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segunda-feira, 18 de março de 2013

O novo Ministério zomba do Brasileiro





GUILHERME FIUZA
REVISTA ÉPOCA


Está confirmado: o julgamento do mensalão não teve a menor importância para o Brasil.

Não se sabe ainda quando os condenados serão presos, se forem.

Mas isso também não importa.

Importa é que o esquema deu certo.

O grupo político que organizou o maior assalto da história aos cofres públicos - ninguém jamais ousara criar um duto permanente entre o dinheiro do Estado e um partido político - vai muito bem, obrigado.

Aprovado em duas eleições presidenciais, parte para a terceira como favorito.

E os últimos atos da presidente da República mostram sua desinibição para reger o esquema parasitário.


Dilma Rousseff anunciou uma reforma ministerial. Assunto delicado. Como se sabe, a presidente passou todo o seu primeiro ano de governo tentando segurar nos cargos o exército de ministros podres que nomeou. Em muitos casos, não foi possível.

A avalanche de denúncias publicada pela imprensa burguesa, que não deixa o governo popular sugar o país em paz, foi irresistível.

Mas a opinião pública brasileira é tão lunática que esse vexame - ter de cortar cabeças em série, todas recém-nomeadas - passou ao senso comum como a "faxina ética" da presidente.

O Brasil gosta é de novela - e resolveu acreditar nesse enredo tosco da mãe coragem que toma conta da casa.


Dilma, Lula e sua turma exultaram com o cheque em branco que receberam da nação. Ao longo de dez anos no poder, o tráfico de influência para edificar a República do fisiologismo foi flagrado em todo o Estado-maior petista: de Valdomiro a Dirceu, de Erenice a Rosemary, de Palocci a Pimentel, dos aloprados aos mensaleiros, dos transportes ao turismo, da agricultura ao trabalho.

A tecnologia da sucção do Estado pelos revolucionários progressistas foi esfregada diversas vezes na cara do eleitorado, que continuou aprovando sorridente o truque.

E por isso que agora, nos conchavos para a tal reforma ministerial, Dilma não faz a menor cerimônia para chamar os fantasmas para dançar.


Entre os principais interlocutores da presidente para decidir quem abocanhará o quê, estão figuras inesquecíveis como o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi.

O sujeito que tentou ficar no cargo na marra, que disse que só saía debaixo de tiro, após uma floresta de irregularidades apontadas na sua gestão — incluindo passeio em avião de dono de ONG beneficiada por seu ministério está aí de novo, dando as cartas no primeiro escalão à luz do dia.

O brasileiro é mesmo um generoso.


Quem mais apareceu decidindo com Dilma o futuro de seu ministério? Alfredo Nascimento, o ex-ministro dos Transportes demitido na "faxina", falando grosso de novo para resolver quem ficará com uma das pastas mais endinheiradas do governo.

E atenção: esses encontros não são secretos. Faxineira e faxinados mostram para quem quiser ver que continuam jogando no mesmo time, sem arranhar o mito da gerentona ética. Magia pura.


Nessa conversa houve um desentendimento inicial. Dilma queria que assumisse o Ministério dos Transportes o senador Blairo Maggi, citado por réus do escândalo Cachoeira-Delta.

Se o Brasil não lembra de nada, por ela tudo bem. Quem vetou foi o próprio Nascimento. A escolha de Dilma não passou no filtro do ministro demitido por ela. Isso é que é faxina bem feita.


Já que o Brasil não liga para essas coisas, nem para a gastança pública que fermenta a inflação, Dilma achou que era hora de criar mais um ministério.

Contando ninguém acredita. Vem aí a pasta da Micro e Pequena Empresa, para acomodar mais um companheiro e premiar o partido criado por Gilberto Kassab para aderir à indústria política do oprimido.


Evidentemente, os brasileiros não se importarão que o novo ministério, com dezenas de novos cargos custando mais alguns milhões de reais ao Tesouro, tenha funções já cobertas pelo Ministério do Desenvolvimento.

Faz sentido.

O ministro do Desenvolvimento é Fernando Pimentel, amigo de Dilma que faturou R$ 2 milhões com consultorias invisíveis e permaneceu no cargo agarrado à saia da madrinha.

Para ter um ministro café com leite, que precisa ficar escondido, melhor mesmo criar um ministério novinho em folha para fazer o que ele não faz.


Eis o triunfo da doutrina do mensalão: para cada Dirceu preso, sempre haverá uma Dilma livre, leve e solta.

18. março. 2013


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