

E está devidamente “pré-pautado” para transformar a eleição de 2010 naquilo que ela não é: um confronto entre os governos Lula e FHC.

Por enquanto, não tem funcionado. Desconfio até que, quanto mais Lula canta as próprias glórias, mais chama a atenção para o fato de que “ela não é ele” — vale dizer:

Dilma não é Lula.

Adiante.

Até agora, parece que a maioria do eleitorado compara Serra a Dilma, não FHC a Lula.

Um confronto entre os candidatos, não entre passados, é preferível para Serra — e, creio, para a democracia e para o futuro do Brasil, já que Lula é dono da história e a conta como quer. Os erros e acertos dos candidatos têm contado bastante.
Saudades da crise

Com algum humor, eu diria que Serra pode estar com saudade de uma certa adrenalina da crise. O petistas estão doidinhos para carimbar no tucano a pecha de “intervencionista” e para caracterizá-lo, notem a ironia, como um “risco à estabilidade”.

Na oposição, o PT pregava a “esperança contra o medo”; do outro lado do balcão, não vê problema em pregar “o medo contra a esperança”.
E Serra faz o quê?


Cai, se isto é possível, de forma deliberada na armadilha.

O que é “cair de forma deliberada na armadilha”?

É saber que faz um discurso que pode ser explorado pelo adversário. Em entrevista à rádio CBN, disse que 0 “Banco Central não e a Santa Sé” e que a taxa de juros deveria ter sido reduzida no passado. Entendo.

A quantos eleitores ele está falando?

A bem pouco, mas com um bom poder de fogo. O eleitor não tem a mais remota noção dos mistérios da taxa Selic. Indagado sobre a relação do BC com a sociedade, defendeu a sua autonomia, mas afirmou que, se houver “erros calamitosos, o presidente tem de fazer sentir sua posição”.

Vamos ver: nem Serra nem Dilma defendem, não até agora, um Banco Central com mandato, cujo presidente seja aprovado pelo Congresso, com a obrigação de cumprir certas metas, sob a supervisão de uma comissão do Parlamento. Isso seria independência. O Brasil tem-se contentado com a chamada “autonomia”.

Quantas e quais foram as interferências dos presidentes FHC e Lula nas decisões do BC?

Nunca ninguém saberá. E é bom que assim seja. Justiça se faça: os que recomendavam a Lula, nos idos de 2003, que interferisse no BC de olho na opinião pública estavam lhe dando um mau conselho.

E era a pior banda do PT que o fazia. O maior acerto de Lula ainda é ter resistido.
E se Serra ganhar?


O que vai acontecer com o BC, com os juros, com o câmbio etc. caso Serra vença a eleição? A minha resposta: NADA! As coisas vão continuar como estão, e, assim como não se conhecem hoje os movimentos internos que pressionam a política monetária, não os conheceremos no futuro governo, pouco importa o titular. E é bom que os critérios não sejam mesmo expostos. Trata-se de matéria delicada.

Então para que dar respostas ambíguas, quando não pela metade? Se o tucano acha que teria sido preferível enfrentar a crise com menos juros e e não com mais isenções, escolhendo aquela maneira de aquecer a economia e não esta, então tem de deixar claro. Eu, pessoalmente, acredito que especular sobre esse assunto corresponde a fazer campanha para o adversário — no caso, a adversária.
Dilma aproveitou

E não deu outra. Dilma é inexperiente, mas não é burra. Num seminário, no Rio, aproveitou a janela de oportunidades aberta pelo adversário:

“Defendo a autonomia operacional do Banco Central. Acho que relações institucionais têm de se pautar pela maior tranqüilidade possível, pela serenidade. Sempre tivemos uma relação muito tranqüila com o Banco Central, de muito pouca turbulência, de muito pouca confusão (…)”

E sobre a oportunidade supostamente perdida de ter baixado antes os juros?

“É uma coisa muito complicada a gente raciocinar no ’se’. O Banco Central tem um registro de cuidado e cautela. Ele teve isso durante a crise. Não vou deixar de reconhecer aqui a quantidade de acertos, de muitos acertos, que o Banco Central teve no enfrentamento da crise. A forma como ele se comportou com o compulsório, a forma como o Banco Central liberou crédito. É muito relativa essa discussão do ’se fizesse isso, se fizesse aquilo’…”

Desde o lançamento das pré-candidaturas, Dilma não fazia um gol. Fez um hoje. Por conta do quê? De uma questão que, a esta altura, não vai além da retórica. Serra foi lá e pôs a bola na marca do pênalti para ela chutar.

Na CBN, Serra também afirmou que, “do ponto de vista de uma análise convencional”, é “de esquerda”.

Então o Brasil vive uma realidade não-convencional.

Explico-me: eleitores que, de fato, militam na esquerda votam na candidata que têm o apoio das esquerdas: Dilma Rousseff.

Quantos são os esquerdistas do Brasil?

Devem lotar o Pacaembu, aqui em São Paulo, mas não lotariam o Maracanã, no Rio.

“De um ponto de vista convencional”, deixarei isso para outra hora, boa parte dos eleitores de Lula seria considerada “de direita” ou “conservadora” em qualquer país democrático do mundo.

Eu gosto de fazer debate ideológico aqui.

Aliás, eu reconhecidamente o faço e considero que as ideologias existem e são relevantes. Numa campanha eleitoral, no entanto, esse é outro abismo retórico.

Ao se declarar de esquerda, Serra certamente não conquista os votos dos esquerdistas do Leblon, no Rio, ou dos Jardins, em São Paulo.

E os direitistas da Baixada Fluminense, no Rio, ou de Guaianazes, em São Paulo, não estão nem aí.
segunda-feira, 10 de maio de 2010

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