Por Reinaldo AzevedoEsta foto, convenham, é inesquecível.
Lula e Fernando Haddad se encontram com Paulo Maluf nos jardins da mansão do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. Não se tratava, como fica claro agora, de uma aliança episódica; é coisa mais profunda, de pele mesmo. Marina Dias informa na Folha desta terça que o PP malufista “trocou Alckmin por Padilha”.
Reproduzo trecho:
“O PP do deputado federal Paulo Maluf (SP) deixou o cargo que ocupava no governo de São Paulo em um movimento de aceno ao PT no Estado, que no ano que vem irá lançar a candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. No último dia 19, Antônio Carlos do Amaral Filho, presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), anunciou seu desligamento da companhia após um embate interno com o secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro. A ação foi interpretada por aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) como um sinal do desembarque dos pepistas da gestão tucana e do alinhamento da sigla ao PT. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Padilha tem se empenhado pessoalmente nas negociações com os partidos que podem integrar sua chapa. O ministro já se reuniu em Brasília com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, para acertar os detalhes do apoio.”
Os petistas, como sabemos, consideram o governador Geraldo Alckmin um conservador, né? Os petralhas arriscam até um “direitista”, certo? Progressista é o PT. Por isso mesmo, deve se aliar a Maluf também na esfera estadual. Aí o petralhinha tira os membros dianteiros do chão e tenta raciocinar com a coluna ereta: “E se Maluf estivesse com Alckmin? Aí ele seria bacana?”. Bem, não nesta página. Nunca foi. O homem até já me processou. E perdeu. Quem transforma aliados em heróis, quaisquer que sejam eles, e adversários em bandidos, quaisquer que sejam eles, é o PT, não eu. É no petismo que vale a máxima de que os amigos são sempre inocentes, mesmo quando culpados (não é, mensaleiros?), e os inimigos são sempre culpados, mesmo quando inocentes.
Quem sai por aí pespegando a pecha de “direitista” em adversários são os patriotas petistas. Eles são sempre progressistas, mesmo quando aliados a Maluf. Esse estranho modo de pensar tem até um dos lances mais patéticos, creio, jamais produzidos por uma “sedizente” intelectual. Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura, em 2012, Dona Chaui participou de um evento em favor de uma candidata a vereadora do PT e produziu a seguinte pérola:
“Os candidatos Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB) representam duas vertentes da direita paulista igualmente prejudiciais à democracia, à inclusão e à cidadania”.
Ah, tá! Bem… Se eles prejudicavam a democracia, deveriam ser banidos, então, da política, né? Mas e Paulo Maluf, aquele que esta lá no alto trocando afagos com Lula e Haddad? O site petista que dava a notícia explicou o pensamento de Marilena. Leiam (em vermelho):
“Para Marilena, o ex-governador Paulo Maluf, cujo partido (PP) está aliado ao PT não eleições paulistanas, não se enquadra na tradição política representada por Russomanno, mas na do ‘grande administrador’, que ela identifica com Prestes Maia (prefeito de São Paulo de maio de 1938 a novembro de 1945) e Faria Lima (prefeito de 1965 a 1969).”
E Marilena mandou bala naquele encontro:
“Afinal, Maluf sempre se apresentou como um engenheiro”.
Entenderam? Se o capeta se juntar ao PT, Marilena começará a chamá-lo de anjo incompreendido…
O tempo na TV
Se Alckmin mantiver o apoio do DEM, do PSB, do SDD, do PPS e do PRB, terá 4min35 segundos na TV. Com 1min18s do PP, teria 5min53s. Antes do PP, Padilha contava com as adesões de PR, PDT, PCdoB e PROS, o que somava 5min3s. Acontece que o PP mudou de lado, e Padilha tem agora 6min21s. Entenderam? A segunda começou, e o tucano tinha 50 segundos a mais do que o petista. O dia terminou, e o petista tem 1min46s a mais do que o tucano.
Eis aí o peso da máquina federal. Padilha, com um latifúndio na TV, tem hoje apenas 4% das intenções de voto, segundo a pesquisa Datafolha. Com 43%, Alckmin tem menos tempo.
Fiquem atentos
Há dois outros candidatos. Paulo Skaf (PMDB), garoto-propaganda eleitoral da Fiesp, tem 2min28s. Não está coligado a ninguém. Gilberto Kassab tem 1min53s. Há quem aposte que o ex-prefeito, que sabe não ter chances para o governo, possa se juntar ao peemedebista, disputando o Senado. A união daria a Skaf 4min21s — quase o mesmo tempo do candidato tucano.
A vida de Alckmin não será fácil. Ele será o alvo dos demais candidatos, sejam dois ou três. E sabe que todos eles estarão unidos num eventual segundo turno. Se depender dos “marineieros” — que, em São Paulo, objetivamente, fazem o jogo do PT —, Alckmin não terá também os 58 segundos do PSB.
É uma gente que não brinca em serviço.
03/12/2013
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