Marqueteiro prestou depoimento em ação que tramita na Justiça Eleitoral e que pode levar à cassação da chapa Dilma-TemerPor Laryssa Borges
Veja.com
(Divulgação)
Marqueteiro das campanhas presidenciais dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o publicitário João Santana afirmou nesta segunda-feira, em depoimento à Justiça Eleitoral, que a ex-presidente cassada sabia do esquema de caixa dois utilizado em 2014 em sua campanha à reeleição. Santana fechou acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato e é testemunha-chave no processo em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai decidir se cassa a chapa Dilma-Temer, vencedora no último pleito.
Santana depôs por cerca de duas horas, por meio de videoconferência, ao ministro Herman Benjamin, relator da ação de impugnação de mandato em tramitação no TSE. Pouco antes das 9h30 desta segunda-feira, a sócia e mulher dele, Mônica Moura, também delatora da Lava-Jato, relatou ter tratado pessoalmente com Dilma, em uma reunião no Palácio do Planalto em 2014, do esquema ilegal de arrecadação de recursos para a disputa eleitoral. Na versão apresentada pela publicitária ao ministro Herman, os contatos com o PMDB e com o então candidato a vice-presidente, Michel Temer, se resumiam a preparações para os programas de TV.
A delação premiada do casal João Santana e Mônica Moura é considerada a pá de cal contra Dilma Rousseff na ação que tramita no TSE. O vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino revelou a existência do acordo com a Justiça após a defesa da ex-presidente ter conseguido que o processo fosse reaberto para a oitiva do ex-ministro Guido Mantega. Mantega, aliás, é apontado pela dupla de marqueteiros como o operador do caixa dois presidencial na campanha de 2014. Na campanha anterior, como o casal já havia admitido ao juiz Sergio Moro, cabia ao ex-ministro Antonio Palocci a tarefa de administrar os recursos não contabilizados, em boa parte provenientes dos cofres da Odebrecht, para irrigar o caixa eleitoral de Dilma. Também em depoimento à Justiça Eleitoral, o delator da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse que João Santana recebeu, via caixa dois, pelos serviços de marketing político prestados a campanhas presidenciais em El Salvador, Angola, Venezuela, República Dominicana e Panamá.
24 abr 2017
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