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terça-feira, 17 de abril de 2012

Empresa de fachada do grupo de Cachoeira comprou terras no DF


Alberto & Pantoja Construções utilizou parte dos recursos para comprar fazenda em Brasília
No endereço onde funcionaria a Brava Construções e a Alberto & Pantoja Construções, na verdade, funciona há dois anos uma oficina de lanternagem
O Globo / Sergio Marques


RIO - Financiada principalmente por repasses feitos pela Delta Construções que somam R$ 39 milhões, uma das três empresas de fachada controladas pelo grupo liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, a Alberto & Pantoja Construções, utilizou parte dos recursos para comprar uma fazenda de 4.093 hectares em Brasília. A fazenda Gama custou R$ 2 milhões e estava em situação irregular. O negócio, em dezembro de 2010, chamou a atenção porque, segundo a Polícia Federal, “tratava-se de contrato de risco, uma vez que não existia registro da área nos cartórios do Distrito Federal e a propriedade da área também era questionada pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap)”.


A Alberto & Pantoja Construções e a Brava, outra empresa do grupo de Cachoeira citada no inquérito, têm o mesmo endereço em Brasília - onde funciona uma oficina mecânica. No relatório da Operação Monte Carlo, a PF diz que a Fazenda Gama foi paga pela empresa Alberto & Pantoja, que recebeu milhões da Delta entre 2010 e 2011.

A Pantoja era controlada por Geovani Pereira da Silva, identificado como tesoureiro de Cachoeira. Com base nas intercepções telefônicas e na quebra de sigilo fiscal, a PF descobriu que Geovani fez diversos repasses para servidores públicos e empresários.

Três empresas, ligadas a um único empresário, receberam R$ 483 mil como parte do pagamento na venda da Fazenda Gama. Cachoeira incluiu ainda um avião Cessna como parte da transação.


Como O GLOBO mostrou domingo, o relatório da PF afirma que Geovani Pereira fez 113 saques em dinheiro, totalizando R$ 11 milhões. O dinheiro saiu das contas das empresas ligadas a Cachoeira entre 13 de agosto de 2010 e 18 de abril de 2011, e da própria conta pessoal de Geovani.

Nesta segunda-feira, o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, atendeu a pedido dos advogados de Cachoeira para transferi-lo do presídio de Mossoró (RN) para Brasília. Segundo a advogada do bicheiro, Dora Cavalcanti, a transferência deve ser nesta terça ou quarta-feira. Ele está preso desde 28 de fevereiro.

Pressão para legalizar a terra

A aquisição da Fazenda Gama foi feita por Cachoeira, Claudio Abreu - diretor da Delta na época - e Rossini Aires Guimarães. Após a aquisição, a PF identificou, em intercepções telefônicas, um esquema para registrar a fazenda no Incra, no Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e na Terracap, do Distrito Federal. O ex-funcionário da Terracap Rodrigo Mello conversou diversas vezes com Gleyb Ferreira, um dos integrantes do grupo de Cachoeira. Pelas investigações, a PF concluiu que Gleyb repassou R$ 25 mil a um servidor que teria ajudado na regularização da fazenda. Ao “Correio Braziliense”, Rodrigo negou ter recebido dinheiro de Gleyb.

Em outra gravação, Cachoeira reclama com Gleyb da demora do Ibram. Segundo a PF, não foi possível identificar o servidor, mas há citação do pagamento de R$ 40 mil. Com a demora dos documentos, Cachoeira cobra:

— Qual que é o prazo agora que eles (Ibram) pediram? — diz Cachoeira.

— Agora vai lá pra dentro, né ? Ele deve dar uma andada o mais rápido possível pra subir os trem (sic) aqui. Se lembra aquele dia, demorou quatro dias pra subir porque não tinha pasta dentro do órgão pra subir a documentação — responde Gleyb.

— Pois é, mas nós não estamos pagando o cara lá com esse trem, uai? O que, que demora é essa? — devolve Cachoeira.

— Tamo (sic) pagando para aprovação, o andar, o tramitar, é todo mundo lá, né? — retruca Gleyb.

Depois das revelações da Operação Monte Carlo, a Delta informou que o ex-diretor Claudio Abreu foi afastado. A Delta não respondeu sobre a compra da Fazenda Gama.
 

16/04/12



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