Partido só esperava a definição nos pleitos municipais para lançar
manifesto em que defende mensaleiros condenados e acusa ministros de
politizar julgamento
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante sessão do julgamento do mensalão, em 25/10/2012
Pedro Ladeira/AFP
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Terminada a campanha do segundo turno das eleições municipais, o PT organiza um manifesto com ataques ao Supremo Tribunal Federal. Nesta quinta-feira, o partido vai divulgar um documento em que endurece sua artilharia verbal contra os ministros da corte - e os acusa de abandonarem a cultura do direito penal, que garante as liberdades individuais.
O motivo, é claro, são as condenações de petistas estrelados pelo Supremo, por envolvimento no maior escândalo de corrupção da República, o mensalão. Para o PT, o julgamento que condenou 25 réus no processo foi politizado pela corte.
Como de praxe no partido, sobraram acusações para a imprensa: o manifesto afirma, ainda, que os ministros do STF julgaram os mensaleiros "sob pressão da mídia".
Vale lembrar que foram justamente os petistas, liderados por Lula, que tentaram controlar os rumos do julgamento no Supremo.
A estratégia incluiu, até mesmo, uma clara chantagem ao ministro Gilmar Mendes, que denunciou a ação de Lula.
A mais alta corte do país, contudo, resistiu às pressões, numa clara demonstração de que instituições republicanas não se curvam às vontades imperiais de políticos recordistas de popularidade.
O PT só esperava o fim das eleições para sair em defesa dos réus do partido. O STF condenou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares por corrupção ativa e formação de quadrilha, mas ainda não fixou as penas.
Além deles, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, foi condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro e teve de desistir da candidatura a prefeito de Osasco.
"A minha expectativa é que eles não sejam condenados a penas privativas de liberdade", afirmou nesta segunda-feira o deputado Rui Falcão, presidente do PT.
"Todos eles têm serviços prestados ao país." Falcão negou que a nota a ser divulgada pelo PT contenha a defesa da regulação da mídia.
"Não vamos tomar esse debate como revanche", afirmou ele. "Isso seria tolice". Não é, contudo, o que afirmam outros petistas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo há duas semanas, o secretário de Comunicação do Partido, deputado André Vargas, afirmou que o debate sobre a regulação do setor de comunicação no país – termo utilizado pelos petistas para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa brasileira – seria retomado após o segundo turno dos pleitos municipais.
Embora o estatuto do partido determine a expulsão de filiados condenados pela Justiça, o PT vai descumprir sua própria regra interna e não aplicará a norma no caso dos réus do mensalão.
Dirigentes do partido alegam que Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo são "prisioneiros políticos" de um "tribunal de exceção".
(Com Estadão Conteúdo)
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