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sábado, 23 de março de 2013

Empreiteiras pagaram quase metade das viagens de Lula ao exterior



Quase metade das viagens internacionais feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi bancada por grandes empreiteiras com interesses nos países que ele visitou.

Todos eles ficam na América Latina e na África, de acordo com documentos oficiais obtidos pela Folha.

FERNANDO MELLO
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

As duas regiões foram prioridades da política externa do petista em seus dois mandatos.A assessoria do ex-presidente diz que ele trabalha para promover "interesses da nação" e não das empresas que bancam suas atividades.

Mas políticos e empresários familiarizados com as andanças de Lula disseram à Folha que ele ajudou a alavancar interesses de gigantes como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht nesses lugares. Um telegrama diplomático de novembro do ano passado, enviado ao Itamaraty pela embaixada do Brasil em Moçambique após uma visita de Lula, diz que ele ajudou empresas brasileiras a vencer resistências locais ao "associar seu prestígio" a elas.

Desde 2011, Lula visitou 30 países, dos quais 20 ficam na África e América Latina. As empreiteiras pagaram 13 dessas viagens. Na última terça-feira, Lula iniciou novo giro africano, começando pela Nigéria, e patrocinado por Odebrecht, OAS e Camargo.

O Instituto Lula não informa os valores que recebe das empresas. Estimativas do mercado sugerem que uma palestra no exterior pode render a Lula R$ 300 mil, sem contar gastos com hospedagem, comida e transporte. Os nomes dos financiadores das viagens de Lula aparecem nos telegramas diplomáticos obtidos pela Folha.

As empresas negam ter pago as viagens de Lula para que ele defendesse seus interesses. Dois procuradores da República, um delegado federal, um juiz e dois advogados disseram à Folha que não há, a princípio, irregularidades nas viagens por não haver lei sobre a atuação de ex-presidentes.

Em novembro de 2012, Lula viajou para quatro países (África do Sul, Moçambique, Etiópia e Índia). Segundo nota divulgada pelo Instituto Lula na ocasião, o objetivo era a "cooperação em políticas públicas e ampliação das relações internacionais", mas o telegrama da embaixada brasileira deixa claro que o assunto da viagem era outro.

As duas primeiras paradas foram pagas pela Camargo Corrêa. Em Moçambique, a empresa participou das obras de uma mina de carvão explorada pela Vale, que meses antes fora alvo de protestos de centenas de famílias removidas pelo empreendimento.

Segundo o telegrama da embaixada brasileira que relatou ao Itamaraty a visita de Lula, o ex-presidente contribuiu para reduzir resistências que as empresas brasileiras enfrentam em Moçambique.


"Ao associar seu prestígio às empresas que aqui operam, o ex-presidente Lula desenvolveu, aos olhos moçambicanos, compromisso com os resultados da atividade empresarial brasileira", escreveu a embaixadora Lígia Scherer.
Em agosto de 2011, Lula começou um tour latino-americano pela Bolívia, onde chegou "com sua comitiva em avião privado da OAS", como anotou o embaixador Marcel Biato em telegrama.

O primeiro compromisso foi um encontro com o presidente Evo Morales. Na época, protestos impediam a OAS de tocar uma rodovia de US$ 415 milhões. Foi um dos temas da conversa, dizem empresários da Bolívia que pedem sigilo. La Paz cancelou o contrato, mas deu US$ 9,8 milhões como compensação à OAS.

Da Bolívia, ainda bancado pela OAS, Lula viajou para a Costa Rica, onde a empresa disputava uma obra de US$ 57 milhões. A OAS foi preterida após a imprensa local questionar o papel de Lula.

Após nove meses, a OAS ganhou a concessão da rodovia mais importante do país (negócio de US$ 500 milhões). (Folha de São Paulo)
22/03/2013

1 comentários:

Anônimo disse...

Os petralhas re-inventaram a “Corrupção (mal)disfarçada como Ato Legal”.
Anos atrás, soube, por meio da imprensa, de pessoas que atuavam de forma pretensamente legal, porém sem ética, a fim de praticarem a corrupção sem serem processadas.
Ou seja, uma pessoa, detentora de cargo público, favorecia uma determinada Empresa. Em seguida, esta pessoa comprava um carro velho (um fusca 63, por exemplo) por mil reais (a preço de hoje). Mais tarde, um “laranja”, a mando da Empresa, recomprava este fusca por cinquenta mil reais, alegando que seria um “carro para colecionador”. Ou seja, tudo dentro da legalidade. Assim, esta pessoa recebia a sua propina e não podia ser processada, pois não havia nenhum vínculo entre a quantia recebida e o serviço prestado pela Empresa.
Hoje, vejo que essa corrupção (mal)disfarçada como ato legal está ocorrendo de outra forma, e ninguém está percebendo.
O ex-presidente Lulla está revendendo vários “fuscas 63” (suas conferências, as quais, pelo conteúdo e pela baixa qualidade, podem mesmo ser comparadas a fuscas velhos caindo aos pedaços) a preço de ouro para empresas nacionais e estrangeiras favorecidas por ele durante seu governo e na atualidade. Outra forma é receber o título de “Doutor Honoris Causa”, acrescido de uma quantia de dinheiro, de Universidades, também nacionais e estrangeiras, que foram ou ainda serão favorecidas por ele em seu governo, ou cujos governos pretendem vender aviões ao Brasil, tal como a França.
Isto é anti-ético, é CORRUPÇÃO, é enganar o povo…